Nossa primeira impressão diante deste texto é de certa indignação. Afinal, ao nos contar esta parábola (Lucas 16,1-8), Jesus elogia o comportamento de uma pessoa corrupta e desonesta. Nossa reação imediata é fugir da proposta da prática pedagógica de Jesus e procurar palavras e desvios que nos ajudem a superar o elogio ao corrupto e dar uma interpretação mais moralista às conclusões de Jesus. Sem dúvida a parábola nos incomoda. Mas temos que partir deste ponto: Jesus nos conta uma parábola e nesta parábola elogia a criatividade de alguém que faz qualquer coisa para não perder sua situação de viver e enriquecer sem precisar trabalhar. Algo que qualquer um de nós gostaria de fazer todo dia: como ganhar dinheiro sem fazer força? Jesus quer nos ensinar que deveríamos ter esta mesma criatividade e empenho para ganharmos o Reino de Deus!
Vamos começar buscando entender a proposta pedagógica de Jesus nesta parábola. Ele descreve uma situação muito comum na Palestina daquela época: as terras, que são de um proprietário que mora distante, foram confiadas a um capataz. Muitos proprietários confiavam a administração dos bens e a organização dos trabalhos agrícolas a um capataz. Este, evidentemente, desvia dinheiro do patrão em proveito próprio e submete os trabalhadores a duros encargos para garantir não apenas o lucro do patrão, mas também o dinheiro desviado por ele. Pelas inúmeras vezes que esta figura aparece nas parábolas de Jesus, vemos que naquela época os administradores, capatazes, intermediários e feitores eram muito odiados pelos trabalhadores diaristas. E não podia ser diferente. Afinal, infernizavam a vida dos trabalhadores e roubavam o dinheiro do patrão. Até hoje!