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terça-feira, 31 de julho de 2012

Jesus o pão da vida (Jo 6, 24-35)











JESUS É O PÃO DA VIDA
JOÃO 6, 24-35

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OLHAR DE PERTO AS COISAS DA NOSSA VIDA
Vamos meditar sobre o longo discurso do Pão da Vida. Depois da multiplicação dos pães, o povo foi atrás de Jesus. Tinha visto o milagre, comeu com fartura e queria mais! Não se proocupou em procurar o apelo de Deus que havia em tudo isso. Quando encontrou Jesus na sinagoga de Cafarnaum, teve com ele uma longa conversa, chamada Discurso do Pão do Vida. Por meio desse discurso, Jesus procura abrir os olhos do povo para ele descobrir o rumo certo que deve tomar na vida. Dá olhos novos para ler os fatos e ver melhor as necessidades. Pois não basta ir atrás de sinais milagrosos que multiplicam o pão para o corpo. Não só de pão vive o ser humano!

SITUANDO
Neste discurso do Pão da Vida (Jo 6,22-71), através de um conjunto de sete diálogos, o evangelista explica para os leitores e as leitoras o significado profundo da multiplicação dos pães como símbolo da Ceia Eucarística. É um diálogo bonito, mas exigente. O discurso fica chocado com as palavras de Jesus. Mas Jesus não cede nem muda as exigências. O discurso parece um funil. Na medida em que avança, é cada vez menos gente que sobra para ficar com Jesus. No fim só sobram os doze, e nem assim pode confiar em todos eles!
Quem lê o quarto Evangelho superficialmente pode ficar com a impressão de que João repete sempre a mesma coisa. Lendo com mais atenção, perceberá que não se trata de repetição. O quarto Evangelho tem um jeito próprio de repetir o mesmo assunto, mas é num nível cada vez mais alto ou mais profundo. Parece uma escada em caracol. Girando você volta ao mesmo lugar, mas num nível mais alto. Assim é o discurso sobre o Pão da Vida. É um texto que exige toda uma vida para meditá-lo e aprofundá-lo. Por isso, não se preocupe se não entender logo tudo. Um texto assim a gente deve ler, meditar, ler de novo, repetir, ruminar, como se faz com uma bala gostosa. Vai virando e virando na boca, até se gastar.

COMENTANDO
Jo 6, 22-27: 1º Diálogo - O povo procura Jesus porque quer mais pão
O povo viu o milagre, mas não o entendeu como um sinal de algo mais alto ou mais profundo. Parou na superfície: na fartura de comida. Buscou pão e vida, mas só para o corpo. Para o povo, Jesus fez o que Moisés tinha feito no passado: deu alimento farto para todos. Indo atrás de Jesus, queria que o passado se repetisse. Mas Jesus pede que o povo dê um passo. Além do trabalho pelo pão que perece, deve trabalhar também pelo alimento não perecível. Este novo alimento é que traz a vida que dura para sempre.
Jo 6, 28-33: 2º Diálogo - Jesus pede para o povo trabalhar pelo pão verdadeiro
O povo pergunta: "o que fazer para realizar este trabalho (obra) de Deus?" Jesus responde: "Acreditar naquele que Deus enviou!" Isto é, crer em Jesus! O povo reage: "Então, dê-nos um sinal para a gente saber que você é o enviado de Deus! Nossos pais comeram o maná que foi dado por Moisés!" Para eles, Moisés é o grande líder do passado, no qual acreditam. Se Jesus quer que o povo acredite nele, deve fazer um sinal maior que o de Moisés. Jesus responde que o pão dado por Moisés não era o pão verdadeiro, pois não garantiu a vida para ninguém. Todos morreram! O pão verdadeiro de Deus é aquele que vence a morte e a traz vida! Jesus tenta ajudar o povo a se libertar dos esquemas do passado. Para ele, fidelidade ao passado não significa fechar-se nas coisas de antigamente e recusar a renovação. Fidelidade ao passado é aceitar o novo que chega como fruto da semente plantada no passado.
Jo 6, 34-40: 3º Diálogo - O pão verdadeiro é fazer a vontade de Deus
O povo pede: "Senhor, dá-nos sempre desse pão!" Pensavam que Jesus estivesse falando de um pão especial. Então Jesus responde claramente: "Eu sou o pão da vida!" Comer o pão do céu é o mesmo que crer em Jesus e aceitar o caminho que ele ensinou, a saber: "O meu alimento é fazer a vontade do Pai que está no céu!" (Jo 4,34). Este é o alimento que sustenta a pessoa, dá rumo e traz vida nova.

