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sexta-feira, 28 de outubro de 2011
As mulheres na Reforma Protestante
Sonia Mota (Sonia Motta é pastora da IPU e colaboradora no CEBI. É organizadora do livro Juventude Superando a Violência) No calendário protestante, o dia 31 de outubro é uma data importante, pois é a data em que se comemora o dia da Reforma. Todo protestante com um mínimo de conhecimento de história da Igreja citará de cor reformadores como Martinho Lutero, João Calvino, João Knox, Ulrico Zwínglio, Filipe Melanchton e outros. Mas nesta lista está faltando uma parte importante desta história. Onde estão as mulheres que atuaram pela Reforma da Igreja, defendendo, entre outros, a ordenação de mulheres? Que foi feito da memória delas e do trabalho que realizaram? Sabemos que ambos, homens e mulheres, tiveram papel relevante no movimento da Reforma. Mas lamentavelmente as mulheres são geralmente esquecidas. No que segue, queremos dar visivilidade à importância da atuação de algumas destas mulheres, que inclusive tiveram que se defender dos próprios reformadores homens. 1. A posição dos reformadores Na tradição reformada, embora o sacerdócio universal dos crentes fosse um tema amplamente difundido, ele não foi aplicado para garantir às mulheres o direito ao ministério ordenado. Se, na Idade Média, o ideal feminino era o de monja, na época da Reforma, o ideal era ser esposa e mãe. Lutero viu como apropriado para as mulheres o papel de ajudantes e companheiras dos homens, cabendo a elas o tradicional papel de esposa e mãe, permanecendo sujeitas aos maridos. Para ele, não existe nenhuma permissão divina para que elas exerçam papel de liderança. Mesmo as que são rainhas precisam de um conselho masculino para administrarem, pois só ao homem é dado o direito de mandar (1). João Knox é ainda mais radical, chegando até mesmo a ser grosseiro ao publicar um tratado intitulado "O primeiro clangor da trombeta contra o monstruoso regimento das mulheres" (1558), no qual anunciou a sua posição contra qualquer tipo de governo de mulheres, o que para ele significava contrariar a natureza da Escritura e usurpação da autoridade masculina. Mesmo reconhecendo que Deus colocou mulheres notáveis em posição de comando, ele afirma que as mulheres "são fracas, débeis, impacientes, vulneráveis e tolas; e a experiência tem demonstrado que elas são inconstantes, volúveis, cruéis e destituídas do espírito de deliberação e organização" (2). Há quem justifique esta postura devido às experiências que este reformador teve com as rainhas. Calvino assume uma posição ambivalente. Segundo Jane Douglas (3), "Calvino é o único teólogo do século XVI que vê o silêncio das mulheres na Igreja como coisa ‘indiferente', isto é, como matéria determinada pela lei humana e não pela lei divina". Ele mesmo manteve contato e trocou correspondência com Marguerite de Angoulême. Calvino tratou do assunto sobre o silêncio das mulheres, instituído por Paulo na Igreja, como matéria de ordem política. Examinou criticamente vários textos bíblicos, nos quais reconhece a participação e a importância da mulheres nas Escrituras Sagradas. No seu comentário sobre Gênesis, rompeu com a tradição escolástica ao afirmar que a mulher não foi dada para Adão para ter filhos, mas para ser sua companheira. No entanto, mantém a subserviência da mulher em relação ao homem (4). Mesmo analisando os textos referentes à participação das mulheres na Bíblia, e até rompendo com a tradição em alguns escritos, o seu trabalho não trouxe conseqüências favoráveis ao papel das mulheres na liderança das Igrejas. Embora reconhecesse a existência de profetisas, admitia que seria um escândalo uma mulher ensinar ao seu marido pela pregação. Faltou aos reformadores coerência teológica, pois todas as pessoas, independentemente de raça, gênero ou condição social, estão incluídas no sacerdócio universal dos crentes. Mas apesar dos posicionamentos das lideranças masculinas da Reforma, as mulheres buscaram ocupar seus espaços e muitas delas tornaram-se pregadoras. 