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sexta-feira, 20 de junho de 2014



 Evangelho: Mateus 10(16-23) 24-33

Essa perícope, dirigida inicialmente aos apóstolos, anunciava que o destino que
os aguardava não seria diferente daquele do mestre: perseguição e martírio. Por isso
Jesus recomenda como virtudes, a prudência e cautela das serpentes e a simplicidade
das pombas.
Aqui há ecos dos relatos da paixão de Cristo. A redação certamente é posterior
ao ano 70. Fala de perseguições, de interrogatórios “diante de reis e governadores”
tal como Jesus. Tudo indica que o redator estava justificando o que os discípulos já
estavam passando na época em que a redação foi concluída. Essa justificativa é
encontrada no fato de serem fiéis a Cristo. Se ele passou por tudo isso, seus
seguidores também não estariam isentos de tais problemas.
Além disso, o versículo 17 traz “sinédrios” (“tribunais)” no plural. Não se trata
aqui do Grande Sinédrio de Jerusalém, pois esse já havia sido destruído à época da
redação final. Esses são os pequenos sinédrios localizados em cidades onde havia
sinagogas. Eram formados de vinte e três pessoas escolhidas dentre os
freqüentadores da sinagoga e adquiriram grande importância após a destruição do
Grande Sinédrio de Jerusalém.
A idéia do martírio também está presente. Na época da redação já havia vários
mártires cristãos, desde Estevão. É importante lembrar dos discursos de Pedro e João
perante o Sinédrio e de Estevão perante seus algozes. Mesmo em situações adversas,
sempre há a oportunidade do testemunho. Principalmente se a motivação maior é a
justiça do Reino.
Os vers. 26 e 27 recorrem a um dito popular, alterando-o. A ideia básica é a
ênfase na missão da Igreja: chegou a hora de proclamar a todos o que até então
Jesus revelara em segredo. Anunciar a boa nova da justiça do Reino de modo mais
abrangente possível (eirados ou telhados, plataformas, lugares altos, de onde muita
gente poderia ouvir o que estava sendo anunciado)
v. 28 - Fala em “psykhé” (alma). Mas não se trata aqui de uma realidade
dissociada do corpo, e sim do princípio que mantém a pessoa em relação com Deus.
 v. 29 a 31 - Mostra que Deus não está indiferente ao martírio e morte dos seus
discípulos. A figura dos “cabelos contados por Deus” é uma hipérbole para realçar que
Deus está atento às nossas menores preocupações. Se há pessoas que morrem
devido ao testemunho de Cristo, deve ficar claro que sua morte não é fortuita ou sem
significado.
Finalmente, a perícope encerra com o pacto do testemunho: Quem o confessar
diante dos homens, receberá de Cristo o mesmo bom testemunho diante do Pai. É um 
 versículo que pode ser ligado ao tema da confirmação ou da renovação dos votos
batismais.
Novamente, vale a pena perguntar: o que aconteceu com os discípulos de Cristo que
antes causavam tantas perturbações aos poderosos? Por que hoje, ao invés de
perseguidos, muitos se tornam perseguidores, acusadores e condenadores? 
(Rev. Carlos Eduardo B. Calvani)

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