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quinta-feira, 29 de março de 2012

A sociedade civil organizada vai à Rio+20



por Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20) começa a mobilizar a sociedade brasileira - que hospeda comitivas técnicas e diplomáticas dos países, encabeçadas por chefes de Estado ou de governo. É uma sociedade marcada por contradições, como a impunidade da ditadura militar, a mídia controlada por um conglomerado privado e latifundiários que impõem o Código Florestal, uma sociedade que elegeu o governo mas não controla os votos para aprovar projetos de seu interesse no Congresso.

Por Antonio Carlos Ribeiro

Para entender o papel da sociedade civil organizada, a ALC ouviu o depoimento do psicólogo Rafael Soares de Oliveira, que coordena Koinonia - Presença Ecumênica e Serviço, uma das entidades-chave na coordenação da Cúpula dos Povos, a coalizão de ONGs, organizações de atuação na área ambiental, entidades populares, igrejas e religiões. Essa parcela representativa da população, sem poder direto, mas com forte influência nas diversas camadas sociais das populações ao redor do mundo, une forças, articula atores sociais e elabora estratégias para deixar sua marca neste debate de impacto mundial.

Para Oliveira, a Cúpula dos Povos tem "um foco muito grande em agroecologia, sistemas renováveis e florestas que, com consumo de alimentos e produção em abundância, são temas colocados na pauta, e também a preocupação com a mudança climática em todas as suas direções. Essas três estão se parecendo mais com a agenda internacional super forte".

Mas deixa claro que "em termos da governança global, as restrições não são apenas à questão ambiental". A questão é democrática mesmo. "Como as democracias e os Estados vão dar conta desse fervilhar de novos movimentos e processos de insatisfação que estão presentes no planeta?" - indagou. Ele tem claro que os governos e o sistema financeiro global "estão gerenciando para uma minoria muito drástica, que deixa de fora muita gente e muitos processos de oportunidades. E pior, não procura abrir a mão ou os olhos para outras alternativas".

Os governos, na verdade, estão "tentando aplicar um pouco mais do mesmo remédio - neoliberalismo - para ver se resolvem o problema em que a Europa está tropeçando desde 2008", explicou. No caso do Brasil, é diferente, mas não sem conflitos. A posição do "governo brasileiro como um todo a gente pode abstrair da fala da presidente. Ela disse o seguinte: ‘eu entendo as reivindicações da sociedade civil, mas eu sou governo e vocês são sociedade. Vocês têm que fazer alguma coisa por vocês, e nós faremos a nossa parte'".

Isso possibilita que a sociedade delineie sua proposta de intervenção. "O nosso papel vem do fato de fazermos parte de um projeto de um Brasil sem miséria, um projeto para 85 milhões de brasileiros que precisam de qualidade de vida e de serviços públicos, e que não alcançam a solução progressiva para essa qualidade e para a distribuição efetiva de riqueza sem crescer menos que 4% ao ano", definiu. As entidades que integram a Cúpula dos Povos lidam com o "governo nos seus vários matizes, incluindo os lugares onde ele não é assim rápido. Mas na fronteira do debate central em torno da economia ainda temos muito que avançar". Daí surge a posição "de que nós não vamos privilegiar a discussão setorial, de grupos específicos ou temáticos", assumiu.

"Essa discussão é pautada nas políticas de Estado", admitiu o líder de Koinonia, "mas ela sempre vai ser secundarizada" em função do "projeto para 85 milhões de brasileiros que precisam de qualidade de vida e de serviços públicos". Não é suficiente "ter políticas setoriais para mulheres, crianças, negros e indígenas", porque se "em algum momento elas atrapalharem a luta" - o não crescimento de 4% ao ano com distribuição de riqueza e manutenção do crescimento do país - "elas vão sim ser trituradas na máquina de desenvolvimento, o que para nós não dá para concordar", deixou claro.

Ao relembrar que "democracia supõe direitos de minorias, se fossem minorias, todos esses grupos que eu citei", resta ainda que "as execuções delas são contraditórias". Assim, a Cúpula dos Povos vai "invocar o governo brasileiro a dar o exemplo global, emitindo uma posição firme e contrária a que se continue uma política de depredação ambiental ou de deterioração do planeta, vetando o Código Florestal alterado atual, ou avançando em propostas em relação aos acordos climáticos, rejeitando as metas do milênio, que aumentam a responsabilidade de quem mais polui e investindo em tecnologia alternativa limpa, mas também pensando num lugar comum, nesse que é um detalhe para mim importante em termos de defesa política", enfatizou.

Rafael Oliveira dá a dimensão política do embate ao enunciar que "quando falamos de bem comum, deve-se incluir tecnologia, que hoje é propriedade privada". Se pensarmos no futuro do planeta, indagamos: "vai ter tecnologia limpa, mas com controle da tecnologia por parte de alguns? Vai continuar tendo concentração de riqueza, quem quer vender o que vai limpar mais ou limpar menos a energia ou a produção? Enfim, se vai continuar no ciclo da desigualdade constante", elucidou.

Para colocar balizas, disse que "outro ponto na cooperação com o governo é que nós não estamos necessariamente fechados a cooperar com ele em diferentes áreas como democracia, direitos humanos e outras". Mas lembra as "dificuldades do próprio governo", que tornam "difícil estar num evento global como este que vai acontecer no Rio de Janeiro. Com a Vale do Rio Doce vencendo o concurso de ser a pior empresa de mineração do mundo? Com Belo Monte, que é chamada hoje de Belo Monstro?". Esses são os problemas com que ONGs, organizações e militantes da área ambiental, entidades populares, igrejas e religiões têm considerado ao debater nas diversas fronteiras de aceleração do crescimento, explicou

Na casa de Betânia uma discípula fiel - Mesters e Lopes







NA CASA DE BETÂNIA UMA DISCÍPULA FIEL

Mc 14,1-15


SITUANDO

Os capítulos 14, 15 e 16 narram a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Ao longo destes três capítulos, "crescem a ruptura e a morte e aparece a vitória sobre a morte". A vitória sobre a morte aparece não só no fim, na ressurreição, mas já está presente, desde o começo, na próxima maneira de descrever a paixão e a morte de Jesus. Ela transparece, por exemplo, na calma com que Jesus enfrenta a morte e na maneira como ele encara e interpreta os acontecimentos da sua paixão. A vitória vai crescendo, até manifestar-se plenamente na ressurreição. Jesus não é um derrotado. Derrotados, sim, são os que o matam. A vitória da vida transfigura a morte de Jesus.

Sofrimento, paixão e morte eram o pão de cada dia das comunidades cristãs nos anos 70. Na maneira de descrever o sofrimento, a paixão e a morte de Jesus, Marcos as ajuda a experimentar, desde já, no meio do sofrimento, algo da vitória da vida sobre a morte.

COMENTANDO

Marcos 14,1-2: O pano de fundo - a conspiração contra Jesus

No fim da sua atividade missionária, chegando em Jerusalém, Jesus é aguardado e vigiado pelos que detêm o poder: sacerdotes, anciãos, escribas, fariseus, herodianos, saduceus e romanos. Eles têm o controle da situação. Não vão permitir que Jesus, um carpinteiro agricultor lá do interior da Galiléia, provoque desordem na capital. A morte de Jesus já estava decidida por eles (Mc 11,18; 12,12). Jesus era um homem condenado. Agora vai realizar-se o que ele mesmo tinha anunciado aos discípulos: "O Filho do Homem vai ser entregue e morto" (Mc 8,31; 9,31; 10,33).

Marcos 14,3-5: A unção de Jesus por uma discípula e a críticas dos discípulos

Uma mulher, cujo nome não é mencionado, unge Jesus com um perfume caríssimo. Num gesto de total gratuidade, ela quebra o frasco. Os discípulos criticam o gesto. Acham que é um desperdício. De fato, 300 denários eram o salário mínimo de 300 dias! O salário de quase um ano inteiro foi gasto de uma só vez.

