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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Unir a Juventude Brasileira: “Se o presente é de luta, o futuro nos pertence”!


por Jornada 


Ampliar imagem As entidades estudantis, as juventudes do movimento social, dos trabalhadores/as, da         cidade, do campo, as feministas, as juventudes políticas, as juventudes religiosas, jovens dos coletivos de cultura, das redes e das diversas ruas estão reunidos movidos por um ideal: mudar o Brasil e conquistar mais direitos para juventude.

É preciso denunciar que em todo o Brasil a juventude negra é chacinada nas periferias e o que lhe é oferecida é mais violência por parte do estado que a abandona, mas não apenas a ela. O campo que alimenta a cidade segue órfão dos investimentos públicos que poderiam atrair a juventude, que de lá é expulsa pela concentração de terras, e encontra na cidade a poluição, a precarização no trabalho, a ausência do direito de organização sindical, os mais baixos salários e o desemprego.

O significado das cinzas

Algumas igrejas cristãs, em especial a ICAR e a IEAB mantêm o rito que marcar a fronte dos/as fiéis com cinza no primeiro dia da quaresma. Qual o significado desse rito?  E qual é sua fundamentação bíblica?
O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e se cobre de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes, 485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império. (Est 4,1). Jó (cuja história foi escrita entre os anos VII e V antes de Cristo) mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Daniel (cerca de 550 antes de Cristo) ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia, escreveu: "Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando e me impondo o cilício e a cinza" (Dn 9,3). No século V antes de Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um jejum a todos e se vestiram de saco, inclusive o Rei, que além de tudo levantou-se de seu trono e sentou sobre cinzas (Jn 3,5-6). Estes exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática estabelecida de utilizar-se cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento.

A Quaresma e a tristeza divina - Rubem Alves



"Porque a tristeza de Deus produz mudança... mas a tristeza do mundo produz morte." II Co 7:10


As quaresmeiras aí estão. Flores de fevereiro e março, anunciando que nem só de cores brancas e verdes vive a alma humana, mas também de lilases e roxas. Nem só de alegrias, mas também de tristezas. A propósito, não é tarefa das mais fáceis empreender um "dedo de prosa", mínimo que seja, sobre o tema da tristeza. Houve tempos em que a tristeza era prima irmã da poesia, da musica, da vida. Pode-se dizer, com o testemunho de um bom numero de musicas que ainda hoje cantamos, que a tristeza sempre foi a matéria primado fazer poético. Quem nunca cantou: "Tristeza, por favor vai embora, minha alma que chora, está vendo o seu fim....". Ou ainda: "Cantando eu mando a tristeza embora..." Mais: "Triste madrugada foi aquela em que perdi meu violão..."

Essas músicas testemunham um tempo em que a experiência da alegria e da beleza só eram possíveis a partir do reconhecimento de uma certa tristeza nas pautas musicais da existência. Os tempos hoje são outros. Num projeto de vida em que as pessoas são tidas como máquinas, qualquer sombra de melancolia, de tristeza, de dor, deve ser abolida. Por uma simples razão: máquina não sente dor! Aos saudosos e melancólicos do presente, resta-lhes apenas o afogar-se nos remédios. É assim que lidamos com nossas tristezas: afogando-nos nos compridos.
O trecho da tradição bíblica que está em epígrafe acima faz referência à tristeza segundo Deus. Dorothee Sölle assim o interpretou: A presença divina nunca é presença observadora: a presença divina é sempre dor ou alegria de Deus. Mas, o que distingue a tristeza divina das tristezas do mundo? pergunta o apóstolo dos gentios. Tristeza do mundo é tristeza que gira em torno de si mesma, patina sem sair do lugar. É tristeza que paralisa no remorso, na lástima, no mórbido ruminar as faltas passadas, na lamuria sem fim. Nada se transforma, nada se metamorfoseia, nada muda. É tristeza que não conhece a esperança, o futuro, por estar afogada no passado. É Tristeza que mata, que corrói, que faz adoecer.