2. As reformadoras Catarina von Bora (1499-1550), na Alemanha, talvez seja a mulher mais lembrada da Reforma, sendo hoje reconhecida por ter extrapolado o papel de "esposa de Lutero". Além de excelente administradora dos bens familiares e da casa, conhecia os segredos da medicina caseira, utilizando seus conhecimentos para curar muitas pessoas. Além disto, havia sido monja e, mesmo antes de casar com Lutero, já conhecia o pensamento do reformador através dos seus escritos. Era uma mulher culta, que sabia ler e escrever. Com seus conhecimentos e por participar dos debates que aconteciam em sua casa, Catarina pôde opinar sobre assuntos referentes à Reforma. Em uma das cartas, Lutero informa a ela sobre o Colóquio de Marburg, que tivera com outros reformadores sobre a Santa Ceia, destacando-se dentre eles Zwínglio. Além do mais, foi ela quem incentivou Lutero a responder a Erasmo, quando este escreveu De Libero Arbitrio, ao que Lutero respondeu com o escrito De Servo Arbitrio (5). Catarina Schutz Zell (1497-1562), de Estrasburgo, era uma mulher culta, leitora de Lutero; casou-se com um sacerdote que sofreu a excomunhão. Para defender o esposo, escreveu ao bispo cartas de protesto em defesa do casamento clerical: Você me lembra que o apóstolo Paulo disse que as mulheres estejam caladas na Igreja. Eu desejo lembrar-lhe as palavras do mesmo apóstolo de que em Cristo não há mais macho nem fêmea, e a profecia de Joel: "Derramarei do meu espírito sobre toda a carne e seus filhos e suas filhas profetizarão". Não pretendo ser João Batista repreendendo os fariseus. Não alego ser Natan censurando Davi. Só aspiro ser a besta de Balaão castigando o seu senhor (7). Recebia em casa muitos líderes da Reforma, entre eles Calvino. Além de acolher em casa pessoas perseguidas por causa da Reforma., Catarina Zell também escrevia muito, e em suas cartas incentivava as mulheres dos fugitivos a permanecerem firmes na fé. Estes escritos foram publicados como tratado de consolação. Escreveu também comentários sobre os Salmos 51 e 130, sobre a oração dominical e o Credo. Prestou serviços de acolhida a flagelados, exercendo o ministério da visitação. Intercerdeu por melhorias hospitalares. Pregou diversas vezes, inclusive na morte do esposo. Claudine Levet (1532...?) atuou em Genebra. As atividades desta mulher foram relatadas nas atas de Antoine Fromment, pastor protestante da época. Quando se achava em um ajuntamento em que não havia ministros, os presentes pediam-lhe para explicar a Escritura, porque não podiam encontrar pessoa mais bem dotada com a graça do Senhor. Deixando para trás todas as suas pompas aplicou suas posses no socorro aos pobres, principalmente aos da família da fé, e os que haviam sido expulsos por causa da verdade, recebendo-os em sua casa (8). Através das informações registradas por Fromment, é possível concluir que Claudine Levet pregava publicamente em Genebra, antes mesmo da chegada de Calvino. Marie Dentière (9) também atuou em Genebra, não só pregando como publicando livros. Entre estes estão A Guerra e o Livramento da Cidade de Genebra (1536), sobre a Reforma genebrina entre 1504 a 1536, Defesa das Mulheres e Uma Carta Muito Útil (1539), duas cartas escritas para a rainha Marguerite de Navarra. Dentière conclui a carta Defesa das Mulheres fazendo um apelo à rainha para que interceda junto ao irmão, o rei da França, fazendo com que se elimine a divisão entre homens e mulheres, pois estas também receberam revelações que não podem ficar escondidas. Embora não seja permitido a nós (mulheres) pregar em assembléias públicas e nas Igrejas, não obstante não nos é proibido escrever e admoestar uma a outra com todo o amor. Não somente para vós, senhora, desejei escrever esta carta, mas também comunicar coragem a outras mulheres mantidas em cativeiro, a fim de que todas elas não temam ser exiladas do seu país, parentes e amigos, como eu mesma, por causa da Palavra de Deus. Para que elas possam, de agora em diante, não ser atormentadas e afligidas em si mesmas, mas antes, rejubiladas, consoladas e estimuladas a seguir a verdade, que é o evangelho do Senhor Jesus Cristo. Até agora, este evangelho tem estado escondido, de sorte que ninguém ousa dizer uma palavra a respeito