Marcos 14,6: A resposta de Jesus "Uma boa ação para mim!"

Os discípulos olham o gasto e criticam a mulher. Jesus olha o gesto e defende a mulher: Por que vocês aborrecem esta mulher? Ela praticou uma ação boa para comigo. Ela se antecipou a ungir meu corpo para o enterro. Naquele tempo, uma pessoa condenada à morte de cruz não recebia sepultura e não podia ser ungida, pois ficava pendurada na cruz até que os bichos comessem o cadáver, ou recebia sepultura rasa de indigente. Jesus ia ser condenado à morte de Cruz, consequência do seu compromisso com os pobres e da sua fidelidade ao projeto do Pai. Não ia ter enterro. Por isso, depois de morto, não poderia ser ungido. Sabendo isso, a mulher se antecipa e o unge antes de ser crucificado. Com este gesto, ela mostra que aceita Jesus como Messias, mesmo crucificado! Jesus entende o gesto dela a o aprova. Anteriormente, Pedro teve a reação contrária. Para ele, um cricificado não podia ser o Messias. Por isso, tentou dissuadir Jesus, mas recebeu uma resposta duríssima: "Vai embora, Satanás!" (Mc 8,32).

Marcos 14,7: "Pobres sempre tereis!"

Jesus disse: "Vocês vão ter sempre pobres com vocês. E se quiserem podem fazer o bem a eles". Será que Jesus quis dizer que não devemos preocupar-nos com os pobres, visto que sempre vai haver pobre? Será que a pobreza é um destino imposto por Deus? Como entender esta frase? Naquele tempo, as pessoas conheciam o Antigo Testamento de cor e salteado. Bastava Jesus citar o começa de uma frase do AT e o pessoal já sabia o resto. O começo da frase dizia: "Você vão ter sempre pobres com vocês" (Dt 15,11a). O resto da frase que o pessoal já conhecia e que Jesus quis lembrar dizia: "Por isso, eu ordeno: abra a mão em favor do seu irmão, do seu pobre e do seu indigente, na terra onde você estiver!" (Dt 15,11b). Conforme esta lei, a comunidade devia acolher os pobres e partilhar com eles seus próprios bens. Mas os discípulos, em vez de "abrir a mão em favor do pobre e de partilhar com ele seus próprios bens, queriam fazer caridade com o dinheiro da moça. Queriam vender o perfume dela por 300 denários e usar esse dinheiro para ajudar os pobres. Jesus cita a Lei de Deus que ensinava o contrário. Quem faz campanha com dinheiro da venda do supérfluo não incomoda e não será condenado. Mas aquele que, como Jesus, insiste na obrigação de acolher os pobres e de partilhar com eles seus próprios bens, este incomoda e corre o risco de ser condenado.

Marcos 14,8-9: Em memória dela

Esta discípula anônima é modelo para Pedro e para os outros discípulos que não tinham entendido nada. Ela é modelo para todos nós, "em todo o mundo". Mais tarde, graças à intervenção de José de Arimatéia, Jesus teve o seu enterro.

Marcos 14,10-11: Judas decide trair Jesus

Em contraste total com a mulher que ungiu Jesus, Judas, um dos doze, resolve trair Jesus. Conspira com os inimigos, que lhe prometem dinheiro. Ele continua convivendo, mas apenas com o objetivo de encontrar uma oportunidade para executar o seu projeto de morte.

Marcos 14,12-15: Preparação da Ceia Pascal

Jesus sabe que vai ser traído. Mesmo assim, faz questão de confraternizar com os discípulos nesta Última Ceia. Ele deve ter gastado bastante dinheiro para poder alugar "aquela sala ampla, no andar superior, arrumada com almofadas" (Mc 14,15). Por ser noite de Páscoa, a cidade estava superlotada de romeiros. Era difícil encontrar uma sala para se reunir.

A Ceia Pascal era uma celebração familiar, presidida pelo pai, um leigo, e não pelo sacerdote. Por isso, Jesus, um leigo, manda dois discípulos preparar a sala para a Páscoa. Em seguida, ele preside a celebração junto com os discípulos e as discípulas, sua nova "família" (cf. Mc 3,33-35).

ALARGANDO

Em memória dela

Em Mc 14,3-9 e Mt 26,6-13 encontramos o relato de uma mulher anônima que ungiu Jesus, preparando-o para a sepultura. O mesmo episódio da unção de Jesus com perfume encontra-se também em Jo 12,1-8. No texto de João, a moça do perfume tem nome. Ela é Maria de Betânia, a irmã de Marta e Lázaro, que durante um banquete, com um gesto profético, ungiu Jesus para o sepultamento (Jo 12,1-8). Ela é a discípula que gostava de ficar sentada aos pés de Jesus, escutando sua palavra (Lc 10,39). Discípula amada (Jo 11,5), que consegue encher a casa (comunidade) com o perfume que fica empapado em seus cabelos saltos e em suas mãos (Jo 12,3). Seu gesto amoroso será repetido por Jesus na celebração da Ceia (Jo 13,2-5). Ele expressa um traço importante da identificação dos discípulos e discípulas de Jesus, que é o serviço amoroso.

Estes três textos de Marcos 14,3-9, Mateus 26,6-13 e João 12,108 colocam o episódio da unção com perfume no contexto da Páscoa, quando Jesus já estava, por assim dizer, condenado à morte. "Então, a partir desse dia, resolveram mata-lo. Jesus, por isso, não andava mais em público, entre os judeus" (Jo 11,53-54). Procurado pela polícia, Jesus vivia clandestinamente com sues discípulos, na região próxima ao deserto (Jo 11,54). Foi nesta situação de incerteza e tensão que Marta, Maria e Lázaro convidaram Jesus para um banquete em sua casa de Betânia, seis dias antes da Páscoa. Com o banquete, buscam solidarizar-se com Jesus, assumindo com ele as consequências da sua missão.

O evangelho de Lucas 7,36-50 apresenta também uma mulher anônima, identificada como "uma mulher da cidade, uma pescadora" (Lc 7,37). Ela banha os pés de Jesus com suas lágrimas, enxuga-os com seus cabelos, beija-os e unge com perfume. Este texto não está no contexto da Páscoa, mas se encontra inserido dentro do ministério público de Jesus, quando ainda caminhava com seus discípulos e discípulas pela Galiléia. No centro do episódio narrado por Lucas não está a unção de Jesus para a sepultura, mas o rito de acolhida tão importante para as pessoas que percorriam longas distâncias a pé, pelas estradas poeirentas da Palestina.

No entanto, todos os textos tem algo em comum: a mulher é criticada pelo seu gesto e Jesus a defende diante de todos. No texto que acabamos de citar (Lc 7,36-50), a crítica vem de um fariseu de nome Simão. Seu olhar está acostumado com o julgamento e o controle. Ela nem conseguia fazer o gesto tão comum de acolhida carinhosa que sua cultura pede. Também não era capaz de perceber a Boa Nova de Deus, escondida no gesto da mulher.

Em Lucas 7,36-50, a defesa de Jesus mostra onde e como se manifesta o Dom de Deus. Não são os pecados da mulher que contam. O que vale mesmo é o amor, vivido nos pequenos gestos de gratuidade. "Porque muito amou, tem a minha paz!"

Em Mc 14,3-9; Mt 26,6-13 e Jo 12,1-8, a crítica vem de Judas e dos discípulos, que não aceitam o esbanjamento, o desperdicio da moça na sua manifestação de amor a Jesus. Incomodados com os eu gesto, apelam para as necessidades dos pobres. Como vimos, Jesus não retira a importância da partilha com os pobres, mas esclarece que ela entendeu e acolheu a Boa Nova de Deus, expressando isso com o seu gesto. Por isso, "onde quer que venha a ser proclamado o Evangelho, em todo o mundo, se fará também memória dela" (Mc 14,9).