ALARGANDO
O Sinal do Novo Êxodo
A multiplicação dos pães aconteceu próximo da Páscoa (Jo 6,4). A Festa da Páscoa era a memória perigosa do Êxodo, a libertação do povo das garras do faraó. Assim, todo o episódio narrado neste capítulo tem um paralelo com os episódios relacionados com a Festa da Páscoa, tanto com a libertação do Egito quanto com a caminhada do povo no deserto em busca da terra prometida. Vamos apresentar este paralelo através dos pequenos blocos que formam o capítulo 6 do Evangelho de João.
Multiplicação dos pães (Jo 6,1-15)
Jesus tem diante de si a multidão faminta e o desafio de garantir o alimento para todos. Da mesma maneira Moisés enfrentou este desafio durante a caminhada do povo pelo deserto (Ex 16,1-35; Nm 11,18-23). Depois de comer, a multidão saciada reconhece Jesus como o "Profeta que devia vir ao mundo" (Jo 6,14) dentro do que pede a Lei da Aliança (Dt 18,15-22).
Jesus caminha sobre o mar (Jo 6,16-21)
Para o povo da Bíblia, o mar era símbolo do abismo, do caos, do mal (Ap 13,1). No Êxodo, o povo faz a travessia para a liberdade enfrentando e vencendo o mar. Deus divide o mar através de seu sopro e o povo atravessa com pé enxuto (Ex 14,22). Em outras passagens a Bíblia mostra Deus vencendo o mar (Gn 1,6-10; Sl 104,6-19; Pr 8,27). Vencer o mar significa impor-lhe os seus limites e impedir que ele engula toda a terra com suas ondas. Nesta passagem Jesus revela sua divindade dominando e vencendo o mar, impedindo que a barca dos discípulos seja tragada pelas ondas.
O discurso sobre o Pão da Vida (Jo 6,22-58)
Este longo discurso feito na sinagoga de Cafarnaum está relacionado com o capítulo 16 do livro do Êxodo. Vale a pena ler todo este capítulo de Êxodo, percebendo as dificuldades que o povo teve que enfrentar na sua caminhada, para podermos compreender os ensinamentos de Jesus aqui no capítulo 6 do Evangelho de João. Quando Jesus fala de "um alimento que perece" (Jo 6,27), ele está lembrando Ex 16,20. Da mesma forma, quando os judeus "murmuram" (Jo 6,41), fazem a mesma coisa que os israelitas no deserto, quando duvidam da presença de Deus junto com eles durante a travessia. A falta de alimentos fazia com que o povo duvidasse que Deus estivesse com eles, de que Deus fosse Javé, resmungando e murmurando contra Deus e contra Moisés. Aqui também os judeus duvidam da presença de Deus em Jesus de Nazaré (Jo 6,42).

Uma mensagem para se refletir no final de semana

DESPEDIDA DO PRESIDENTE DA COCA COLA - Curta e Inteligente

Este foi o menor discurso de Bryan Dyson, ex-presidente da Coca Cola. Ao deixar o cargo ele disse: “Imagine a vida como um jogo em que você esteja fazendo malabarismos com cinco bolas no ar. Estas são: seu Trabalho - sua Família - sua Saúde - seus Amigos e sua Vida Espiritual, e você terá de mantê-las todas no ar. Logo você vai perceber que o Trabalho é como uma bola de borracha. Se soltá-la,ela rebate e volta. Mas as outras quatro bolas: Família, Saúde, Amigos e Espírito, são frágeis como vidros. Se você soltar qualquer uma destas, ela ficará irremediavelmente lascada, marcada, com arranhões, ou mesmo quebradas, vale dizer, nunca mais será a mesma. Deve entender isto: você tem que apreciar e esforçar-se para conseguir cuidar do mais valioso. Trabalhe eficientemente no horário regular do escritório e deixe o trabalho no horário.   Gaste o tempo requerido à tua família e aos seus amigos.   Faça exercício, coma e descanse adequadamente.  E sobretudo… Cresça na sua vida interior, no espiritual, que é o mais transcendental, porque é eterno.  Shakespeare dizia: “Sempre me sinto feliz, sabes por quê? Porque não espero nada de ninguém”. Esperar sempre dói. Os problemas não são eternos, sempre têm solução. O único que não se resolve é a morte.   A vida é curta, por isso, ame-a!  Viva intensamente e recorde:  Antes de falar… Escute!   Antes de escrever… Pense!   Antes de criticar… Examine!   Antes de ferir… Sinta!   Antes de orar.. . Perdoe!   Antes de gastar… Ganhe!   Antes de se render… Tente de novo!   ANTES DE MORRER… VIVA!”

É Possível Construir a Paz?