dele, e apareceu que as mulheres não deviam ler e entender nada dos escritos sagrados. É esta a causa principal, minha senhora, que me compeliu a escrever a V. Excia., esperando em Deus que no futuro as mulheres não serão tão desprezadas como no passado... em todo o mundo (10). O estilo literário de Dentière mostra que ela escreve como mulher para mulheres, utilizando mesmo o recurso inclusivo, não omitindo nos seus escritos as figuras femininas da Bíblia, alertando para o fato de que não foram as mulheres que traíram Jesus ou foram falsas profetisas. Quando analisa o encontro de Jesus com a mulher samaritana, destaca esta mulher como uma das maiores entre os pregadores. E quanto à ordem de Jesus para as mulheres que testemunharam sua ressurreição, ela conclui: Se Deus deu então a graça a algumas boas mulheres, revelando-lhes, pelas Santas Escrituras, algo santo e bom, não ousariam elas escrever, falar e declará-lo uma à outra? Ah! seria uma audácia pretender impedi-las de fazê-lo. Quanto a nós, seria muita tolice esconder o talento que Deus nos deu (11). Uma calvinista inglesa, Rachel Specht, usou, em 1621, a parábola dos talentos para defender o direito das mulheres. Ela argumentava que as mulheres receberam corpo, alma e espírito de Deus. A alma, segundo ela, era o lugar onde habita a mente, a vontade e o poder. Para que Deus daria todos estes talentos a elas se não para serem usados? Não usá-los seria uma irresponsabilidade. As mulheres precisavam assumir o compromisso com o Evangelho, ou teriam que responder diante do Senhor pelo mau uso dos seus talentos. Rachel escrevia em forma de poesia e usava o próprio nome, em uma época em que as mulheres faziam uso de pseudônimos masculinos para permanecer no anonimato. As suas anotações eram abonadas por passagens bíblicas, o que revela seu conhecimento e capacidade de argumentação teológica (12). As denominações oriundas da Reforma levaram algum tempo para permitir a ordenação de mulheres. Ainda hoje, em alguns lugares e em determinadas denominações, lamentavelmente ela não é permitida. Resgatar esta história é fazer justiça a estas mulheres que tiveram a coragem de fazer diferente, abrindo caminhos para que tantas outras pudessem assumir o púlpito e ser ordenadas ao ministério. Que o dia 31 de outubro seja também um espaço de comemorar todas estas reformadoras e de continuar lutando pelo nosso direito de exercer "o sacerdócio universal de todos os e todas as crentes". (1) Martim LUTERO. Obras selecionadas, v. 5, p. 160-169). (2) John KNOX, The first blast of the trumpet against the monstruous regiment of women (1558), in: The works of John Knox, ed. David Laing, v. IV, p. 366-373, ap. J. D. DOUGLAS, op. cit., p. 103-104. (3) ID., ibid., p. 26. (4) George H. TAVARD, Woman in Christian Tradition, p. 176. (5) Heloísa Gralow DALFERTH, Katharina von Bora, em especial p. 86. (6) Alexander Duncan REILY, Ministérios Femininos em Perspectiva Histórica, p. 136-137. (7) R. BAINTON, Women of the Reformation in Germany and Italy, p. 55, apud: J. D. DOUGLAS, op. cit. p. 101. (8) Anthoine FROMMENT, Les Actes et gestes merveilleux de la cité de Genève, apud: J. D. DOUGLAS, op. cit., p. 110. (9) J. D. DOUGLAS, op. cit., p. 111-114. (10) Apud J. D. DOUGLAS, op. cit., p. 112-113. (11) Apud J. D. DOUGLAS, op. cit., p. 113. (12) W. DEIFELT, op. cit., p. 365-366.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
CRIANÇAS CELEBRAM EM MARINGÁ
Festa da Criança em Maringá |
terça-feira, 25 de outubro de 2011
MULHERES LERROVILLE
Encontro de reflexão mulheres Lerroville!!! |
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
A ilusão de uma economia verde - Leonardo Boff, Teólogo, Filósofo e Escritor