Transfiguração: celebração antecipada da vitória sobre a cruz - Ildo Bohn Gass


Ampliar imagemSegundo os evangelistas, a cena da transfiguração está em meio aos anúncios da paixão. A intenção é mostrar como a cruz faz parte da vida de quem assume o projeto do Pai até as últimas consequências. A fidelidade a Deus e ao resgate da vida dos pobres contraria interesses religiosos, econômicos e políticos. Nesse sentido, a perseguição pelos poderes que governam este mundo é inevitável na vida de quem assume a causa do Reino e de sua justiça.
Este relato é uma leitura pós-pascal e pretende narrar antecipadamente a vitória de Jesus sobre a morte na cruz, apresentando-o como o messias glorioso. É o que indicam seu rosto transfigurado e suas vestes resplandecentes de brancura (Lc 9,29). A ressurreição, a vitória sobre os poderosos, é a vida em toda a sua plenitude que vence os poderes de morte deste mundo.
Lucas é o único evangelista a informar que Jesus subiu o monte com o propósito de orar (Lc 9,28), buscando estar em sintonia constante com o Pai, de modo que o Espírito dele fosse a força a conduzir a sua missão (Lc 4,14-19).

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Boff: Como se formou o poder monárquico-absolutista dos papas


Escrevíamos anteriormente neste espaço que a crise da Igreja-instituicão-hierarquia se radica na absoluta concentração de poder na pessoa do Papa, poder exercido de forma absolutista e distanciado de qualquer participação dos cristãos, criando obstáculos praticamente intransponíveis para o diálogo ecumênico com as outras Igrejas.

Não foi assim no começo. A Igreja era uma comunidade fraternal. Não havia ainda a figura do Papa. Quem comandava na Igreja era o Imperador pois ele era o Sumo Pontífice (Pontifex Maximus) e não o bispo de Roma ou de Constantinopla, as duas capitais do Império. Assim o imperador Constantino convocou o primeiro concílio ecumênico de Nicéia (325) para decidir a questão da divindade de Cristo. Ainda no século VI o imperador Justiniano que refez a união das duas partes do Império, a do Ocidente e a do Oriente, reclamou para si o primado de direito e não o do bispo de Roma. No entanto, pelo fato de em Roma estarem as sepulturas de Pedro e de Paulo, a Igreja romana gozava de especial prestígio, bem como o seu bispo que diante dos outros tinha a "presidência no amor" e o "exercia o serviço de Pedro" o de "confirmar na fé" e não a supremacia de Pedro no mando.

Não desviar Jesus (Lc 4,1-13) - José Pagola

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As primeiras gerações cristãs mostraram grande interesse pelas provações e tensões que teve que superar Jesus para manter-se fiel a Deus a viver sempre colaborando no sem projeto de uma vida mais humana e digna para todos.

O relato das tentações de Jesus não é um episódio fechado, que acontece num momento e num lugar determinado. Lucas nos adverte que, ao terminar estas tentações "o diabo afastou-se dele até o tempo oportuno".  As tentações voltarão na vida de Jesus e na de seus seguidores.
Por isso, os evangelistas colocam o relato antes de narrar a atividade profética de Jesus. Os seguidores dele devem conhecer bem estas tentações desde o começo, pois são as mesmas que eles terão que superar ao longo dos séculos, se não querem se desviar dele.
Na primeira tentação fala-se de pão. Jesus recusa-se a se valer de Deus para saciar sua própria fome. "não só de pão vive o homem". O mais importante para Jesus é buscar o reino de Deus e sua justiça: que haja pão para todos. Por isso vai um dia se valer de Deus, mas será para alimentar uma multidão faminta.
Também hoje a nossa tentação é pensar só no nosso pão e preocupar-nos exclusivamente de nossa crise. Desviamo-nos de Jesus quando acreditamos ter o direito de possuí-lo e nos esquecemos do drama, os medos e sofrimentos daqueles que carecem de quase tudo.
Na segunda tentação fala-se do poder e da glória. Jesus renuncia a tudo isso. Não vai se prostrar diante do diabo que lhe oferece o domínio sobre todos os reinos do mundo: "Adorarás o Senhor teu Deus". Jesus não buscará nunca ser servido, mas servir.

RETIRO DIOCESANO DE JOVENS!