O encontro “Jovens Construtores da Paz” aconteceu na primeira semana de Julho no Reino Unido. Oferecido pela Aliança Anglicana, nove jovens anglicanos de diferentes países se reuniram para conversar sobre paz e reconciliação.
Durante quase dez dias de atividades a agenda dos jovens esteve lotada. Desde bate-papo com o Arcebispo de Cantuária Rowan Williams, reunião no Parlamento, visita a dioceses e até mesmo conhecer pessoas de outros países do mundo em um evento paralelo com a Comunidade Cruz de Pregos (Community Cross of Nails).
No encontro os participantes puderam se conhecer e criar laços de amizade entre si. Vindos do Brasil, Zimbábue, Republica Dominicana, do Congo, Sri Lanka, Paquistão e Filipinas, um fato interessante foi  perceber que muitas vezes, o problema enfrentado na nossa comunidade é semelhante ao que ocorre em outro país. Com isso, a possibilidade de ajudarmos uns aos outros é ainda maior.
Muitas vezes é fácil falar sobre “como fazer a paz” e, depois dessa experiência, eu pude perceber que também é fácil realmente termos ações que ajudem a construir a paz! Atividades como ouvir o outro, estudar o conflito atrelado ao desenvolvimento, violência urbana, dentre outros, foram temas abordados durante o encontro e que em algum momento cada pessoa se identificou e percebeu como ajudar.
Uma mensagem do Arcebispo de Cantuária que me marcou foi quando ele disse que muitos problemas que nós vemos a cada dia não precisam ser daquele jeito. Na ocasião ele estava se referindo às favelas, mas podemos pensar nos nossos problemas como um todo ou nas dificuldades que a igreja e jovens encontram diariamente. Eles não precisam ser como são; sempre há uma outra forma!
No final do programa tivemos de nos comprometer em dar continuidade no que foi aprendido e devemos fazer isso nos prazos de um, seis e 12 meses. Essa é uma missão difícil e é  necessário a ajuda de toda a Igreja Anglicana para que os planos possam se concretizar. Vamos continuar na luta então, como jovens, como cristãos, como anglicanos, lembrando sempre que há um outro modo de enxergar as desavenças que enfrentamos a cada dia.
Yvi Leíse Rosa Calvani
Diocese Anglicana de Curitiba

terça-feira, 24 de julho de 2012

Primeira Bispa da Igreja Anglicana Eleita na África


Ontem a Igreja Anglicana das Províncias do Sul do Continente Africano marcaram um momento histórico ao nomear a primeira Bispa Anglicana para este Continente. A Reverenda Ellinah Ntombi Wamukoya, de 61 anos, tornou-se Bispa eleita de Swazilandia, a primeira mulher  das 12 Províncias Anglicanas da África. Neste ato, ela é a segunda mulher eleita por uma igreja tradicional para o continente africano.
Sua eleição acontece justamente na comemoração dos 20 anos da aprovação pela Igreja Anglicana das Províncias do Sul do Continente Africano para a ordenação sacerdotal de mulheres, como presbíteras e bispas. As Províncias também incluem entre seus membros: Angola, Namibia, África do Sul, e Lesotho. Coincidentemente a reunião do Sínodo foi em Swazilandia em 1992.
De início, a Reverenda Wamukoya não foi uma das candidatas, mas depois que sete rodadas de eleições sem resultados, a Assembléia Eleitoral convocou novos candidatos para participarem. Subsequentemente, ela recebeu a maioria de 2/3 de votos necessários em ambas das Câmaras, a do Clero, e a dos Leigos.
Um observador descreveu à Assembléia como um “ambiente particularmente cheio do Espírito” e também foi comentado que sua eleição trouxe muita emoção na Diocese. A Diocese de Swazilandia foi fundada em 1968, e abrange três arquidioceses: a Swazilandia do Leste, a Swazilandia do Sul, e a Swazilandia do Oeste. Seu predecessor foi o Reverendo Meshack Mabuza nomeado bispo da Swazilandia em 2002.
Atualmente a Reverenda Wamukoya é Capelã na Universidade de Swazilandia, e também na escola de segundo grau Saint Michael’s na cidade de Manzini. Ela também tem o cargo de diretora-presidente no Conselho Municipal de Manzini. Sua eleição deverá ainda ser confirmada pelos integrantes do Sínodo dos Bispos. Quando isto acontecer, a Reverenda Wamukova vai ser a 24a. Bispa não-aposentada da Comunhão Anglicana. Até o dia de hoje, as Igrejas Membros que nomearam e escolheram mulheres para o episcopado foram: Aotearoa, Nova Zelândia, a Polinésia, Austrália, e o Canadá; e na Igreja Episcopal de Cuba, e os países das Províncias do Sul do Continente Africano.
Sendo que neste momento várias outras dioceses da ACSA vão escolher bispos/as antes do fim do ano e é bem provável que haja um serviço de Consagração para todos eles no início do ano.
Em setembro de 2012 será celebrado o 20º aniversário da ordenação de mulheres para o sacerdócio nas Províncias dos Países do Sul do Continente Africano, paralelamente ao Encontro do Comitê Permanente das Províncias que terá como convidada especial a Bispa Barbara Harris da Igreja Episcopal (The Episcopal Church/EUA).

