Jesus termina a viagem e chega em Jerusalém, onde se
darão os acontecimentos mais importantes da sua vida. Ao entrar na
cidade, ele realiza três gestos simbólicos que revelam sua identidade
messiânica:
2. Entra no Templo, expulsa os vendedores e denuncia a hipocrisia do comércio dos animais para os sacrifícios (Mt 21,12-17).
3. Amaldiçoa a figueira para expressar sua crítica
contra o povo de Israel, por ele não ter produzido frutos de justiça (Mt
21,18-22). Quando Jesus entra em Jerusalém, a cidade fica agitada e se
pergunta: "Quem é este?" (Mt 21,10). A multidão respondia: "É o profeta
Jesus de Nazaré, da Galileia" (Mt 21,11).
A palavra usada por Mateus para descrever a reação da
cidade era usada também para descrever os tremores de terra. Esta
reação da cidade e da multidão nos dá uma chave para entender o que
estava acontecendo nas comunidades para as quais Mateus escrevia o seu
evangelho. Os fariseus e os chefes da sinagoga se agitavam, reagiam
contra os seguidores de Jesus e se recusavam a aceitá-lo como Messias.
No entanto, a multidão, as pessoas simples o identificavam como o
profeta anunciado por Moisés (Dt 18,15.18), em total continuidade com a
história e as esperanças de Israel.
Comentando o texto
1. Mateus 21,1-5: O messias pobre e desarmado
A cena da entrada de Jesus em Jerusalém revela a sua
identidade como Messias pobre e desarmado. Jesus mesmo toma as
providências para entrar na cidade montado num jumentinho, o transporte
dos pobres daquela época. Ao narrar este episódio, Mateus se inspira na
tradição profética. Para dar à cena o sentido do cumprimento da
profecia, ele cita literalmente o texto de Zacarias 9,9: "Dizei à Filha
de Sião: eis que o teu rei vem a ti. Ele é manso e está montado num
jumento, num jumentinho, cria de um animal de carga!"
2. Mateus 21,6-7: Acolher Jesus tal como ele se revela e se apresenta
Os discípulos são encarregados de preparar o animal
para a entrada de Jesus na cidade. Eles vão e fazem exatamente como
Jesus mandou. Por trás desta narração tem um recado para as comunidades:
verdadeiro discípulo é aquele que aceita Jesus do jeito que ele é e
quer ser, e não do jeito que elas gostariam que ele fosse. Se Jesus se
fez Messias pobre e desarmado, não podem fazer dele um messias glorioso e
poderoso.
3. Mateus 21,8-9: Eles queriam um grande rei
A multidão reage entusiasmada, estendendo seus mantos
no chão para Jesus passar, e grita: "Hosana ao Filho de Davi !" Eles
reconhecem em Jesus o Messias, o descendente do rei Davi. "Eles queriam
um grande rei, que fosse forte e dominador!" Jesus não apreciava muito
este título de "Filho de Davi" e chegou a questioná-lo (Mt 22,41-46).
Pelo seu jeito de entrar na cidade sentado num jumentinho, ele estava
dizendo que a sua maneira de ser rei era diferente.
4. Mateus 21,10-11: Quem é este?
A entrada de Jesus em Jerusalém questiona a população
da cidade. Ela fica abalada, agitada e se pergunta: "Afinal, quem é
este que a multidão acolhe como rei messiânico? Por que ele vem como um
pobre?"
Alargando o texto
1. As várias imagens de Messias
A causa do desencontro entre Jesus e o povo tinha a
ver com a esperança messiânica. Havia entre os judeus uma grande
variedade de expectativas. De acordo com as diferentes interpretações
das profecias, havia gente que esperava um Messias Rei (Mt 27,11).
Outros, um Messias Santo ou Sacerdote (Mc 1,24). Outros, um Messias
Guerrilheiro subversivo (Lc 23,5; Mc 15,6; 13,6-8). Outros, um Messias
Doutor (Jo 4,25). Outros, um Messias Juiz (Lc 3,5-9; Mc 1,8). Outros, um
Messias Profeta (Mt 21,11). Ao que parece, ninguém esperava o Messias
Servo, anunciado pelo profeta Isaías (Is 42,1; 49,3; 52, 3). Eles não se
lembraram de valorizar a esperança messiânica como serviço do povo de
Deus à humanidade. Cada um, conforme os seus próprios interesses e
conforme a sua classe social, aguardava o Messias, livrinho na mão,
querendo encaixá-lo na sua própria esperança. Por isso, o título
Messias, dependendo da pessoa ou da posição social, podia significar
coisas bem diferentes. Havia muita mistura de ideias!
2. Os ramos na festa da entrada de Jesus
Hoje celebramos a entrada de Jesus em Jerusalém com
ramos. A origem desta aclamação vem da Festa das Tendas, que era
realizada no outono, depois da colheita (Dt 16,13; Lv 23,34). Ela
lembrava o tempo em que o povo israelita fazia sua caminhada pelo
deserto (Lv 23,43), morando em tendas. Por isso, durante uma semana,
eles recolhiam ramagens e formavam tendas por toda parte (Ne 8,14-17). O
povo agitava os ramos e dizia: "Bendito o que vem em nome do Senhor" . E
os sacerdotes respondiam: "Da casa de Javé nós vos abençoamos" (Sl
118,25-27). A Festa das Tendas era um momento de alegria e de louvor,
que mantinha a identidade do povo e lhe dava resistência.
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