Quando só se pensa em Messias como Rei Glorioso - Mesters e Lopes

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QUANDO SÓ SE PENSA EM MESSIAS COMO REI GLORIOSO

JESUS, O EMPREGADO DE TODOS, VEM MONTADO NUM ANIMAL DE CARGA

Mc 11,1-11

ABRIR OS OLHOS PARA VER

Esse texto fala da grande manifestação popular em favor de Jesus no Domingo de Ramos. Sentado num jumento, animal de carga, Jesus entra em Jerusalém, capital do seu povo. Os discípulos, as discípulas e povo romeiro, vindos da Galiléia, o aclamam como messias. Mas o povo da capital não participa. Apenas assiste, e as autoridades nem aparecem. A romaria termina na praça do Templo, a praça dos poderes. Parece uma passeata que termina diante da catedral e do Palácio do Planalto. Também hoje há manifestações populares. As suas reivindicações revelam o sofrimento do povo e a sua indignação frente às injustiças. Nem todos participam, pois tem medo. A maioria apenas assiste.

SITUANDO

Finalmente, após uma longa caminhada de mais de 140 quilômetros, desde a Galiléia até Jerusalém, a romaria está chegando ao seu destino. Neste quinto bloco (Mc 11,1 a 13,37), tudo se passa em Jerusalém, símbolo central da religião (Sl 122,3). No início do bloco, está o gesto simbólico de Jesus: aclamado pelo povo peregrino, ele entra na cidade montado num jumentinho, animal de carga.

A caminhada de Jesus e seus discípulos era também a caminhada das comunidades no tempo em que Marcos escrevia o seu evangelho: seguir Jesus, desde a Galiléia até Jerusalém, desde o lago até o calvário, com a dupla missão de denunciar os donos do poder que preparam a cruz para quem os desafia e de anunciar ao povo sofrido a certeza de que um mundo novo é possível. Esta mesma caminhada continua até hoje.

COMENTANDO

Marcos 11,1-3: A chegada em Jerusalém

Jesus vem caminhando, como romeiro no meio dos romeiros! O ponto final da romaria é o Templo, onde mora Deus! Em Betânia ele faz uma parada. Betânia significa Casa da Pobreza. Era um povoado pobre fora da cidade, do outro lado do Monte das Oliveiras. De lá, Jesus organiza e prepara a sua entrada na cidade. Ele manda os discípulos buscar um jumentinho, um jegue, animal de carga, para poder realizar um gesto simbólico.

Marcos 11,4-6: A ajuda dos discípulos e das discípulas

Os discípulos fazem como Jesus tinha mandado, e tudo acontece conforme o previsto. Eles encontram o jumentinho e o levam até Jesus. E alguns dos que ali se encontravam perguntaram: "Por que vocês estão soltando o jumentinho?" E eles responderam: "Jesus está precisando!" Todos nós somos como o jumentinho, animal de carga. Jesus precisa de nós.

Marcos 11,7-10: A entrada solene na Cidade Santa

Jesus monta o jumentinho e entra na cidade, aclamado pela multidão de peregrinos e pelos discípulos. Na cabeça deles está a ideia do messias rei glorioso, filho de Davi! Eles acreditam que, finalmente, o Reino de Davi tenha chegado e gritam: "Bendito o Reino que vem de nosso pai Davi!" Jesus aceita a homenagem, mas com reserva. Montado no jumentinho, ele evoca a profecia de Zacarias que dizia: "Teu rei vem a ti, humilde, montado num jumento. O arco de guerra será eliminado" (Zc 9,9-10). Jesus aceita ser o messias, mas não o messias rei glorioso e guerreiro que os discípulos imaginavam. Ele se mantém no caminho do serviço, simbolizado pelo jumentinho, animal de carga. Jesus ensina agindo. Os discípulos, que procurem entender o gesto de Jesus, mudem de ideia e se convertam!

ALARGANDO

As romarias do povo e os salmos de romaria

As romarias para Jerusalém se faziam três vezes ao ano, nas três grandes festas: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos (cf. Ex 23,14 e 17). Dos lugares mais distantes os romeiros vinham caminhando. Alguns faziam cinco, seis ou mais dias de viagem. Vinham para Jerusalém, a capital, "a cidade grande e bela, para onde tudo converge" (cf. Sl 122,3-4). As romarias eram momentos de confraternização e de muita alegria: "Fiquei foi contente, quando me disseram: Vamos para a Casa do Senhor!" (Sl 122,1). Nestas longas viagens, o povo rezava e cantava os Salmos de Romaria. Jesus também os rezou, junto com os peregrinos da Galiléia, nesta sua última romaria para a Casa de Deus, em Jerusalém.

Os "Salmos de Romaria" formam uma coleção de 15 salmos dentro do saltério, do Salmo 120 até o Salmo 134. São salmos pequenos. O povo que rezava quando subia para o Templo de Jerusalém em peregrinação. Por isso chamados "Cânticos das Subidas". Eles diziam: "Vinde! Vamos subir ao Monte de Javé!" (Is 2,3). "Vamos subir a Sião, a Javé, nosso Deus!" (Jr 31,6).

Apesar de pequenos, os Salmos de Romaria possuem uma grande riqueza. São uma amostra de como o povo rezava e se relacionava com Deus. Eles ajudam o povo a perceber os traços de Deus nos fatos da vida. Transformam tudo em prece, mesmo as coisas mais comuns da vida de cada dia. De um jeito bem simples, revelam a dimensão divina do quotidiano. Ajudam a perceber e a rezar a dimensão divina do humano.

Também eram chamados "Cânticos dos Degraus". Provavelmente por causa da majestosa escadaria de 15 degraus que dava acesso ao Templo de Jerusalém. Daí, talvez, a razão de a coleção ter exatamente 15 salmos.

A subida pelos 15 degraus da escadaria do Templo era uma imagem e um resumo da própria romaria, desde o povoado até Jerusalém. E ambas, tanto a subido como a romaria, eram um símbolo ou uma imagem da caminhada de cada pessoa em direção a Deus.

Quando, finalmente, após longa caminhada, o romeiro chega ao Templo e experimenta algo da presença de Deus, as palavras já não bastam para dizer o que se vive. Então, o gesto das mãos completa o que falta nas palavras. Isto transparece nos Salmos de Romaria. Assim, no último salmo, gesto e palavra se unem para expressar o que se vive: "Levantem as mãos para o santuário e bendigam a Javé!" (Sl 134,2).

Ao longo dos salmos de romaria, os mesmos pensamentos e sentimentos aparecem e reaparecem, do começo ao fim. Eles indicam a direção da oração, o rumo do Espírito. Eis uma lista que pode servir como chave de leitura para nós.

  1. O pano de fundo que percorrer estes salmos é a experiência libertadora do Êxodo e do Exílio;
  2. São orações em que agricultores expressam e rezam a sua vida e os seus problemas;
  3. Transparece nas imagens usadas uma situação de violenta opressão e de exploração do povo;
  4. Em alguns destes salmos, se passa do eu para o nós, o que revela a integração na comunidade;
  5. Neles se expressa a alegria intensa da confraternização dos romeiros em Jerusalém;
  6. O Templo ocupa um lugar importante na vida do povo, lugar de encontro com Deus;
  7. A ambivalência da monarquia e da cidade de Jerusalém: centro que atrai e que oprime;
  8. Um grande desejo de paz e de liberdade percorre quase todos estes salmos;
  9. Não usam ideias rebuscadas, mas transformam em prece as coisas comuns da vida;
  10. No centro de tudo, no começo e no fim, está a fé em "Javé que fez o céu e a terra".

terça-feira, 20 de março de 2012

Festa da Partilha

No sábado próximo passado, dia 17, na Paróquia São Lucas, aconteceu a verdadeira festa da partilha, com um prato que cada família trouxe e colocou em comum.

Foi uma variedade de cores, sabores e odores. Uma verdadeira celebração da vida, a mesa ficou farta e linda, todas pessoa comeram e ainda sobraram várias porções.

Depois de toda comunidade alimentar-se
inciou o bingo. É uma alegria ver toda meninada participando!!!