Tudo o que fizermos para proteger o planeta vivo que é a Terra contra fatores que a tiraram de seu equilíbrio e provocaram, em consequência, o aquecimento global é válido e deve ser apoiado. Na verdade, a expressão "aquecimento global” esconde fenômenos como: secas prolongadas que dizimam safras de grãos, grandes inundações e vendavais, falta de água, erosão dos solos, fome, degradação daqueles 15 entre os 24 serviços, elencados pela Avaliação Ecossistêmica da Terra (ONU), responsáveis pela sustentabilidade do planeta (água, energia, solos, sementes, fibras etc.). A questão central nem é salvar a Terra. Ela se salva a si mesma e, se for preciso, nos expulsando de seu seio. Mas como nos salvamos a nós mesmos e a nossa civilização? Esta é real questão que a maioria dá de ombros. A produção de baixo de carbono, os produtos orgânicos, energia solar e eólica, a diminuição, o mais possível, de intervenção nos ritmos da natureza, a busca da reposição dos bens utilizados, a reciclagem, tudo que vem sob o nome de economia verde são os processos mais buscados e difundidos. E é recomendável que esse modo de produzir se imponha. Mesmo assim não devemos nos iludir e perder o sentido crítico. Fala-se de economia verde para evitar a questão da sustentabilidade que se encontra em oposição ao atual modo de produção e consumo. Mas no fundo, trata-se de medidas dentro do mesmo paradigma de dominação da natureza. Não existe o verde e o não verde. Todos os produtos contem nas várias fases de sua produção, elementos tóxicos, danosos à saúde da Terra e da sociedade. Hoje pelo método da Análise do Ciclo de Vida podemos exibir e monitorar as complexas inter-relações entre as várias etapas, da extração, do transporte, da produção, do uso e do descarte de cada produto e seus impactos ambientais. Ai fica claro que o pretendido verde não é tão verde assim. O verde representa apenas uma etapa de todo um processo. A produção nunca é de todo ecoamigável. Tomemos como exemplo o etanol, dado como energia limpa e alternativa à energia fóssil e suja do petróleo. Ele é limpo somente na boca da bomba de abastecimento. Todo o processo de sua produção é altamente poluidor: os agrotóxicos aplicados ao solo, as queimadas, o transporte com grandes caminhões que emitem gases, as emissões das fábricas, os efluentes líquidos e o bagaço. Os pesticidas eliminam bactérias e expulsam as minhocas que são fundamentais para a regeneração os solos; elas só voltam depois de cinco anos. Para garantirmos uma produção, necessária à vida, que não estresse e degrade a natureza, precisamos mais do que a busca do verde. A crise é conceptual e não econômica. A relação para com a Terra tem que mudar. Somos parte de Gaia e por nossa atuação cuidadosa a tornamos mais consciente e com mais chance de assegurar sua vitalidade. Para nos salvar não vejo outro caminho senão aquele apontado pela Carta da Terra:”o destino comum nos conclama a buscar um novo começo; isto requer uma mudança na mente e no coração; demanda um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal”(final). Mudança de mente significa um novo conceito de Terra como Gaia. Ela não nos pertence, mas ao conjunto dos ecossistemas que servem à totalidade da vida, regulando sua base biofísica e os climas. Ela criou toda a comunidade de vida e não apenas nós. Nós somos sua porção consciente e responsável. O trabalho mais pesado é feito pelos nossos parceiros invisíveis, verdadeiro proletariado natural, os microorganismos, as bactérias e fungos que são bilhões em cada colherada de chão. São eles que sustentam efetivamente a vida já há 3,8 bilhões de anos. Nossa relação para com a Terra deve ser como aquela com nossas mães: de respeito e gratidão. Devemos devolver, agradecidos, o que ela nos dá e manter sua capacidade vital. Mudança de coração significa que além da razão instrumental com a qual organizamos a produção, precisamos da razão cordial e sensível que se expressa pelo amor à Terra e pelo respeito a cada ser da criação porque é nosso companheiro na comunidade de vida e pelo sentimento de reciprocidade, de interdependência e de cuidado, pois essa é nossa missão. Sem essa conversão não sairemos da miopia de uma economia verde. Só novas mentes e novos corações gestarão outro futuro.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Bíblia
- Os sete livros são: Tobias, Judite, 1º e 2º Macabeus, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, são livros que foram escritos em Grego. Eles se encontram só na tradução grega da Bíblia, chamada em português de “setenta”, Tradução feita pelos Judeus a partir do 3º século.