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Discurso de Milena, Neta do Revdo. Kaneko, Na Celebração de Ação de graças 70 anos

Bom dia a todos!
Meu nome é Milena Hama e eu sou a neta mais velha do Rev. Kaneko e filha da Lídia Kiyoe.
Eu estou muito feliz e honrada por poder estar presente nesta celebração e homenagem de Ação de Graças pelos 70 anos da chegada da Igreja Episcopal Anglicana em Londrina e gostaria de agradecer em nome da Família Kaneko, por essa oportunidade – permitida pela Reverenda Lúcia e pela comunidade Episcopal Anglicana de Londrina – de podermos recordar a vida do meu avô.
Nós sentimos gratidão pelo trabalho dos pioneiros em Londrina e nas outras cidades onde a igreja fez o trabalho pastoral. A família tem muitas boas lembranças da época em que viveram aqui e as filhas do Rev. se recordam do carinho que recebiam dos fiéis quando elas acompanhavam seus pais nas visitas pastorais. Muitas vezes elas ganhavam balas e guloseimas e isso era uma alegria imensa em uma época em que o consumismo não era desenfreado como hoje. Tenho a certeza de que aqueles fiéis mais idosos aqui presentes têm muitas histórias para contar sobre essa época pioneira e a nossa família ficará muito feliz se eles puderem compartilhar de suas memórias após o culto.
Eu gostaria de informar-lhes que temos hoje aqui presentes oito membros da Família Kaneko: as filhas do Reverendo – Lídia Kiyoe, Edith Yurie, Sarita Mitie e Ivete Nobue – e quatro netos – Renato, Melina, Thomas e eu. Os outros membros não puderam comparecer. Minha avó, D. Esther Yoshie está muito idosa, com 92 anos de idade, e por isso não pode se locomover por grandes distâncias. Minha tia Alice Marie, desde os 17 anos sofre de transtorno bipolar e mora em uma instituição psiquiátrica. Os outros – meu tio Edmundo Nozomi, o filho caçula e o único dos filhos que não nasceu em Londrina, meus primos Leonardo e Saskya e minha irmã Lia – não puderam comparecer por motivos profissionais.
Quando eu estava escrevendo este discurso, pensei por bem falar um pouco sobre a atuação do Rev. Kaneko como pastor, não por querer exaltá-lo em público, mas sim porque sua vida foi emblemática daquela época de desbravadores que hoje parece tão distante para nós das gerações mais novas. Assim, eu gostaria que o ato de rememorar a vida do meu avô, seja também não somente o ato de relembrar o passado comum a todos aqueles pioneiros da época, mas também seja o ato de relembrar uma era da história brasileira e do legado que herdamos dos nossos antepassados.
Quem era o Rev. Kaneko?
Acima de tudo, como resultado de sua escolha e vocação, ele era, por definição, um homem público. A carreira sacerdotal implica em dedicar-se à comunidade e lidar com as angústias e sofrimentos inerentes ao ser humano, segurando as mãos do fiel para que ele possa se reerguer em uma situação em que a ciência ou o dinheiro não consegue resolver.
Essa dedicação à comunidade significava, naquela época, um trabalho pastoral de envolvimento intenso em serviços diversos de cunho social.
A década de 40 foi bastante difícil para as colônias japonesa, italiana e alemã devido à Guerra – pois vale lembrar que os membros dessas colônias precisavam tirar salvo-conduto para viajar e estavam impedidos de conversar em sua língua materna e de realizar festas.
Além disso, existiam dificuldades sócio-ambientais que afetavam muito a salubridade das pessoas. Dificuldades essas decorrentes: da água contaminada devido aos problemas sanitários, da inexistência de especialistas em diversos campos e da escassez e precariedade dos meios de transporte e comunicação.
Diante dessa situação, a comunidade se voltava aos missionários para pedir ajuda para diversos assuntos.
Tanto ele como a minha avó acompanhavam frequentemente pessoas feridas até o hospital e abrigavam pacientes e acidentados provenientes de locais remotos e de outras cidades, em sua casa, para que pudessem receber tratamento médico. Muitos desses pacientes haviam contraído doenças infecciosas, tais como: malária, cólera, tifo e tétano – esta última sendo uma doença muito comum por causa dos apetrechos enferrujados na lavoura. Eles os hospedavam em casa, preparando sopas nutritivas reforçadas, além de lavar e ferver os lençóis desses doentes para evitar contágio.
Também serviam de tradutores e intérpretes em diversas situações, como por exemplo: ajudar a providenciar certidões de nascimento, de casamento e de óbito; e ajudar as crianças a matricularem-se nas escolas porque os pais tinham dificuldade com o português.
Muitas vezes o Rev. Kaneko teve que interpelar junto às autoridades para conseguir autorização para casamentos, devido às proibições decorrentes da Guerra.
Além disso, alguns jovens vinham de outras cidades e moravam durante algum tempo com a Família Kaneko para poder estudar em Londrina.
Minhas tias e minha mãe lembram-se da quantidade de pessoas aflitas por vários problemas, tanto materiais como mentais ou emocionais, que vinham buscar auxílio e, principalmente, lembram-se daqueles que vinham no meio da noite. Lembram-se também daqueles casos mais dramáticos, como, por exemplo, quando um senhor ensangüentado apareceu na casa procurando pelo Rev. e somente uma das filhas encontrava-se lá.
O Rev. era discreto e reservado e raramente contava casos sobre as famílias que atendia. Somente ficamos sabendo de algumas histórias com as quais lidou depois que ele morreu porque as pessoas vinham nos contar a respeito.
Um pouco antes de falecer, ele contou a uma das filhas – sem mencionar nomes, lugares ou datas – que uma vez ele havia comprado o caixão de uma criança porque a sogra japonesa não queria comprá-lo devido ao fato de a nora não ser descendente de japoneses.
Outro caso que ficamos sabendo foi de uma senhora que contou para ele que vinte anos antes ele havia aparecido em sua casa para uma visita pastoral cinco minutos antes da hora em que ela havia planejado cometer suicídio.
Essa vida pública perdurou até depois de sua aposentadoria. Até mesmo nós, os netos, nos lembramos das vezes em que ele saía, logo depois do almoço de aniversário dele próprio, para ir a alguma das várias associações das quais ele era membro, enquanto a família ainda estava reunida na casa dele. Sua agenda continuou repleta de compromissos com a comunidade até o fim de sua vida.
Meu avô morreu serenamente, da mesma forma como viveu. No dia 8 de fevereiro de 1992, ele tomou banho ao meio dia, comeu umas uvas e disse que estava muito cansado e que iria tomar uma soneca. Ele faleceu em seu sono como uma vela que se apaga ao fim do seu pavio.
Na Missa de 7º Dia do seu falecimento minha avó me disse que ele havia vivido longa e plenamente. Tenho certeza de que ela quis dizer que não era para ficarmos tristes, pois ele havia cumprido sua missão na Terra e morreu feliz e em paz.
Mais uma vez, em nome da Família Kaneko, eu gostaria de agradecer a esta comunidade por esta ocasião de relembrar a vida do meu avô e os primórdios da missão em Londrina e por poder celebrar os 70 anos da chegada da Igreja Episcopal Anglicana nesta cidade.
Que a paz esteja com todos nós!