Confira as Fotos:

Janta da Partilha

quinta-feira, 15 de março de 2012

A doença do carreirismo e do esteticismo eclesiástica - José Lisboa Moreira de Oliveira - Adital


Um amigo leu meu artigo sobre a saúde na Igreja e me escreveu o seguinte: "Recebi o texto seu sobre a saúde na Igreja. É isso mesmo. Esperava que você falasse da doença do carreirismo, que é uma peste na Igreja; e da doença do esteticismo... Que tal um segundo artigo sobre a saúde?”. Resolvi acolher a ideia desse meu amigo e refletir sobre outro aspecto da doença que, no momento, corrói a credibilidade de nossa Igreja.

O carreirismo e o esteticismo eclesiásticos nasceram com o próprio cristianismo. Os Evangelhos já registram episódios incríveis, deixando entender que essa praga já afetava seriamente as comunidades cristãs nascentes. Embora Jesus tenha proposto um caminho diferente, o grupo de discípulos não conseguiu se libertar dessa tentação. Por isso, enquanto viviam com o Mestre, já se mostravam infectados por esta triste doença.

Alguém poderia perguntar qual a razão disso. Como explicar que já no grupo dos doze apóstolos o carreirismo e o esteticismo estivessem presentes? Hoje, com a ajuda das ciências, particularmente da Psicologia, é fácil entender o porquê desse comportamento. Trata-se da síndrome do homem-camaleãoque afeta praticamente toda a humanidade. O ser humano almeja ser grande e ter poder. Até aqui nenhum problema. As coisas começam a se complicar quando, para ser grande e famosa, para ter poder, a pessoa passa a viver numa acomodação contínua. Isso a leva a ser um transformista plasmável e perene, mudando continuamente, de acordo com as circunstâncias. Sendo um transformista perene, o carreirista é alguém inseguro, uma vez que não tem nada de sólido e de concreto para se apoiar. E por sentir-se inseguro, o carreirista vive numa busca exasperada de futuro, de projeção, de fama e por isso faz qualquer coisa.

O carreirista não tem identidade própria, não tem projeto de vida, não tem raízes, não cultiva um sentido para a sua vida. Nele não há intencionalidade e nem educação da vontade. Pra ele vale tudo, desde que consiga ficar na "crista da onda”. Por essa razão é também alguém sem criatividade, apático, monótono e sem perspectiva de futuro, uma vez que o mais importante para ele é o momento presente. Amanhã será um novo dia e, se for preciso para manter a fama e o sucesso, ele poderá mudar completamente de atitude e de opinião. O carreirista esteticista sofre também daquilo que a Psicologia chama de síndrome de Jonas.É alguém que tem medo da liberdade e tem ciúme de quem é livre. Portanto, alguém invejoso e ciumento. Além disso, tem medo da verdade e, por isso, vive sempre negando o óbvio e o real.

O tipo carreirista esteticista foi muito bem retratado em Zelig, um antigo, mas belíssimo, filme em preto e branco do grande diretor Woody Allen. No filme o personagem Leonard Zelig está sempre se transformando, de acordo com as circunstâncias e as pessoas que o cercam. É o homem-camaleão que não tem personalidade própria. Além de mimetista, é um escravo, uma vez que nunca é ele mesmo. Vive sempre fugindo, falhando, representando, usando máscaras e disfarces. Assim, não tem passado, nem presente e não terá futuro.

Mas voltemos ao carreirismo e ao esteticismo eclesiásticos. Como dizia antes, a obsessão pelos lugares de honra e pelos títulos honoríficos de excelência e de eminência, pelo uso das roupas com longas franjas, pelas largas faixas purpuradas, pela reverência pública, é tão antiga como o próprio cristianismo. É o que nos relatam sem meios-termos os Evangelhos (Mt 23,5-7; Lc 14,7-14). Hoje essa praga é agravada pela prevalência daquilo que Bauman chama de "cultura de cassino”: as pessoas querem apenas "jogar” e jogar para ganhar. Por isso se reúnem em alguns lugares e em torno de alguém que comanda o jogo. E, na tentativa desesperada de ganhar o jogo, agem sem responsabilidade, sem ética e sem nenhum compromisso com os outros. No caso dos eclesiásticos, a Igreja se torna uma simples prateleira onde eles se mostram e se exibem e querem ser aplaudidos. A falta de discernimento sério no acompanhamento vocacional e nos seminários tem contribuído significativamente para que esse tipo de pessoas chegue, em número cada vez maior, ao ministério ordenado.

As consequências do carreirismo e do esteticismo são muitas e trágicas. Menciono apenas algumas delas. Em primeiro lugar a disputa pelo poder. Todos os carreiristas querem o primeiro lugar; almejam até mesmo colocar-se no lugar de Deus. Para alcançar esse objetivo travam uma verdadeira batalha e não hesitam passar por cima daqueles que atravessarem seu caminho (Mc 10,35-45). Recentemente tivemos um exemplo disso quando ficamos sabendo das disputas internas dentro do Vaticano. Briga-se inclusive pelo papado, estando o atual papa ainda vivo.

Uma segunda consequência é a falta de coerência e o contratestemunho. Os carreiristas "falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo” (Mt 23,3-4). Toda a preocupação deles não é com o serviço ao povo, mas com o exibicionismo: "Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros” (Mt 23,5). Ora, como nos disse profeticamente Paulo VI, a evangelização se dá sobretudo através do testemunho. Faltando coerência e sobrando exibicionismo o anúncio da Boa Notícia se transforma em escândalo.

Podemos elencar ainda como consequência do carreirismo e do esteticismo a hipocrisia, a qual consiste em fingir, em fazer de conta, em aparecer do jeito que na verdade não se é. A hipocrisia seduz as pessoas e as engana e, por isso, as impede de entrarem na dinâmica do Reino de Deus (Mt 23,13). Além disso, o carreirismo e o esteticismo, revestidos de falsa religiosidade, exploram e roubam os pobres. Estes, acreditando nos eclesiásticos, terminam por entregar-lhes até mesmo o que não possuem (Mt 23,14). Não é isso que fazem hoje certos padres milagreiros e certas televisões ditas católicas? Toda a sua "estética” é mantida com o dinheiro extorquido do pobre, que deixa muitas vezes de comprar o pão e o leite para os filhos, a fim de mandar ajuda para os opulentos e ricos pregadores das igrejas eletrônicas.

Por fim, para não prolongar a lista de consequências, podemos falar da transformação do serviço emdominação. Chamados a servir o povo, os carreiristas esteticistas terminam por dominá-lo, usando os mesmos métodos dos tiranos deste mundo (Mc 10,42). Querem o título de senhor, de mestre, de pai, quando Jesus foi muito incisivo em afirmar que somos todos irmãos (Mt 23,8). Tinha, então, razão aquele meu professor da Gregoriana em Roma, o qual, respondendo à pergunta de um aluno sobre o perigo dos heréticos, disse taxativamente: "Os piores inimigos da Igreja não são os heréticos, são os carreiristas”.


A ilusão de uma economia verde - Leonardo Boff

por SOS Mata Atlântica

Tudo o que fizermos para proteger o planeta vivo que é a Terra contra fatores que a tiraram de seu equilíbrio e provocaram, em conseqüência, o aquecimento global é válido e deve ser apoiado. Na verdade, a expressão "aquecimento global"esconde fenômenos como: secas prolongadas que dizimam safras de grãos, grandes inundações e vendavais, falta de água, erosão dos solos, fome, degradação daqueles 15 entre os 24 serviços, elencados pela Avaliação Ecossistêmica da Terra (ONU), responsáveis pela sustentabilidade do planeta(água, energia, solos, sementes, fibras etc).


A questão central nem é salvar a Terra. Ela se salva a si mesma e, se for preciso, nos expulsando de seu seio. Mas como nos salvamos a nós mesmos e a nossa civilização? Esta é real questão que a maioria dá de ombros,especialmente os que tratam da macroeconomia.