Nos dias 09 á 11 de fevereiro de 2013, os jovens da Diocese de Curitiba estiveram reunidos, em retiro de carnaval, na cidade de Cascavel, com o Tema
JOVEM MOSTRA TUA CARA!Sub-temas: Como vencer os medos; Jeito Anglicano; Bíblia e Juventude. Os momentos foram acontecendo, com muito dinamismo e animação. Os coordenadores e assessores do encontro desenvolveram os trabalhos com o grupo de forma compartilhada.


















quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


Preparação para Quaresma, Semana Santa e Páscoa 2013

A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) iniciou nessa semana a Quadra da Quaresma. Em muitas de nossas Dioceses realizaram no dia 13 de fevereiro (Quarta-Feira de Cinzas), o Ofício de Imposição de Cinzas.
Nesse sentido, as comunidades de episcopais (Catedrais, Paróquias, Missões e Pontos Missionários) espalhadas pelo país estão buscando o verdadeiro sentido da Páscoa e o papel da Igreja na Sociedade e na Vida do Povo. As comunidades estão abertas para acolher a todas as pessoas que  buscam vivenciar espiritualmente esse importante período do Calendário Cristão (Veja onde encontrar uma Igreja Episcopal). Todos e todas são convidados (as) observar esse tempo litúrgico.
Desejamos apresentar dois recursos disponíveis para esse período e estimular o uso durante esse período:
1- A Diocese Anglicana de Brasília lançou um recurso um devocional litúrgico para ser usado durante a Quaresma de 2013.
2- Igualmente lembramos que a Comissão Nacional de Liturgia publicou todos os recursos litúrgicos para o período.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Os pobres na obra de Lucas (Lc e At). E em nós? Fr. Gilvander Luís Moreira




