Hoje, um outro relato de aparição, desta vez na Galileia, para onde os discípulos retornaram após a morte trágica de seu amigo e mestre, o Senhor Jesus. São João recupera o relato da pesca milagrosa que se encontra em outros evangelhos, para colocá-lo após a morte de Jesus, à luz pascal. Todo o capítulo 21 de São João é um acréscimo ao evangelho que foi escrito pelos anos 100-120 da nossa era. Trata-se, sem dúvida, de um discípulo do evangelista que quis reconciliar os cristãos que reconheciam Pedro como chefe da Igreja nascente com aqueles que preferiam o outro discípulo, este que Jesus amava e que está seguramente na origem do evangelho de João. Mas quais são as mensagens que podemos tirar deste relato de aparição?
1. Uma presença na ausência
Jesus está morto. Este foi, sem dúvida, um drama espantoso para as pessoas mais próximas, para os seus discípulos, que haviam posto toda a sua esperança nele. Após esses tristes acontecimentos, todos retornaram para suas casas, na Galileia, mas a ausência do mestre se faz sentir dolorosamente. São João nomeia sete discípulos, o número da perfeição para dizer a totalidade: “Estavam juntos Simão Pedro, Tomé chamado Gêmeo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus” (Jo 21, 2). Eles são a Igreja, num barco, no mar, no coração das forças do mal, pescando sem resultados... Eles estão na escuridão, porque o mestre está ausente: “Mas naquela noite não pescaram nada” (Jo 21, 3c).