A produção de baixo de carbono, os produtos orgânicos, energia solar e eólica, a diminuição, o mais possível, de intervenção nos ritmos da natureza, a busca da reposição dos bens utilizados, a reciclagem, tudo que vem sob o nome de economia verde são os processos mais buscados e difundidos. E é recomendável que esse modo de produzir se imponha.


Mesmo assim não devemos nos iludir e perder o sentido critico. Fala-se de economia verde para evitar a questão da sustentabilidade que se encontra em oposição ao atual modo de produção e consumo. Mas no fundo, trata-se de medidas dentro do mesmo paradigma de dominação da natureza. Não existe o verde e o não verde. Todos os produtos contem nas várias fases de sua produção, elementos tóxicos, danosos à saúde da Terra e da sociedade. Hoje pelo método da Análise do Ciclo de Vida podemos exibir e monitorar as complexas inter-relações entre as várias etapas, da extração, do transporte, da produção, do uso e do descarte de cada produto e seus impactos ambientais. Ai fica claro que o pretendido verde não é tão verde assim. O verde representa apenas uma etapa de todo um processo. A produção nunca é de todo ecoamigável.


Tomemos como exemplo o etanol, dado como energia limpa e alternativa à energia fóssil e suja do petróleo. Ele é limpo somente na boca da bomba de abastecimento. Todo o processo de sua produção é altamente poluidor: os agrotóxicos aplicados ao solo, as queimadas, o transporte com grandes caminhões que emitem gases, as emissões das fábricas, os efluentes líquidos e o bagaço. Os pesticidas eliminam bactérias e expulsam as minhocas que são fundamentais para a regeneração os solos; elas só voltam depois de cinco anos.


Para garantirmos uma produção, necessária à vida, que não estresse e degrade a natureza, precisamos mais do que a busca do verde. A crise é conceptual e não econômica. A relação para com a Terra tem que mudar. Somos parte de Gaia e por nossa atuação cuidadosa a tornamos mais consciente e com mais chance de assegurar sua vitalidade.


Para nos salvar não vejo outro caminho senão aquele apontado pela Carta da Terra:"o destino comum nos conclama a buscar um novo começo; isto requer uma mudança na mente e no coração; demanda um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal"(final).


Mudança de mente significa um novo conceito de Terra como Gaia. Ela não nos pertence, mas ao conjunto dos ecossistemas que servem à totalidade da vida, regulando sua base biofísica e os climas. Ela criou toda a comunidade de vida e não apenas nós. Nós somos sua porção consciente e responsável. O trabalho mais pesado é feito pelos nossos parceiros invisíveis, verdadeiro proletariado natural, os microorganismos, as bactérias e fungos que são bilhões em cada culherada de chão. São eles que sustentam efetivamente a vida já há 3,8 bilhões de anos. Nossa relação para com a Terra deve ser como aquela com nossas mães: de respeito e gratidão. Devemos devolver, agradecidos, o que ela nos dá e manter sua capacidade vital.


Mudança de coração significa que além da razão instrumental com a qual organizamos a produção, precisamos da razão cordial e sensível que se expressa pelo amor à Terra e pelo respeito a cada ser da criação porque é nosso companheiro na comunidade de vida e pelo sentimento de reciprocidade, de interdependência e de cuidado, pois essa é nossa missão.


Sem essa conversão não sairemos da miopia de uma economia verde.Só novas mentes e novos corações gestarão outro futuro.

A crise da água e a sede de vida - Marcelo Barros

Por Adital


Marcelo Barros é assessor do CEBI e autor de O Espírito vem pelas águas.

Na próxima semana, dia 22, a ONU celebra mais um dia internacional da água. Em vários países, devido à urgência do problema, as reflexões e eventos sobre esse dia tomarão toda a semana. De fato, estamos em situação de risco. O sistema de vida no planeta Terra está ameaçado e a água se torna o bem mais precioso. Hoje, 1,1 bilhão de pessoas já não têm acesso à água potável, e 2,4 bilhão de pessoas não têm saneamento básico. Cada ano, seis milhões de pobres, dos quais quatro milhões de crianças, morrem de enfermidades ligadas a águas contaminadas. Até o ano 2025, conforme um estudo da ONU, este problema afetará metade da humanidade.

Há diversos motivos para esta crise. O planeta Terra tem 75% de sua superfície ocupada por oceanos, mas a água doce representa apenas 2,5% deste total. No último século, a população mundial aumentou muito e na maioria dos países a urbanização se fez de modo descontrolado. É ao redor das 217 bacias fluviais internacionais que se concentra 40% da população da humanidade. Por causa do crescimento demográfico e da poluição, nos últimos 30 anos, os recursos hídricos foram reduzidos em 40%. Da água disponível que tínhamos, a humanidade acabou com 5000 Km2. E muitos, ainda se comportam como se a água fosse um bem inesgotável. Usam os recursos hídricos de modo irresponsável e injusto.

A água é um recurso natural limitado e pode acabar. Tem valor econômico e competitivo no mercado. Não pode ser desperdiçada (cada vez que se toma um banho com chuveiro aberto todo o tempo desperdiça-se mais água do que se usa). Quase todos os países atualizam legislações sobre a água. Em vários lugares, há conflitos entre povos por causa da água. Há quem diga que as guerras do futuro serão por causa de água. Organizações não Governamentais e movimentos populares defendem que a água não deve ser mercantilizada - ela é mais do que uma mercadoria - e menos ainda privatizada. A Pastoral da Terra declara: "Sendo a água constitutiva do ser humano, da vida como um todo e do meio ambiente, ela é um direito natural, patrimônio da humanidade, dádiva divina e não obra humana. Por isso, ela não pode ser reduzida a uma mercadoria e a um bem particular. E nenhum ser humano pode arrogar a si o poder de negar a qualquer semelhante ou ser vivo este bem essencial à vida".

O cuidado com a água tem, então, motivos sociais e econômicos. Mas, a nossa relação com a água só mudará se aprendermos com as culturas religiosas antigas a nos relacionarmos com a terra e com a água de forma amorosa e espiritual. A Bíblia fala da água como símbolo do Espírito de Deus que derrama sobre o universo uma vida nova. Cuidar bem da água e defender os rios e fontes é uma forma de reconhecer a presença divina no universo, defender a vida e participar da Páscoa pela qual Deus "renova todas as coisas" (Ap 21, 5).

Nota:

(1) Quem quiser aprofundar mais este assunto, leia o livro: MARCELO BARROS, O Espírito vem pelas Águas, publicado pelo CEBI.

JESUS E A FOME DO POVO - REVDA LUCIA

A atitude de Jesus diante da fome de pão do povo que o acompanhava, deixa os discípulos sem entender como era possível alimentar toda aquela multidão. A compaixão de Jesus provoca uma ação de partilha.

Jesus sabia que o povo tinha fome e estava fraco para uma caminhada de volta, esta caminhada de volta para casa não poderia ser da mesma forma como quando eles foram até Jesus. Algo de diferente deveria acontecer, e aconteceu.

Jesus mostrou que, através da acolhida e da partilha, é possível matar a fome de Pão e de amor. Aqui entra o primeiro mal entendido, os discípulos pensam com a cabeça do sistema, só quem possui bens, pode arrumar pão para quem tem fome. “Como poderia aqui no deserto alguém saciar com pão toda essa gente?” O jeito tradicional é: alguém deve juntar o dinheiro e comprar o pão e depois dar ao povo.

Manter o povo dependente sem opções de participação no processo. Mas eles mesmos percebem que no deserto não é possível comprar pão. Não passa na cabeça dos discípulos outra possibilidade senão a de mandar o povo embora desanimado sem esperança e com fome de Pão, comida, barriga vazia. Para Jesus isso é possível, pois ele vê de um ponto diferente. Para Ele, o importante é todas as pessoas terem acesso ao que é mais elementar para se ter vida!