Os pobres, hoje, incomodam muitos, comovem outros. Muitos se tornam indiferentes diante da dor e dos clamores dos pobres. Uns pensam que basta fazer filantropia. Outros se comprometem com a causa dos pobres e por eles doam a vida. Como o evangelho de Lucas e o livro de Atos dos Apóstolos encaram os pobres?
No evangelho de Lucas (Lc) os pobres não são espiritualizados, como o evangelho de Mateus pode sugerir à primeira vista, mas têm conotações concretas. São carentes economicamente, marginalizados e excluídos socialmente. Não têm relevância na sociedade. Os Atos dos Apóstolos (At), 2º volume da obra lucana, aprofundam mais essa radicalidade. O apóstolo Pedro, por exemplo, declara-se em absoluta pobreza, não tendo nem prata e nem ouro, mas somente a Palavra que revigora e reanima os cansados (At 3,6).[1]
O contraste entre ricos e pobres transcende as dimensões socioeconômicas. A categoria pobre compreende presos, cegos, oprimidos (Lc 4,18), famintos, desolados, aborrecidos, difamados, perseguidos, marginalizados (Lc 6,20-22), coxos, leprosos, surdos e até mortos (Lc 7,22). Para a ideologia hegemônica, que é sempre a da classe dominante, pobres são a escória, os dejetos e a imundície da sociedade. São usados e não amados. A riqueza é, quase sempre, uma armadilha mortal para a pessoa humana, pois, muitas vezes, envolve a pessoa em um processo de desumanização, ao prometer estabilidade, reforçar a auto-suficiência e causar muitas injustiças.
No evangelho de Lucas, as bem-aventuranças têm uma orientação social (Lc 6,20-23). Dirigem-se aos discípulos como os verdadeiramente pobres, famintos, aflitos, injustiçados e excluídos do mundo onde há organização para uma minoria e caos para a maioria. Lucas não tende a espiritualizar a condição dos seus discípulos, como à primeira vista faz Mateus nas bem-aventuranças (Mt 5,1-12). As prescrições que Mateus acrescenta — pobres em espírito, fome e sede de justiça— respeitam a condição de diversos membros da comunidade mista a quem a narração evangélica é dirigida. Em Lucas a pobreza, a fome, a aflição, o ódio e o exílio caracterizam a situação concreta e existencial dos discípulos e das discípulas de Jesus Cristo, que é quem Jesus declara feliz.
No evangelho segundo Lucas aparece nitidamente uma opção pelos pobres, contra a pobreza. Os ricos não são excluídos a priori, mas são convidados a abandonar a idolatria do capital e do poder e a tornarem-se pobres. O servo sofredor padre Alfredinho dizia: “O mundo vai virar um paraíso no dia em que os ricos desejarem passar fome”. Lucas é duro contra os ricos e a riqueza (Lc 6,24).
“Cuidem dos enfraquecidos!” (At 20,35). Eis um apelo forte do apóstolo Paulo no seu testamento espiritual, escrito por Lucas, que conservava na mente e no coração a imagem de Paulo como alguém que dava atenção especial aos empobrecidos. É provável que nas comunidades de Lucas, no fim do século I, um desejo grande de fidelidade ao passado estivesse gerando esquecimento dos empobrecidos e excluídos. Estes nem sempre podem respeitar as regras da comunidade. Para Paulo, o sinal por excelência da autenticidade do ministério era o amor desinteressado e gratuito aos pobres.[2] Essa opção aparece de modo muito eloqüente quando Paulo diz às comunidades de Antioquia que a única coisa que a Assembleia de Jerusalém fez questão de alertar foi: “Nós só deveríamos nos lembrar dos pobres...” (Gálatas 2,10). No discurso aos presbíteros, em At 20,17-35, Lucas alerta para o cuidado com os pobres, porque provavelmente os presbíteros estavam preocupando-se menos com aqueles e agindo mais como “os falsos pastores que apascentam a si mesmos e devoram as ovelhas” (Ezequiel 34,8-10). Estariam eles gastando mais energias com os ritos do que com a promoção humana dos excluídos e com a luta por justiça?
A teologia lucana propõe uma mística evangélica que seja uma Boa Notícia para os pobres, isto é, para cegos, surdos, mudos, presos, alienados, doentes e pecadores; enfim, para marginalizados e excluídos. Lucas é muito realista, porque percebe que a Boa Notícia para os pobres é, normalmente, péssima notícia para os opressores e violentadores dos pobres. Lucas defende não toda e qualquer notícia, mas apenas aquela que traz qualidade de vida para todos e para tudo, a partir dos oprimidos.
Jesus de Nazaré, segundo Lucas, encontra-se com os pobres e com eles se compromete. Sua vida, que conhecemos também por suas posturas e ensinamentos, caracteriza-se por encontros com pessoas do seu círculo de amizade e com pessoas do mundo dos excluídos. Jesus foi sempre um inconformado com as injustiças e com os sistemas injustos, um sonhador que cultivava a utopia bonita do Reino de Deus no nosso meio. Jesus tinha os pés no chão, mas o coração nos céus. Era um profeta, alguém sensível, capaz de captar os sussurros e os apelos de Deus por meio das entranhas dos fatos históricos. O Galileu foi uma testemunha, um mártir, que não apenas disse verdades, mas doou a vida pelas verdades que defendia.
Jesus e seu movimento, em uma postura altamente irreverente, deixam-se envolver, apaixonar-se, compadecer-se pelo povo sofrido e revelam um grande esforço de transformação. Desmistificam o que é mistificado pelo senso comum. Des-idolatram deuses e ídolos que concorrem em uma imensa gritaria tentando seduzir as pessoas para projetos escravizadores. Des-sacralizam o poder, desmascarando o poder religioso, o político e o econômico que, endeusados, promovem grandes atrocidades. Des-dualizam a forma de encarar a realidade — com Jesus, “o véu do templo se rasga” (Lc 23,45) e “ninguém deve chamar de impuro aquilo que Deus criou” (At 10,15). Não há mais separação entre puro e impuro, entre santo e pecador, entre transcendência e imanência, entre dentro e fora, entre sagrado e profano, entre céu e terra, entre humano e animal etc. Tudo e todos são banhados pela dimensão divina e transcendente da vida. Em cada um(a) de nós estão o feminino e o masculino, o bem e o mal, o sagrado e o profano.
Enfim, oxalá esta rápida retrospectiva sobre a relação de Jesus e seus discípulos/as com os pobres nos inspirem na construção de uma sociedade para além do capitalismo e para além do capital.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 de fevereiro de 2013.