domingo, 22 de julho de 2012

CELEBRAÇÃO DOS 70 ANOS DO INICIO DA IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA EM LONDRINA


O templo da Paróquia são Lucas estava pequeno para a celebração dos 70 anos da chegada dos pioneiros da Igreja nesta Região. Foi uma bonita celebração de Ação de Graças com a presença de quatro filhas, duas netas e um neto do Revdo. Kaneko, o primeiro missionário da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, que chegou nestas terras. Estavam presentes também na celebração algumas pessoas que participaram do primeiro culto celebrado em Londrina no dia 26 de julho de 1942. As filhas do Reverendo Kaneko, ofereceram à paróquia dois álbuns com fotos trazendo toda a história do começo do trabalho aqui em Londrina, não só da Igreja mas também do início da cidade. A Igreja Episcopal Anglicana nasce em Londrina quatro anos  depois do surgimento do município de Londrina. Ofereceram também uma  placa com uma linda homenagem a todas as pessoas que dedicam sua vida na missão da Igreja: Ministros ordenados, homens e mulheres, que por estas terras deram sua contribuição para a construção do Reino.











































sábado, 21 de julho de 2012

O Senhor é meu Pastor! Nada me falta! (Mc 6,30-34)


O ACOLHIMENTO
O ACOLHIMENTO DADO AOS DISCÍPULOS E O ACOLHIMENTO DADO AO POVO
 ABRIR OS OLHOS PARA VER
Depois do banquete da morte promovido por Herodes que matou João Batista, vem o banquete da vida. Jesus alimenta o povo faminto no deserto. Povo faminto é o que não falta hoje. Iniciativas para dar de comer ao povo também existem. Vamos aprofundar mais essa reflexão?

SITUANDO
O início do terceiro bloco traz um grande contraste! De um lado o banquete da morte, promovido por Herodes com os grandes da Galiléia, no palácio da Capital (Mc 6,17-29). Do outro lado, o banquete da vida, promovido por Jesus com o povo faminto da Galileia lá no deserto (Mc 6,30-44). No Evangelho de Marcos, a multiplicação dos pães é muito importante. Ela aparece duas vezes: aqui e em Mc 8,1-10. Por isso, devemos prestar muita atenção para descobrir em que consiste a importância da multiplicação dos pães, momento culminante à passagem que a antecede e que vamos refletir hoje (Mc 6,30-34).