Como cristãos, ainda hoje temos muita dificuldade de viver o projeto de Jesus. Temos dificuldades em partilhar! Olhe para fora e veja quanta terra concentrada nas mãos de poucas pessoas. Quantos irmãs e irmãos nossos vivendo desanimados, desnutridos, desesperançados, por falta de terra para plantar, casa para morar e com fome de pão!

  • Como nossa comunidade está refletindo e vivendo esta proposta do Evangelho?
  • Será que estamos ainda como os discípulos, não entendemos nada?
  • Em meio a essa falta de tempo provocado pela correria da produção e do consumo, como estamos vendo e ouvindo a proposta de Jesus para um modelo diferente de vida?
  • O Modelo de vida pregado por Jesus é de compaixão, partilha, não consumismo, cuidado com a criação. Como em nossa comunidade com pequenas coisas podemos colocar em prática a proposta de Jesus?

Concretamente o ensino de Jesus é conduzir as pessoas à prática da novidade do Reino, partilhar os bens da criação sem que ninguém fique excluído(a).

O Milagre de Jesus aconteceu quando ouve um movimento em busca de pão, quando o que estava nas bolsas e bolsos das pessoas que estava caminhando com Jesus, passou a ser disponibilizado para a partilha, mesmo que pouco. É ai que o milagre começa a acontecer!

Enquanto houver alimento escondido, enquanto houver recursos públicos escondido da comunidade, enquanto pensarmos que o poder deve estar concentrado nas mãos de um grupo, jamais haverá milagre, jamais haverá pão. Os sinais estão nos pequenos gestos de acolhida de mulheres e homens que acreditam na vida. Foi difícil para os discípulos e discípulas de Jesus entender, mas no processo, na caminhada, aos poucos eles e elas foram compreendendo.

Nós também devemos fazer este processo. O milagre maior de todo esse acontecimento foi o suscitar em quem tinha algo, a disponibilidade para partilhar em favor dos que ali estavam. Todos se fartaram. Nossas comunidades e movimentos são convidados a também entrarem no movimento da partilha.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Dia Mundial da Água completa 20 anos

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março, de cada ano, é destinado a discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.

Mas porque a ONU se preocupou com a água se sabemos que dois terços do planeta Terra é formado por este precioso líquido? A razão é que pouca quantidade, cerca de 0,008 %, do total da água do nosso planeta é potável (própria para o consumo). E como sabemos, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) esta sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Pensando nisso, foi instituído o Dia Mundial da Água, cujo objetivo principal é criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver tal problema.

No dia 22 de março de 1992, a ONU também divulgou um importante documento: a "Declaração Universal dos Direitos da Água" (leia abaixo). Este texto apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população e dos governantes para a questão da água.

Mas como devemos comemorar esta importante data? Não só neste dia, mas também nos outros 364 dias do ano, precisamos tomar atitudes em nosso dia-a-dia que colaborem para a preservação e economia deste bem natural. Sugestões não faltam: não jogar lixo nos rios e lagos; economizar água nas atividades cotidianas (banho, escovação de dentes, lavagem de louças etc); reutilizar a água em diversas situações; respeitar as regiões de mananciais e divulgar idéias ecológicas para amigos, parentes e outras pessoas.


Declaração Universal dos Direitos da Água

Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher

“Eu sou a mulher que fez a escalada da montanha da vida,

removendo pedras e plantando flores”.

Cora Coralina.

Hoje é um dia para celebrar, recordar as lutas e vitórias e, acima de tudo, renovar o compromisso com a dignidade da mulher.

Hoje é um dia para relembrar que a luta continua e que precisamos reforçar e remover muitas pedras do caminho que ainda representam violência contra mulheres.

Hoje é um dia para celebrar os avanços e vitórias das mulheres na sociedade e aqui recordo as mulheres tecelãs queimadas vivas naquela histórica fábrica em New York em 1857. Elas foram a semente para o que colhemos hoje.

Desde 1910, o dia 8 de março passou a ser Dia Internacional da Mulher. Mais tarde, em 1975, esta data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

É preciso manter o alerta contra a violência às mulheres. No Brasil, 10 mulheres são assassinadas por dia vitimas da violência doméstica. enuncie, diga não a esta situação de violência.

É preciso avançar reconhecendo que todo lugar é lugar de mulher. A igreja precisa reconhecer o valor e o papel da mulher.

Somos gratos a Deus pelos avanços da Comunhão Anglicana que, já em 1944, ordenou a primeira mulher, Li Rim-Oi, na Diocese de Hong Kong. Atualmente, há um enorme número de mulheres servindo no Ministério Ordenado e ainda um número expressivo de mulheres no Episcopado.

Quatro Provincias Anglicanas já contam com mulheres no Episcopado: Igreja dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e, ainda, a Diocese de Cuba.

Historicamente, a Igreja dos Estados Unidos foi quem Ordenou a primeira mulher, Barbara Harris, em 1989, na Diocese de Massachusetts e, desde 2006, a Igreja dos Estados Unidos é presidida por uma mulher, Katarine Jefferts Schori.

Na Igreja do Brasil, IEAB, somos gratos a Deus pelo ministério das mulheres, seja através de mulheres leigas na UMEAB, seja das mulheres ordenadas ao ministério. Atualmente, das nossas 09 Catedrais, 04 são de responsabilidade de mulheres, servindo como Deãs ( Santa Maria , Porto Alegre, Brasília e Belém).

Que possamos também reafirmar que todo dia é dia da mulher e que possamos dar graças a Deus pela força e esperança na vida transmita por todas as mulheres.

“elas brigam por aquilo que acreditam.

Elas levantam-se para injustiça.

Elas não levam ‘não’ como resposta

quando acreditam que existe melhor resposta.”

Pablo Neruda.

Com abraço do Vosso Primaz.


No dia 8: luta e indignação - Nancy Cardoso


Dia de luta dos movimentos internacionalistas de mulheres, o 8 de março nunca foi um dia fácil de engolir! Entre o fim de fevereiro e o começo de março as mulheres socialistas dos inícios de 1900 na Rússia, na Europa e nos Estados Unidos celebravam seu dia de luta a partir de acontecimentos importantes: greves, manifestações, enfrentamentos!

Em plena Guerra Mundial, em 1917, na Rússia, as mulheres socialistas realizaram seu Dia da Mulher no dia 23 de fevereiro, pelo calendário russo. No calendário ocidental, a data correspondia ao dia 8 de março. Neste dia, em Petrogrado, um grande número de mulheres operárias, na maioria tecelãs e costureiras, contrariando a posição do Partido, que achava que aquele não era o momento oportuno para qualquer greve, saíram às ruas em manifestação; foi o estopim do começo da primeira fase da Revolução Russa, conhecida depois como a Revolução de Fevereiro.

O que elas queriam? O que nós queremos?

Abolir a propriedade privada? Com certeza!! Abolir a propriedade privada como base da sociedade que estrutura desigualdades, cria hierarquias de poder e mantém uma sistemática guerra contra a natureza e seus seres. O 8 de março é um dia de luta contra a propriedade privada... também no âmbito das relações sociais, do casamento e da sexualidade. Cama, mesa e banho. É isto mesmo... queremos abolir os poderes de latifundiários, empresários, políticos, patrões, maridos e senhores. Horrorizai-vos! O 8 de março é um dia anti-burguês, contra as ridículas homenagens burguesas que tentam continuar emburrecendo as mulheres com tradição, família & propriedade ou flores, bombons & um laço de fita, ou mitos do amor romântico, da beleza e da maternidade. Horrorizai-vos! é contra tudo isso que lutamos, articulando classe-gênero e etnia na construção de um eco-socialismo feminista.

E a burguesia grita!! "Vocês mulheres, feministas, comunistas querem introduzir a comunidade das mulheres!!" É verdade! Já vivemos assim! Já somos comunidade e construímos na luta nossa unidade entre mulheres do campo e da cidade! Não aceitamos ser reduzidas a instrumento de produção e reprodução do capital, da família e do poder masculino. Nós arrancamos nós mesmas das formas violentas e históricas que querem nos manter subordinadas, minorizadas e desiguais.