- CAPÍTULO: é o número maior que aparece no texto. Ex.: Lucas 4, ou 4:)
- VERSÍCULO: é o número menor que aparece no meio dos textos, Ex.: Lc 4,16 -20 (procurar na Bíblia, Lucas 4, 16-20)
- VAMOS TRABALHAR Responder.
Qual é o maior mandamento da Lei ? (Mateus 22,34-40) - Ildo Bohn Gass
Em que parte das Escrituras Jesus busca o espírito da Lei, o princípio do amor? Para o primeiro mandamento, ele recorre a um dos livros da Lei judaica, o Deuteronômio (6,4-5): Amarás ao Senhor, teu Deus... É um amor intenso, isto é, com todo o nosso ser: coração, alma, força vital e mente.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
JUSTIÇA AMBIENTAL, AMOR A VIDA.
BENÇÃO DOS ANIMAIS |
JANTAR PARTILHADO E BINGO PARA DESCONTRAIR!
FESTA NA SÃO LUCAS |
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
DIA DAS CRIANÇAS
FESTA DO DIA DA CRIANÇA EM LERROVILLE |
O que é de César a César... O que é mesmo de César? - Mateus 22, 15-22
Um plano bem armado: fazer Jesus cair na armadilha de suas próprias palavras! A cilada é introduzida por um elogio que é, ao mesmo tempo, reconhecimento de integridade: "Mestre, sabemos que és verdadeiro, que ensinas o caminho de Deus... que não consideras as pessoas pela aparência..." (v. 16). Depois do elogio, a pergunta: "É lícito ou não pagar o imposto a César?"
Em caso de resposta afirmativa, toda a pregação de Jesus cairia por terra diante do povo. A ocupação romana era o que havia de mais explorador, a transferência de impostos para Roma era elemento provocador de miséria e fome. Além disso, do ponto de vista religioso, pagar o imposto significava aceitar o culto ao imperador. Na própria moeda, podia-se ler:Tibério César, Filho do Divino Augusto. Por isso, os fariseus e a maioria do povo se opunham ao pagamento.
Por outro lado, se Jesus responde que não se deve pagar o tributo, é apanhado em atitude aberta de afronta ao império. Os próprios herodianos, favoráveis ao pagamento do tributo e a serviço dos romanos, ali estavam para o flagrante.
A resposta de Jesus desmascara qualquer religião fetichista e legitimadora do sistema, seja a divulgada pela propaganda imperialista, seja a alimentada pelas autoridades judaicas (no texto, representadas pelos fariseus). É possível que Jesus tenha tocado no coração do sistema religioso romano: o lucro proveniente da cobrança do tributo imposta às províncias conquistadas por Roma. Ao questionar o caráter divino do imperador, todo culto a ele prestado (leia-se: submissão, oferenda e pagamento do tributo) está deslegitimado.