[1]   Cf. também At 4,32.34-35; 2,44-45; 4,37.
[2]   Cf. Gl 4,17; 2Cor 11,8-9; 12,13; Cf. também escritos posteriores, como: 2Tm 3,2.6-9; Tt 1,11; 2Pd 2,3; Didaqué 11,5-6.9.12.

A força do Evangelho - José Pagola




O episódio de uma pesca surpreendente e inesperada no lago da Galileia foi redactada pelo evangelista Lucas para infundir alento à Igreja quando verifica que todos os Seus esforços para comunicar a Sua mensagem fracassam. O que se nos diz é muito claro: temos de colocar a nossa esperança na força e no atrativo do Evangelho.
O relato começa com uma cena insólita. Jesus está de pé na margem do lago, e "as pessoas vão-se aglomerando à Sua volta para ouvir a Palavra de Deus". Não vêm atraídos pela curiosidade. Não se aproximam para ver prodígios. Só querem escutar de Jesus a Palavra de Deus.
Não é sábado. Não estão congregados na sinagoga próxima, de Cafarnaum para ouvir as leituras que se leem ao povo ao longo do ano. Não subiram a Jerusalém para escutar os sacerdotes do Templo. O que os atrai tanto é o Evangelho do Profeta Jesus, rejeitado pelos habitantes de Nazaré.
Também a cena da pesca é insólita. Quando de noite, no momento mais favorável para pescar, Pedro e os seus companheiros trabalham por sua conta, não obtêm resultado algum. Quando, já é de dia, atiram as redes confiando apenas na Palavra de Jesus que orienta o seu trabalho, produz-se uma pesca abundante, contra todas as suas expectativas.
No ruido de fundo dos dados que tornam cada vez mais patente a crise do cristianismo entre nós, há um fato inegável: a Igreja está a perder de modo imparável o poder de atração e a credibilidade que tinham até recentemente.
Os cristãos, temos vindo a verificar que a nossa capacidade para transmitir a fé às novas gerações é cada vez menor. Não faltaram esforços e iniciativas. Mas, ao que parece, não se trata só nem primordialmente de inventar novas estratégias.
Chegou o momento de recordar que no Evangelho de Jesus há uma força de atração que não há em nós. Esta é a pregunta mais decisiva: Continuamos a "fazer coisas" a partir de uma Igreja que vai perdendo atrativo e credibilidade, ou colocamos todas as nossas energias em recuperar o Evangelho como a única força capaz de engendrar fé nos homens e mulheres de hoje?
Não temos de colocar o Evangelho no primeiro plano de tudo? O mais importante nestes momentos críticos não são as doutrinas elaboradas ao longo dos séculos, mas a vida e a pessoa de Jesus. O decisivo não é que as pessoas venham a tomar parte nas nossas coisas mas que possam entrar em contato com Ele. A fé cristã só se desperta quando as pessoas descobrem o fogo de Jesus.
José Antonio Pagola

O chamado dos primeiros discípulos (Lc 5,1-11) - Carlos Mesters e Mercedes Lopes



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Neste texto, Lucas conta como Pedro foi chamado por Jesus e como ele entrou na caminhada. Primeiro, escutou as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente que veio o chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou "pescador de gente". 

SITUANDO
No capítulo 4, Jesus iniciou sua missão e, até agora, era só ele que anunciava a Boa Nova do Reino. Agora, neste terceiro bloco, outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão junto com Jesus. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa Nova para o povo. Assim, pela força do Espírito, o Novo vai abrindo caminho e a transformação vai acontecendo.
O Evangelho de Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por toda a regi"ao (Lc 4,24). Jesus já havia curado muita gente e pregado nas sinagogas de todo o país. O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus. Lucas torna o chamado mais compreensível.

COMENTANDO
1. Lucas 5,1-3: Jesus ensina a partir da barca
O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor, que ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e, de lã, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de ele ensinar não só na sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tenha gente que queria escutá-lo, até mesmo na praia.
2. Lucas 5,4-5: Pela tua palavra lançarei as redes!
Termina a instrução ao povo, Jesus se direge a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!" Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite! É o que estava acontecendo nas comunidades do tempo de Lucas, e acontece conosco, até hoje.
3. Lucas 5, 6-7: O resultado é surpreendente
A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam.
4. Lucas 5, 8-11: Sejam pescadores de gente!
A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber que ele é: Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador! Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério fascinante: mete medo e atrai, ao mesmo tempo. Jesus afasta o medo: "Não tenham medo!" e os chama; "Venham!" Ele os compromete na missão e manda que sejam pescadores de gente. Eles experimentam, bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ele é capaz de fazer acontecer o que diz. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, " deixaram tudo e seguiram a Jesus!".