COMENTANDO
Marcos 6,30-32: O acolhimento dados aos discípulos
Estes versículos mostram como Jesus formava novas lideranças. Ele tinha o costume de levar os discípulos a um lugar mais tranquilo para poder descansar e fazer uma revisão. Preocupava-se com o descanso deles, pois o trabalho da missão era tanto que não sobrava tempo nem para comer.
Marcos 6,33-34: O acolhimento dado ao povo
O povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro lado do lago e foi atrás. Quando Jesus, ao descer do barco, viu aquela multidão, esqueceu o descanso e começou a ensinar. Aqui transparece o abandono do povo. Jesus ficou com dó, "pois eles estavam como ovelhas sem pastor". Quem lê isso lembra o salmo do bom pastor (Salmo 23). Quando Jesus percebe o povo sem pastor, ele começa a ser pastor. Começa a ensinar. Ele guia o povo no deserto da vida, e o povo pode cantar: "O senhor é meu pastor! Nada me falta!"

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O sol nasce para todos, mas o Brasil não aproveita

Reportagem é de Fernanda Fraga e publicada pela Gazeta do Povo, 08-07-2012.

Apesar da grande incidência de luz solar em todo o território brasileiro, uso dessa fonte para eletricidade e aquecimento de água é irrisório. Especialistas dizem que incentivos do governo ainda são insuficientes.
Não falta sol no Brasil, mas o aproveitamento de sua energia é uma possibilidade que ainda desponta muito timidamente no horizonte do país. Na geração de eletricidade, por exemplo, há apenas oito "usinas" solares, nada perto das 985 centrais e usinas hidrelétricas do país. No mercado de aquecimento solar de água, apesar de ocupar a sexta posição do ranking mundial elaborado pela Agência Internacional de Energia, em números absolutos a capacidade brasileira se distancia - e muito - da chinesa, a primeira colocada. Enquanto a China tem capacidade de 117,6 mil megawatts térmicos (MWth, unidade utilizada para medir a potência térmica), o Brasil conta com apenas 4.278 MWth.

"O desenvolvimento de fontes de energia renováveis ocorre de forma mais rápida onde não há outras opções", explica Lucio Teixeira, diretor de Finanças Corporativas da Ernst & Young Terco. "No Brasil, temos uma oferta muito grande de recursos hídricos, discrepante em relação a outros países. Assim, é natural que se foque nesse tipo de energia", complementa.
Porém, tão abundante quanto os rios é a presença do sol no país tropical. De acordo com artigo publicado na revista Solar Energy, o local com o pior grau de irradiação no país ainda é 40% superior ao melhor da Alemanha - onde o uso de energia solar é muito mais desenvolvido.

Para desenvolver o mercado, informam os especialistas, ainda faltam incentivos. "Para sermos competitivos, devemos investir em inovação e criar facilidades para pesquisadores e investidores", analisa Eloy Casagrande Jr., doutor em Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente e coordenador do Escritório Verde da UTFPR.

Para Teixeira, três pontos têm de ser considerados para atrair investidores. "O primeiro deles é a tecnologia, que precisa ser disponível. E isso já temos. Depois, é preciso um ambiente de contratação favorável, isto é, o poder público precisa criar mecanismos para incentivar os investimentos - como os leilões do setor elétrico", continua. Nos últimos meses, o governo aprovou algumas medidas para incentivar o uso de energias renováveis e sistemas de eficiência energética, mas, para o analista, elas ainda não são suficientes. Por fim, Teixeira destaca que a viabilidade econômico-financeira precisa ser encontrada. Para isso, diz, é necessário o desenvolvimento da indústria nacional, já que a compra de equipamentos brasileiros baratearia financiamentos e tornaria o negócio mais atraente aos olhos dos investidores.

Benefícios
Os benefícios do uso da energia solar envolvem aspectos ambientais e econômicos. "Cada metro quadrado de energia solar evita 56 metros quadrados de área inundada por hidrelétrica", diz Marcelo Mesquita, gestor do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol), ligado à Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

Usar aquecimento solar em vez de energia elétrica para a água do banho pode levar a uma economia de cerca de 30% na conta de energia elétrica. Um estudo divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) na última terça-feira revela que a energia elétrica solar já é viável para 15% dos lares brasileiros.

Fábrica chinesa quer abrir 5 mil lojas no país
O número é alto: 5 mil lojas no Brasil nos próximos cinco anos. Equivale a quase uma loja por município - o país tem 5.565 cidades. Supera, as mais de 600 lojas que a rede de fast food McDonald's tem no país e até o número de franquias do Boticário, o maior franqueador do país, com 3.337 unidades.