Mas também está desautorizada e ridicularizada a prática de boa parte das lideranças judaicas, que mantinham duplo comportamento. Desejavam a expulsão dos dominadores, ao mesmo tempo em que reproduziam a dominação ou usufruíam das benesses propiciadas pela ocupação, incluindo o sistema de cobrança do tributo: ainda que a maior parte dos impostos fosse repassada a Roma, as elites alimentavam seu luxo com o que retinham do montante arrecadado pelos malvistos cobradores de impostos. Se, por um lado, as autoridades judaicas negavam-se a oferecer incenso ao divino César, por outro, eram beneficiadas com tal divinização.
Pagar ou devolver?
O texto de Mateus, seguindo a versão de Marcos (Mc 12,13), coloca juntos fariseus e herodianos. A narrativa de Lucas opta por classificá-los: "espiões que se fingiam dejustos" (cf Lc 20,20). O interessante é que enquanto os falsos justos perguntam se é lícito ou não "pagar" (em grego, é o verbo dídomi) o tributo a César, Jesus responde com outra concepção de justiça: usa o mesmo verbo, mas acrescentando um prefixo (apo) que dá uma ênfase diferente: não se trata de pagar, mas de devolver, como pode ser traduzido o termo apodídomi.
Se na moeda está a imagem (literalmente a epígrafe) do seu proprietário, o dinheiro pertence ao opressor romano e é preciso devolver a ele. Como gosta de afirmar Gustavo Gutierrez, "se na pergunta dos fariseus está implícita a possibilidade de não pagar o tributo, também está a de ficar, nesse caso, com o dinheiro". Jesus supera o pretenso nacionalismo dos fariseus, vai à raiz: "é preciso erradicar toda dependência do dinheiro. Não basta romper com o domínio político estrangeiro, é necessário romper a opressão que nasce do apego ao dinheiro e de suas possibilidades de exploração dos demais" (O Deus da vida. São Paulo: Loyola, 1990. p. 87-88).
Fazendo uso do imperativo, a comunidade de Mateus mantém enfática a resposta de Jesus: devolvam ao imperador o que lhe é devido; e, da mesma forma, a Deus o que é de Deus! No Sermão da Montanha, a comunidade já havia lembrado: Não se pode servir a dois senhores, não há como servir a Deus e ao dinheiro (Mateus 6,24). O culto a Deus não se coaduna com o culto a Mamon, aqui representado pelo sistema do império romano.
Mas o que é mesmo de César? E o que é de Deus?
Neste "a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" ainda cabe a pergunta: o que mais é de César e o que é de Deus?
Em terra ocupada, toda a população sabia que além do denário, também era de César o procurador da Judéia, nomeado pelo próprio imperador. Eram de César os exércitos invasores. "A César o que é de César" inclui, portanto, todo o anseio de libertação. O clássico texto de Marcos 5,1-20 já tinha descrito, através da imagem dos porcos lançando-se ao mar, o mesmo desejo: a legião (termo militar para designar uma corporação de soldados) volta pelo caminho de onde veio, o mar (pelo Mediterrâneo chegavam os exércitos de Cesar). Da mesma forma que no Êxodo o mar havia engolido os cavalos do faraó e a opressão do Egito foi vencida, a comunidade espera que os porcos do império sejam devolvidos ao mar. É o que pode também ser lido no "Devolvam a César o que é de César".
Em contrapartida, o que mesmo é de Deus? Conforme Levítico 25,23, a terra pertence a Deus, o povo é nela hóspede. Logo, não pode a terra ser tomada por outra divindade, o império romano. O povo, em última instância, é o "povo de Deus", com ele Deus fez aliança (Josué 24). A liberdade do povo é dom de Deus!
Cumprir a sugestão de Jesus pode nos trazer riscos
Há que se repetir que o processo de divinização de Jesus feito pelas comunidades é implícita (ou até mesmo explícita) oposição à divinização do imperador. Isso nos permite afirmar que o movimento de Jesus, ou pelo menos a leitura que dele se fez na segunda metade do primeiro século, traz em si forte reação antiimperialista. E se reconhecemos que a teologia imperial romana era, de fato, o centro ideológico do poder imperial, seu coração teológico, devemos admitir também que a comunidade cristã entendeu que proclamar Jesus Cristo como filho de Deus significava deliberadamente negar a César o seu mais alto título.
