história do anglicanismo
dos primórdios até a idade média
As raízes da Igreja Anglicana estão na primitiva igreja cristã surgida
na Inglaterra desde os tempos dos Pais da Igreja. Foram eles que disseminaram a
mensagem do evangelho aos mais diferentes e longínquos lugares do mundo. Um
desses lugares foram as Ilhas Britânicas, onde o Cristianismo chegou por volta
do final do segundo e início do terceiro séculos da era cristã. Ali, se
desenvolveu de maneira local e independente (a chamada Igreja Celta). No final
do século VI, um grupo de 40 monges, chefiados por Santo Agostinho de
Cantuária, chegou ao Reino de Kent – localizado no atual Sul da Inglaterra –
para converter os anglo-saxões. Ao chegar lá, ele foi recebido por cristãos
celtas da Igreja de São Martinho (a qual recebeu esse nome em homenagem a São
Martinho de Tours), em Cantuária.
que foram sedimentadas no Concílio de Niceia, Efeso e
Calcedônia. Em 603 d. C., Santo Agostinho chamou representantes da Igreja Celta
numa tentativa de convencê-los a se submeter às práticas e disciplinas romanas,
mas eles se recusaram. Santo Agostinho morreu em 605, mas a questão das
diferenças entre a Igreja Britânica e a Igreja Romana continuou sendo motivo de
controvérsias. Finalmente em 664, em Whitby, na Nortúmbria, a questão foi
resolvida em Concílio, por votação, e através do decreto do rei Oswy.
A obra missionária iniciada por Santo Agostinho foi consolidada por
Teodoro de Tarso, monge grego que foi enviado pelo Papa em 669 para tornar-se o
sucessor de Agostinho como o segundo Arcebispo de Cantuária. Ele foi enviado
para remover as características peculiares do cristianismo céltico e convocar o
primeiro Sínodo nacional da Igreja na Inglaterra: O Concílio de Hertford (673).
Durante toda a Idade Média a Igreja Inglesa estava submetida à Igreja
Romana. A Inglaterra, como os demais países da Europa, fazia parte e dava
sustento ao sistema papal vigente, contudo devido à distância que a separava de
Roma, desenvolveu-se desde muito cedo uma Igreja com características estatais e
nacionalistas. A Igreja na Inglaterra sempre reclamou a sua independência
histórica, e mesmo que durante 850 anos ela tenha sido nominalmente romana, a
sua relação com o papado sempre foi conflituosa. Henrique VIII apenas separou a
igreja autônoma que lá existia da tutela de Roma.
variabilidade litúrgica e teológica
A reforma inglesa do século XVI havia
produzido três partidos ou tendências na Igreja da Inglaterra: o Broad Church
Party (igreja ampla), o High Church Party (igreja alta) e o Low Church Party (igreja baixa).
A igreja alta foi revigorada no século XIX pelo Movimento de Oxford. Os
anglo-católicos buscaram restaurar elementos teológicos e litúrgicos da Igreja
Britânica Pré-Reforma. Usavam no culto público o uso de imagens, velas,
crucifixo, incenso, água benta, invocação aos santos e confissão auricular.
Foramvitais no renascimento das ordens monásticas anglicanas.

A igreja ampla era, de início, um grupo minoritário, mas muito influente
devido às suas posições moderadas. Sempre foram o fiel da balança entre o
ritualismo anglo-católico e o despojamento evangélico. Hoje, pode-se dizer que
boa parte de nossas paróquias enquadra-se na igreja ampla.
O Anglicanismo também é caracterizado por sua flexibilidade teológica.
Por ser uma igreja não-confessional, é permitido aos anglicanos discordar em
assuntos não-essenciais de nossa fé, descrita nos credos históricos. Também não
possuímos um teólogo de vulto ou grande reformador, centrado no qual traçamos
nossa teologia. Pelo contrário, lançamos mão do que escreveram grandes homens e
mulheres cristãos, não necessariamente anglicanos, ao longo da história da
Igreja.
O chamado tripé Escritura-Tradição-Razão é o cerne do modo de se fazer
teologia anglicano. Simboliza que esses três elementos devem estar em
equilíbrio constante, a fim de perceber o que o Espírito Santo está a dizer
para a Igreja.
uma família de igrejas autônomas
Com a colonização da América, a a Igreja da Inglaterra (ou Igreja
Anglicana) foi estabelecida em muitas colônias como a Igreja Estatal. A Igreja
Episcopal Escocesa também havia desenvolvido vida própria. Depois que os
Estados Unidos se tornaram independentes, a Igreja Anglicana naquele país se
tornou uma denominação livre do poder civil, criando dioceses, paróquias e
instituições, e tomando o nome de Igreja Episcopal dos Estados Unidos. Tanto a
Igreja da Inglaterra quanto a Igreja Episcopal dos Estados Unidos iriam
patrocinar diversos trabalhos missionários ao redor do mundo.
Com o surgimento de diversas províncias e igrejas nacionais na tradição
anglicana, tornou-se necessário definir uma Comunhão Anglicana: uma família de
igrejas anglicanas e episcopais em comunhão histórica com a Igreja da
Inglaterra e especificamente com a Sé de Cantuária. A palavra anglicana, antes
de significar inglês, representa uma grande família cristã internacional. Tal
comunhão foi formada pelo desmembramento de trabalhos missionários e
ex-colônias do mundo britânico, formando 44 igrejas nacionais ou regionais ao
redor do mundo, e compreendendo mais de 160 países. Com cerca de 80 milhões de
membros, a Comunhão Anglicana é a terceira maior denominação cristã do mundo,
depois da Igreja Católica Romana e das Igrejas Ortodoxas.
·
A Conferência de Lambeth, que se reúne a cada 10 anos, e é um ponto de
encontro para os bispos da Comunhão Anglicana. Seu primeiro encontro foi em
1867.
·
Os Encontros dos Primazes são reuniões regulares para os arcebispos e
bispos primazes das 38 províncias, os quais se reuniram pela primeira vez em
1979.
·
O Conselho Consultivo Anglicano se reúne a cada 3 anos aproximadamente,
e inclui bispos, membros do clero e laicato, selecionados pelas 38 províncias
da Comunhão Anglicana. Reuniu-se pela primeira vez em 1971.
O Arcebispo de Cantuária é o Foco para a Unidade desses três
Instrumentos de Comunhão e é, consequentemente, um foco único de unidade
anglicana. Ele conclama a Conferência de Lambeth uma vez a cada década,
encabeça o Encontro dos Primazes e é o presidente do Conselho Consultivo
Anglicano. O Reverendíssimo Rowan Williams é o 104o Arcebispo de Cantuária. Ele foi entronizado na Catedral de Cantuária no
dia 27 de fevereiro de 2003.
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Texto adaptado dos artigos
“Apontamentos de História da IEAB”, de Oswaldo Kickhofel e “Reforma Anglicana”,
de Gecionny Pinto, e do site da Comunhão Anglicana
Estrutura
A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil é uma igreja hierárquica,
organizada estruturalmente segundo a mais antiga e tradicional divisão em
dioceses, encabeçadas por um bispo.
Entretanto, nossa Igreja também prima por ser um espaço democrático,
onde o laicato toma papel ativo no processo de administração eclesial.
A estrutura básica da IEAB é a seguinte:
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