Neste exato momento centenas de mulheres camponesas do Rio Grande do Sul estão debaixo da lona preta, debaixo do eucaliptal, num dos 200 mil hectares das multi-imperialistas do agronegócio florestal - Aracruz, Votorantin, Stora Enso, Boise... - denunciando que o deserto verde está impedindo a reforma agrária e inviabilizando a agricultura camponesa.

Neste exato momento as mulheres da Via Campesina e suas crianças morrem de pena das árvores enfileiradinhas, da terra ocupada com nada, do alimento que não brota do chão, da água que não tem mais tempo de molhar. Observadas pela Brigada Militar - seus cavalos e cachorros - as mulheres abençoam o mundo e dormem entre o medo e a solidariedade. Toda a campina se ilumina perdoando as árvores de mentira em sua feiúra. E no escuro, elas se fazem Via... láctea, campesina, revolucionária e planejam hortas, pomares e cozinhas de um plano camponês para o Brasil.

Neste exato momento mulheres fortes, atentas e decididas fazem a segurança do acampamento nas terras da Boise. Quem quiser doçura, carinho, afeto e graciosidade... melhor que escreva sobre confeitarias ou almofadas. O grande amor da vida delas vai misturado com a capacidade de saber endurecer... perdendo a paciência quando precisar.

Elas perdoam as mulheres burguesas e suas mentirinhas, as feministas interrompidas e suas teologias, mas não toleram mais discursos gerais sobre mulheres inexistentes, nem elogios da diferença que não fazem diferença alguma. É por dentro da luta de classes que a luta das mulheres trabalhadoras acontece. É por dentro das mulheres que a luta de classes avança.

Horrorizai-vos! Senhores teólogos. O 8 de março chegou anunciando também- contra toda a esperança! - que os dias do deus-pai estão contados e que há de chegar o dia - e já veio - em que se fará teologia com o coração ardente, contra toda violência e propriedade.

* Pastora metodista. Coordenação nacional da Comissao pastoral da terra-CPT

quarta-feira, 7 de março de 2012

Cármen Lúcia é eleita primeira presidenta do Tribunal Superior Eleitoral


07.03.2012 – Por 6 votos a 1, ela venceu o colega Marco Aurélio de Mello.

Cármen Lúcia é eleita primeira presidenta do Tribunal Superior Eleitoral

Nesta terça-feira (6), a Ministra Cármen Lúcia foi eleita presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela venceu o colega Marco Aurélio de Mello por 6 votos a 1, e comandará os pleitos municipais deste ano, na posição antes ocupada por Ricardo Lewandowski.

Cármen Lúcia é Ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2006 e já era vice-presidente do TSE antes de conquistar a presidência. A duração do cargo é de dois anos.

Depois da proclamação do resultado, a nova presidente do TSE lembrou da comemoração dos 80 anos do direito ao voto feminino no Brasil (24 de fevereiro) e disse: “Queremos, homens e mulheres, construir um Brasil justo. Agradeço muito ao tribunal e me comprometo cada vez mais com ele”.

A Ministra foi uma das principais defensoras da Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados por órgãos colegiados da Justiça. Ela também defende barrar candidaturas nos casos em que as contas eleitorais tenham sido rejeitadas.



segunda-feira, 5 de março de 2012

A profecia da mulher - Marcelo Barros - por Adital


A cada ano, a humanidade celebra o dia internacional da mulher e aparentemente a condição feminina na sociedade ainda não foi radicalmente transformada. As estatísticas mostram que, apesar de leis mais claras e até de uma Secretaria especial da Presidência da República para as mulheres, estas ainda continuam sendo objeto de abusos e violências. Infelizmente, as religiões que deveriam ser instrumentos de humanização e justiça, quase todas têm sido elas mesmas injustas com as mulheres. Desenvolveram uma visão patriarcal de Deus e da fé. Por isso, discriminam a mulher no acesso aos ministérios de coordenação. No Judaísmo, ainda são raras as mulheres rabinas. No Islã, em geral, os imãs são homens, no hinduísmo também não existem mulheres reconhecidas como lamas (gurus). No Cristianismo, as Igrejas orientais e a Igreja Católica não aceitam o sacerdócio feminino. Somente nas religiões de matriz africana, as mulheres sempre tiveram um papel importante. Vários templos do Candomblé são coordenados por Yalorixás ou mães de santo, reconhecidas por suas comunidades como sacerdotisas.

Entre todas as grandes mudanças sociais, características do século XX, certamente o feminismo foi uma das principais conquistas da sociedade. Foi a maior revolução pacífica de nossa história recente. O feminismo nasceu fora das religiões, transformou a democracia e os direitos humanos individuais e coletivos. Incluiu as mulheres como sujeitos e protagonistas de sua história e da libertação da terra e da humanidade. O feminismo surgiu na sociedade civil, mas acabou contagiando as comunidades religiosas das principais tradições espirituais.

Apesar da marginalização injusta que as mulheres têm sofrido por parte da maioria das religiões, elas formam a maioria dos fiéis e assumem responsabilidade nas comunidades. No Brasil e em outros países, muitas comunidades eclesiais são coordenadas e animadas por mulheres, embora elas não sejam reconhecidas como ministras. Certamente, por isso, nas últimas décadas, em todas as religiões e especialmente nas Igrejas cristãs, tem se desenvolvido uma verdadeira teologia feminista que ressalta a profecia da mulher nas Igrejas e no mundo. A teologia feminista parte das experiências de sofrimento, lutas e resistência das mulheres contra o patriarcado. Reescreve a história das religiões e da espiritualidade a partir da perspectiva de gênero, dando voz e protagonismo às mulheres. Criou o eco-feminismo que liga à luta pela libertação da mulher à opressão que tem sofrido a terra e a natureza. A teologia feminista da libertação tem dado uma contribuição inédita à caminhada das Igrejas no meio do povo, ao revelar que a luta pela libertação tem de passar pela superação do patriarcado para suscitar uma verdadeira relação de gêneros na luta por um mundo novo possível.

Uma anedota judaica conta que, no início de tudo, Deus tinha criado a mulher. Como esta se sentiu sozinha, pediu a Deus um companheiro e Deus hesitou: - Você deve saber: por natureza, o homem (macho) é arrogante. Tem sempre a sensação de ser o primeiro, quer ser mais importante de tudo. Não se conformará em ser o segundo.

E a mulher respondeu: - Então vamos deixar que ele pense que foi o primeiro a ser criado. Isso fica um segredo entre nós.

Deus aceitou: Tudo bem. Guardemos então esse segredo e deixemos o homem pensar que foi o primeiro.

A mulher quis garantir: Então, você, Deus, promete mesmo manter esse segredo? Deus respondeu: Prometo. Palavra de mulher não nasceu para ser apenas feminina, mas para envolver homens e mulheres em uma reflexão.


Dilma enquadra golpistas - Valdemar Menezes, Jornalista, analista político - Adital

Há muito, os clubes dos militares da reserva se transformaram em refúgio de saudosistas da ditadura. Há quem veja %u201Cdelírio%u201D na manifestação dos militares de pijama..."

A presidente Dilma Rousseff (foto) ordenou aos comandantes militares, através do ministro da Defesa, Celso Amorim, que enquadrassem os presidentes dos clubes militares das três forças armadas por nota assinada por eles contra a própria presidente, na qual exigiam que esta desautorizasse críticas à ditadura de 1964, feitas pelas ministras Maria do Rosário (Secretaria de Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Secretaria das Mulheres). Foi o bastante para que os golpistas dessem o dito por não dito, fazendo uma retratação como o exigido. A ação enérgica da presidente desmontou a tentativa de desmoralizar o governo legítimo e incentivar a insubordinação contra a Comandante-em-Chefe das Forças Armadas.

