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segunda-feira, 5 de março de 2012

Dilma enquadra golpistas - Valdemar Menezes, Jornalista, analista político - Adital

Há muito, os clubes dos militares da reserva se transformaram em refúgio de saudosistas da ditadura. Há quem veja %u201Cdelírio%u201D na manifestação dos militares de pijama..."

A presidente Dilma Rousseff (foto) ordenou aos comandantes militares, através do ministro da Defesa, Celso Amorim, que enquadrassem os presidentes dos clubes militares das três forças armadas por nota assinada por eles contra a própria presidente, na qual exigiam que esta desautorizasse críticas à ditadura de 1964, feitas pelas ministras Maria do Rosário (Secretaria de Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Secretaria das Mulheres). Foi o bastante para que os golpistas dessem o dito por não dito, fazendo uma retratação como o exigido. A ação enérgica da presidente desmontou a tentativa de desmoralizar o governo legítimo e incentivar a insubordinação contra a Comandante-em-Chefe das Forças Armadas.

SAUDOSISTAS

Há muito, os clubes dos militares da reserva se transformaram em refúgio de saudosistas da ditadura. Há quem veja "delírio” na manifestação dos militares de pijama, pois estão isolados e cegos ao fato de que o País vive sob um Estado Democrático de Direito, não mais tolerando "pronunciamentos” militares, como se isto aqui fosse uma "Banana Republic”. E que tem uma presidente da República altamente aprovada e respeitada, cuja história de resistência à ditadura (sendo presa e torturada por isso) é admirada, aqui e no Exterior (basta ver a fala de Obama, no Brasil, quando enfatizou esse aspecto heroico de Dilma).

DESCULPAS

Muitos concordam que teria sido menos desabonador para as biografias desses militares se, ao invés da nota impertinente (que não expressa o pensamento majoritário nas Forças Armadas, nem mesmo o da maioria dos militares da reserva) eles tivessem tido o bom senso de seguir o exemplo dos seus colegas da Argentina, Chile e Uruguai, que pediram desculpas a seus povos por terem demolido o Estado Democrático de Direito, valendo-se das armas, e com isso abrindo espaço para violações criminosas dos direitos humanos.

APURAÇÃO

O gesto de insubordinação foi uma tentativa de intimidar a Comissão da Verdade, cujos trabalhos de apuração dos crimes cometidos pelos ex-agentes da ditadura estão prestes a começar. Tem-se como certo que o caso Rubens Paiva, ex-deputado federal assassinado sob tortura, será um dos primeiros a ser reaberto. Junto com ele, as mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho, ambos igualmente trucidados, depois de presos. Na verdade, vários dos torturados ou assassinados nos porões do regime eram pessoas sem nenhuma vinculação com o movimento armado. Assim como há casos de militantes do porte dos 41 guerrilheiros executados a sangue frio, no Araguaia, depois de rendidos - como confessou o próprio major Sebastião Curió, comandante da operação. Esse extermínio foi motivo de condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Realmente, há motivos para ficarem nervosos.

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