Consequências viriam... Não por menos, tantas lideranças tiveram a mesma sorte de Jesus, A essa altura, só restaria mesmo a um camponês de periferia, já considerado blasfemo pelas autoridades religiosas de seu povo (Marcos 14,60-64), ser condenado como malfeitor (Lucas 23,33-34). Como o próprio Jesus, as comunidades experimentariam que não é simples "devolver a César o que é de César". O império não costuma aceitar.
Edmilson Schinelo
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Ide às encruzilhadas e chamai todos/as para a festa - Mateus 22,1-1
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
UMEAB EM AÇÃO.
REFLETINDO A PALAVRA DE DEUS! Sábado dia 1° de outubro, a UMEAB da paróquia são Lucas reuniu-se mais uma vez para refletir a Palavra de Deus. Tema: Espiritualidade, Mística e Contemplação. Começamos com a pergunta, o que é espiritualidade para você? Cada uma foi dando sua opinião. Com o texto Lc, 10;38-42, aprofundamos o tema com as perguntas: Como Marta seguia e servia Jesus? Como Maria entendia o seguimento de Jesus? Como nós entendemos o seguimento de Jesus? Percebemos que precisamos, ouvir a Palavra de Deus, ser Místicas. Precisamos aprender a meditar a Palavra de Deus, contemplativas. Mas, sobre tudo, aprendemos que precisamos colocar em prática o que ouvimos e meditamos em nossa vida comunitária, espíritualidade.O encontro encerrou com um gostoso lanche partilhado.
A história do porco
Quando estiver desanimado lembre-se do PORCO
Um fazendeiro colecionava cavalos e só faltava uma determinada
raça. Um dia ele descobriu que seu vizinho tinha este determinado cavalo. Assim, ele atazanou seu vizinho até conseguir comprá-lo.
Um mês depois o cavalo adoeceu, e ele chamou o veterinário que disse: 'Bem, seu cavalo está com uma virose, é preciso tomar este medicamento durante três dias. No 3º dia eu retornarei e caso ele não esteja melhor será necessário sacrificá-lo'. Neste momento, o porco escutava a conversa.
No dia seguinte, deram o medicamento e foram embora. O porco se aproximou do cavalo e disse: 'Força amigo, levanta daí senão será sacrificado!!!'.
No segundo dia, deram o medicamento e foram embora. O porco se aproximou novamente e disse:
'Vamos lá amigão, levanta senão você vai morrer! Vamos lá, eu te ajudo a levantar. Upa! Um, dois, três...'.
No terceiro dia, deram o medicamento e o veterinário disse: 'Infelizmente vamos ter que sacrificá-lo amanhã, pois a virose pode contaminar os outros cavalos. Quando foram embora, o porco se aproximou do cavalo e disse: 'Cara, é agora ou nunca! Levanta logo, upa! Coragem! Vamos, vamos! Upa! Upa! Isso, devagar! Ótimo, vamos, um, dois, três, legal, legal, agora mais depressa, vai...fantástico! Corre, corre mais! Upa! Upa! Upa! Você venceu campeão!!!'.
Então de repente o dono chegou, viu o cavalo correndo no campo e gritou: 'Milagre!!! O cavalo melhorou, isso merece uma festa! Vamos matar o porco!'.
Pontos de Reflexão: Isso acontece com freqüência no ambiente de trabalho. Ninguém percebe qual o funcionário que realmente tem mérito pelo sucesso, ou que está dando o suporte para que as coisas aconteçam. 'SABER VIVER SEM SER RECONHECIDO É UMA ARTE' Se algum dia alguém lhe disser que seu trabalho não é o de um profissional, lembre-se: amadores construíram a Arca de Noé e profissionais o Titanic. PROCURE SER UMA PESSOA DE VALOR, AO INVÉS DE UMA PESSOA DE SUCESSO!