O plano foi anunciado durante a Rio+20 por Huang Ming, presidente da Himin Solar, gigante chinesa da área de aquecimento solar. A ação é parte da estratégia de popularizar as climate marts, lojas no estilo de franquia que oferecem produtos ligados à energia solar, com objetivo de tornar as tecnologias mais acessíveis. A previsão é de abrir 50 mil lojas em todo o mundo.
A justificativa é "verde": "Se houver 50 mil climate marts, a energia renovável vai se espalhar mais amplamente, e haverá esperança para a melhora do clima", disse Ming na conferência. No mercado brasileiro, a Himin já tem uma parceira, a curitibana Nadezhda, empresa recém-criada pelo empresário Fernando Buffa.

O mercado de aquecimento solar no Brasil cresceu a uma média de 15% nos últimos três anos, de acordo com o Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol). Em 2011, movimentou cerca de US$ 500 milhões. "É importante que haja diversidade", comenta Marcelo Mesquita, gestor do Dasol, sobre a possível vinda da Himin. "O consumidor tem que ter bons produtos e se uma empresa está se propondo a oferecer isso, é bem vinda."

Mesquita destaca, porém, que é difícil fazer qualquer análise, uma vez que não se sabe se os planos da empresa serão mesmo concretizados. Se isso ocorrer, a franquia chinesa teria mais lojas que o total de empresas de aquecimento solar hoje existentes no Brasil - são cerca de 2 mil.

A Himin Solar foi criada em 1995 e sua fábrica tem mais de 4 mil funcionários. É Huang Ming o idealizador do Solar Valley, maior base de produção de energia solar do mundo, localizado na China. Ele funciona como uma cidade, com hotéis, fábricas, centros de pesquisa e convenções.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Envio dos doze para a missão (Mc 6,6b-13)

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por CEBI Publicações
ENVIO DOS DOZE PARA A MISSÃO
Marcos 6, 6b-13

O conflito cresceu e tocou de perto a pessoa de Jesus. Como ele reage? De duas maneiras: diante do fechamento da sua família e do seu povoado, Jesus deixou Nazaré de lado e começou a percorrer os povoados nas redondezas. Além disso, ele abriu a missão e intensificou o anúncio da Boa Nova.
Chamando os doze, os enviou com as seguintes recomendações: deviam ir dois a dois, receberam poder sobre espíritos maus, não podiam levar nada no bolso, não deviam andar de casa em casa e, caso não fossem recebidos, deviam sacudir o pó das sandálias e seguir adiante. E eles foram.
É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo! Se o mistério já era grande, ainda será maior com a missão intensificada.

ALARGANDO
Envio e Missão
No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação. Por exemplo, os essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida, pois não confiavam na comida do povo, que nem sempre era ritualmente "pura".
Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e discípulas de Jesus receberam recomendações diferentes que ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova, que receberam de Jesus e que ainda é a nossa missão:
a) Deviam ir sem nada. Não podiam levar nada, nem bolsa, nem ouro, nem prata, nem dinheiro, nem bastão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade, pois quem vai sem nada vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude criticavam as leis de exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de comunidade.
b) Deviam comer o que o povo lhes dava. Não podiam viver separados com sua própria comida e deviam aceitar a comunhão de mesa. Isto significa que, no contato como o povo, não deviam ter medo de perder a pureza como era ensinada na época. Com esta atitude criticavam as leis da pureza em vigor e mostravam, pela nova prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.
c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem acolhidos. Isto é, deviam conviver de  maneira estável e não andar de casa em casa. Deviam trabalhar como todo o mundo e viver do que recebiam em troca, "pois todo o operário merece salário" (Lc 10,7). Em outras palavras, eles deviam participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolheria na sua comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que deviam confiar na partilha. Isto também explica a severidade da crítica contra os que recusavam a mensagem (Lc 10,10-12), pois não recusavam algo novo, mas sim o próprio passado.
d) Deviam tratar dos doentes e necessitados, curar os leprosos e expulsar os demônios (Lc 10,9; Mt 10,8). Isto é, deviam exercer a função de "defensor" (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os que viviam excluídos. Com esta atitude criticavam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e apontavam saídas concretas.
Estes eram os quatro pontos básicos que deviam marcar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos excluídos. Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem viver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Onde não há fé, Jesus não pode fazer milagre! (Mc 6,1-6) - Mesters e Lopes