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013



          vamos participar desse grande momento!


                              RETIRO DIOCESANO - EM CASCAVEL


                                 Retiro de Carnaval 2013






O profeta não é bem recebido em sua casa (Lc 4,21-30) - Edmilson Schinelo


Ampliar imagem Não é este o filho de José?






Isaías: O Espírito do Senhor me ungiu para anunciar a boa notícia aos pobres (Lucas 4,16-19).



Sentado, observado por todos com atenção, ele proclama: Hoje se cumpriu aos vossos olhos essa passagem da Escritura (Lucas 4,21). Suas palavras despertam admiração e respeito. Mas ao mesmo tempo, escândalo: Não é este o filho de José? (Lucas 4,22).
Qual a causa de tanto espanto? (Lc 4,22-24)
Jesus havia afirmado que o Espírito estava sobre ele. Logo sobre ele, uma pessoa simples ali da aldeia, o filho de José, que todo mundo conhecia! Ele não era sequer sacerdote do Templo! Com que ousadia afirmava ter recebido o Espírito? Por trás destas perguntas, ainda nos dias de hoje, está outra indagação: será mesmo verdade que a salvação vem dos pequeninos?

Passando pelo meio deles... Carlos Alberto Contieri

O versículo 21b (Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir) e os versículos 22-23, onde encontramos uma reação positiva dos ouvientes presentes na sinagoga de Nazaré ao comentário de Jesus sobre o trecho do livro do Profeta Isaías, poderiam nos levar a entender que os pobres, o cativos, os cegos, os oprimidos fossem os destinatários da mensagem, aos quais Jesus foi enviado. No entanto, nos versículos 22-27, Jesus exclui os Nazarenos de sua mensagem salvífica.
E a evocação dos fatos tirados do ciclo de Elias e Eliseu estabelece um paralelo entre Israel e Nazaré. Nazaré passa a ser o protótipo da rejeição de Jesus por Israel. Jesus é um profeta não somente porque ele sabe-se enviado, mas porque é rejeitado.
Eis o critério que permite verificar a autenticidade de sua vocação: "... nenhum profeta é aceita na sua própria terra" (v. 24). O profeta é  consciente das dificuldades na realização da missão, por isso é chamado a viver na confiança: "Farão guerra contra ti, mas não te vencerão, porque estou contigo para te defender, oráculo do Senhor" (Jr 1,19).
Não há nada nem ninguém que possa impedir o Senhor de continuar o seu caminho de realização da vontade do Pai: "Passando pelo meio deles, continuou o seu caminho" (v.30).

por www.paulinas.org

Pedro Casaldáliga: A morte não tira o fôlego


 A entrevista é de Jesús Bastante e publicada pelo sítio Religión Digital. A tradução é do Cepat.




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No começo de dezembro de 2012, o bispo Pedro Casaldálida teve que deixar São Félix do Araguaia, MT, por uma nova série de ameaças de morte. “Ele não queria que seu povo sentisse que estava fugindo”, conta Mari Pepa Raba que, assim como seu marido,José María Concepción, mora há muitos anos perto de Casaldáliga. Ambos, hoje, nos introduzem nesta história.

Felizmente, hoje, Pedro volta a estar em sua casa, em sua diocese e com sua gente, no “simples palácio episcopal” que nos descreve Mari Pepa: “Uma casa simples com janelas de madeira e telas contra mosquitos”.

Ambos nos falam da causa indígena pela qual, segundo reconhece José María, “o Governo brasileiro (também) tomou a decisão política clara”, e confessam que “a morte não tira o fôlego de Pedro Casaldáliga”.

                                                                       Conheça: Profetas da Bíblia: gente de fé e de luta 
Eis a entrevista.