SAUDOSISTAS

Há muito, os clubes dos militares da reserva se transformaram em refúgio de saudosistas da ditadura. Há quem veja "delírio” na manifestação dos militares de pijama, pois estão isolados e cegos ao fato de que o País vive sob um Estado Democrático de Direito, não mais tolerando "pronunciamentos” militares, como se isto aqui fosse uma "Banana Republic”. E que tem uma presidente da República altamente aprovada e respeitada, cuja história de resistência à ditadura (sendo presa e torturada por isso) é admirada, aqui e no Exterior (basta ver a fala de Obama, no Brasil, quando enfatizou esse aspecto heroico de Dilma).

DESCULPAS

Muitos concordam que teria sido menos desabonador para as biografias desses militares se, ao invés da nota impertinente (que não expressa o pensamento majoritário nas Forças Armadas, nem mesmo o da maioria dos militares da reserva) eles tivessem tido o bom senso de seguir o exemplo dos seus colegas da Argentina, Chile e Uruguai, que pediram desculpas a seus povos por terem demolido o Estado Democrático de Direito, valendo-se das armas, e com isso abrindo espaço para violações criminosas dos direitos humanos.

APURAÇÃO

O gesto de insubordinação foi uma tentativa de intimidar a Comissão da Verdade, cujos trabalhos de apuração dos crimes cometidos pelos ex-agentes da ditadura estão prestes a começar. Tem-se como certo que o caso Rubens Paiva, ex-deputado federal assassinado sob tortura, será um dos primeiros a ser reaberto. Junto com ele, as mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho, ambos igualmente trucidados, depois de presos. Na verdade, vários dos torturados ou assassinados nos porões do regime eram pessoas sem nenhuma vinculação com o movimento armado. Assim como há casos de militantes do porte dos 41 guerrilheiros executados a sangue frio, no Araguaia, depois de rendidos - como confessou o próprio major Sebastião Curió, comandante da operação. Esse extermínio foi motivo de condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Realmente, há motivos para ficarem nervosos.

Dengue – repelente para Aedes Aegypti

ESTA INFORMAÇÃO É DE UMA MÉDICA.

ATENÇÃO: FALA-SE QUE NO RIO DE JANEIRO ESTÃO ESPERANDO A MAIOR INCIDÊNCIA DA HISTÓRIA, DE DENGUE ESTE ANO. VAMOS FAZER NOSSA PARTE.

Estou repassando, por entender tratar-se de uma solução fácil para um problema que vem se arrastando e adoecendo tantas pessoas.

Este repelente caseiro, ingredientes de grande disponibilidade, fácil de

preparar em casa, de agradável aroma,econômico.

Em contato com pessoas, tenho notado que não se protegem, estão reclamando que crianças estão cheias de picadas.

Tenho distribuído frascos como amostra, todos estão aderindo.

Já distribuí 500 frascos e continuo.

Mas, sou sozinha, trabalhando com recursos próprios, devido ao grande número de casos de dengue, não consigo abranger.

Gostaria que a SUCEN sugerisse aos municípios distribuir este repelente (numa emergência) nos bairros carentes com focos da dengue, ensinando o povo para futuramente preparar e usar diariamente, como se usa sabonete, pasta de dente.

Protegeria as pessoas e ao mesmo tempo, diminuiria a fonte de proteína do sangue humano para o aedes maturar seus ovos, atrapalhando assim, a proliferação.

Não acham que qualquer ação que venha a somar nesta luta deveria ser bem vinda?

DENGUE:

FAÇA O REPELENTE DOS PESCADORES EM CASA:

- 1/2 litro de álcool;

- 1 pacote de cravo da Índia (10 gr);

- 1 vidro de óleo de nenê (100ml)

Deixe o cravo curtindo no álcool uns 4 dias agitando, cedo e de tarde;

Depois coloque o óleo corporal (pode ser de amêndoas, camomila, erva-doce, aloe vera).

Passe só uma gota no braço e pernas e o mosquito foge do cômodo.

O cravo espanta formigas da cozinha e dos eletrônicos, espanta as pulgas dos animais.

O repelente evita que o mosquito sugue o sangue, assim, ele não consegue maturar os ovos e atrapalha a postura, vai diminuindo a proliferação.

A comunidade toda tem de usar, como num mutirão.

Não forneça sangue para o aedes aegypti!

Ioshiko Nobukuni

- sobrevivente da dengue hemorrágica

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Uma observação da Nair Adelaide:

Aqui em casa sempre temos este preparado. Minha filha usava quando fazia trabalho de campo para o mestrado em Biologia e tinha que passar a noite no mangue.

Quando eu faço, coloco bastante cravo para ficar mais forte.Acho que 10 gr é pouco. O óleo deve ser misturado só depois de bem curtido. Ele serve para fixar na pele. Usamos quando vamos pescar ou em qualquer ocasião em que se faz necessário. Além de eficiente, é cheiroso.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Morre O Biblista MIltom Schwante


Irmãs e irmãos, É com tristeza que voltamos a escrever, desta vez para comunicar o falecimento de nosso companheiro Milton Schwantes.

Milton faleceu hoje, 1° de março.

Faleceu na madrugada de hoje, 1° de março, o biblista Milton Schwantes.

Milton viveu os últimos anos de sua vida com sérios problemas de saúde, dando um testemunho de resistência e de alegria.

Desde agosto de 2002, depois de uma delicada cirurgia para retirada de um tumor na hipófise, conviveu com sobriedade com graves limites físicos. Os últimos dois meses passou hospitalizado.

A contribuição de Milton Schwantes à Leitura Popular da Bíblia e à caminhada do CEBI foi muito grande. É inegável que sem suas reflexões, o CEBI não conseguiria assegurar a ecumenicidade. A perspicácia e a simplicidade na interpretação dos textos bíblicos foi outra grande contribuição de Milton a toda a leitura bíblica praticada no Brasil e na América Latin

Milton viveu os últimos anos de sua vida com sérios problemas de saúde, dando um testemunho de resistência e de alegria. Desde agosto de 2002, depois de uma delicada cirurgia para retirada de um tumor na hipófise, conviveu com sobriedade com graves limites físicos. Os últimos dois meses passou hospitalizado.





Milton Schwantes é teólogo e pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Biblista, Schwantes é uma das principais referências do método de leitura popular da Bíblia na América Latina e autor de diversos livros, alguns traduzidos em espanhol, alemão e inglês.

Formado em Teologia pela Escola Superior de Teologia - EST (1970). Fez seu doutorado em Bíblia na Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Apesar dos vários títulos de Doutor Honoris Causa concedidos por diversas universidades, enquanto teve forças, continuou assessorando grupos e comunidades (veja sua entrevista A teologia e o Direito dos Pobres)

A contribuição de Milton Schwantes à Leitura Popular da Bíblia e à caminhada do CEBI foi muito grande. É inegável que sem suas reflexões, o CEBI não conseguiria assegurar sua ecumenicidade. A perspicácia e a simplicidade na interpretação dos textos bíblicos foi outra grande contribuição de Milton a toda a leitura bíblica praticada no Brasil e na América Latina.

" Ficamos sem mais um profeta", lembra Adeodata Maria dos Anjos, atual diretora nacional do CEBI. Ainda segundo a Diretora, "sua voz silenciou, mas continuará ecoando e transformando corações".

A pastora Elaine Neuenfeldt, ex-diretora nacional, descreve emocionada: "Milton foi inspirador de muito de nós, estudantes de Bíblia, aprendizes da leitura popular; particularmente, devo muitas das minhas reflexões no Antigo Testamento ao trabalho do Milton; ele foi um dos primeiros na EST (Escola Superior de Teologia) a propor um Curso de Aprofundamento Teológico sobre mulheres no AT. O movimento de leitura popular da biblia e a pesquisa bíblica perde um dos seus grandes nomes, um luterano brasileiro que deixa um legado muito importante pra nós".

"Vai fazer uma falta danada! Mas tem tanto livro, tanta gente e tanta paixão que ressuscitado está!", afirma a pastora metodista e colaboradora do CEBI Nancy Cardoso Pereira.

Livro de Milton sobre Gn 1-11 (CEBI)

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