ONDE NÃO HÁ FÉ, JESUS NÃO PODE FAZER MILAGRE!
MARCOS 6,1-6


SITUANDO Marcos apresenta o crescimento do conflito vivido por Jesus e o mistério de Deus que envolvia sua pessoa. Agora, chegando ao fim, a narração entra numa curva. Começa a aparecer uma nova paisagem. O texto que meditaremos nessa e na próxima semana tem duas partes distintas, como os dois pratos da balança. A primeira descreve como o povo de Nazaré se fecha frente a Jesus (Mc 6,1-6) e a segunda descreve como Jesus se abre para o povo da Galiléia enviando os discípulos em missão (Mc 6,7-13).No tempo em que Marcos escreveu o seu evangelho, as comunidades cristãs viviam uma situação difícil, sem horizonte. Humanamente falando, não havia futuro para elas. A descrição do conflito que Jesus viveu em Nazaré é do envio dos discípulos, que alargava a missão, despertava nelas a criatividade. Pois para quem crê em Jesus não pode haver uma situação sem horizonte. COMENTANDOMarcos 6,1-3: Reação do Povo de Nazaré frente a JesusÉ sempre bom voltar para a terra da gente. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim ele tomou a palavra. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. Mas o povo não gostou das palavras dele e ficou escandalizado. Jesus, um moço que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? O povo de Cafarnaum tinha aceitado o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas o povo de Nazaré se escandalizou e não aceitou. Motivo? "Esse não é o carpinteiro, filho de Maria?" Eles não aceitaram o mistério de Deus presente num homem comum como eles! Para poder falar de Deus ele teria que ser diferente deles!Como se vê, nem tudo foi bem-sucedido. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas são as que se recusam a aceitá-la. O conflito não é só com os de fora de casa, mas também com os parentes e com o povo de Nazaré. Eles recusam, porque  não conseguem entender o mistério que envolve a pessoa de Jesus: "De onde vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? Ele não é o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?" Não deram conta de crer. Marcos 6,4-6a: Reação de Jesus diante da atitude do povo de NazaréJesus sabe muito bem que "santa de casa não faz milagre". Ele diz: "Um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família!" De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada. Ele ficou admirado da falta de fé deles. ALARGANDOA expressão "Irmãos de Jesus"Essa expressão é causa de polêmica entre católicos e protestantes. Os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso?Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça, pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la.Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestatnes, deveríamos nos unir bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé.

A difícil missão do profeta - José Raimundo Oliva



Esta narrativa de Marcos tem como núcleo a proclamação de Jesus: "Um profeta só não é valorizado na sua própria terra". É a sua rejeição pelos frequentadores da sinagoga e por seus familiares. É uma ruptura com as tradicionais estruturas sociorreligiosas de parentesco do judaísmo, que se afirma como povo eleito a partir dos vínculos carnais de consanguinidade, comprovados por genealogias.
Já João Batista em sua pregação advertia: "Produzi fruto de arrependimento e não penseis que basta dizer: 'Temos por pai Abraão'". Com Jesus a família fica caracterizada pela união em torno do cumprimento da vontade do Pai.
No evangelho de Marcos, esta é a terceira e última vez que Jesus vai a uma sinagoga, cada vez tendo ocorrido um conflito com os chefes religiosos. Jesus exerce seu ministério na Galileia e territórios gentílicos vizinhos, tendo a "casa" como centro de irradiação da missão.
Percebe-se, bem, como os evangelhos deixam transparecer a dificuldade que os discípulos, e os demais que conviveram com Jesus, tiveram em compreender sua identidade. Quem é Jesus? Durante cerca de trinta anos Jesus viveu com sua família, na Galileia, sem nada excepcional que chamasse a atenção sobre sua pessoa. É o Filho de Deus presente no mundo, em comunicação com as pessoas, certamente de maneira humilde, digna e com amor. É a condição humana, na simplicidade do dia a dia, que é valorizada pelo Pai, o qual, em tudo que nela há de bom, justo e verdadeiro, a assume no seu amor e na sua vida eterna.
Após ser batizado por João, Jesus durante cerca de três anos passa a revelar ao mundo este projeto vivificante do Pai. É o Reino de Deus presente entre nós. Ao fazer, com sabedoria, o seu anúncio profético do Reino, seus conterrâneos se admiravam, mas não o valorizaram, pois sempre o conheceram na sua simplicidade de carpinteiro, filho de Maria. Esta reação do povo indica que Jesus não tinha nenhuma origem davídica, pelo que, se fosse o caso, seria exaltado por todos.
O judaísmo tinha uma expectativa messiânica segundo a qual um dia viria um líder que, com carismas especiais, conduziria a nação judaica e a elevaria a um status de glória, riqueza e poder acima das demais nações. Era um ungido (messias, do hebraico; cristo, do grego) à semelhança de Davi, ungido rei, que, segundo a exaltação da tradição, teria criado um glorioso império, o que foi incorporado na memória do povo. Ao longo do ministério de Jesus, os seus discípulos de origem do judaísmo começaram a ver nele este messias poderoso. Esta falta de compreensão foi frequentemente censurada por Jesus.
O crer em Jesus é ver, na sua humildade e em seus atos de amor, a presença de Deus, cumprindo a vontade do Pai de comunicar a vida aos empobrecidos e marginalizados, os quais são assumidos como filhos, em Jesus. O verdadeiro ato de fé é ver Deus, despido de poder, vivendo entre nós, humildemente, na plenitude do amor.  

terça-feira, 3 de julho de 2012