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terça-feira, 10 de abril de 2012

Maria Madalena e o discipulado das mulheres - Mesters, Lopes e Orofino

João 20,11-18

OLHAR DE PERTO AS COISAS DA NOSSA VIDA

No texto de hoje, vamos meditar sobre a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte do seu grande amigo levou Maria a uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe tinha roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos pés da gente e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota. Vamos conversarmo sobre isso.

SITUANDO

O Capítulo 20 traz alguns episódios que nos transmitem a experiência e a ideia da ressurreição que existia nas comunidades do Discípulo Amado. Eis o conteúdo:

  1. Maria Madalena vai ao sepulcro, vê a pedra retirada e chama os apóstolos. O Discípulo Amado e Pedro vão verificar o acontecido. O Discípulo Amado viu e acreditou (Jo 20,1-10)
  2. Maria Madalena reencontra Jesus e tem uma experiência de ressurreição (Jo 20,11-18).
  3. A experiência da ressurreição da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23).
  4. Uma nova experiência comunitária da ressurreição, com Tomé (Jo 20,24-29).
  5. Conclusão: o objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida (Jo 20,30-31).

Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pela quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.

COMENTANDO

João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca

Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena busca o Jesus que ela tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.

João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo

Os discípulos de Emaús viram Jesus, mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. A imagem do Jesus do passado impede que ela reconheça o Jesus vivo, presente na frente dela.

João 20,16: Maria Madalana reconhece Jesus

Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é de que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Aqui se realiza o que Jesus disse na parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz." - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).

João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos

De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de estar junto dela não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque ainda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.

ALARGANDO

Maria Madalena e o discipulado das mulheres

Nos Evangelhos, muitas vezes, Maria Madalena é citada nominalmente: como discípula de Jesus (Lc 8,1-2); como testemunha da sua crucificação (Mc 15,40-41; Mt 27,55-56; Jo 19,25); como testemunha do seu sepultamento (Mc 15,47; Mt 27,61); como testemunha de sua ressurreição (Mc 16,1-8; Mt 28,1-10; Lc 24,1-10; Jo 20,1.11-18); como enviada aos Onze com uma mensagem de Jesus (Mt 28,10; Jo 20,17-18). Nenhum texto do Evangelho diz que Maria Madalena foi uma pecadora. Teriam interpretado mal a expressão "Maria Madalena da qual haviam saído sete demônios" (Lc 8,2)? Esta expressão, que aparece somente em Lucas e no apêndice de Marcos (Lc 8,2; Mc 16,9), criou uma série de preconceitos contra Maria Madalena. Mas, para o Evangelho de Lucas, a possessão não significa pecado e sim doença. O número 7, sempre simbólico, parece indicar a gravidade da situação. Dentro do contexto de Lucas, podemos interpretar que Maria Madalena padecia de uma grave doença nervosa ou psicossomática. No encontro com Jesus, ela recupera a harmonia interior e entra em um processo de crescimento e amadurecimento pessoal até atingir a plenitude do seu ser na experiência pascal.

Encontramos nos quatro evangelhos várias listas com os nomes dos 12 discípulos que seguiam Jesus. Havia também mulheres que o seguiam desde a Galiléia até Jerusalém. O Evangelho de Marcos define a atitude delas com três palavras: seguir, servir, subir até Jerusalém (Mc 15,41). Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que seguiam Jesus como o fizeram com os homens. Mas os nomes de seis destas mulheres estão espalhados pelas páginas dos evangelhos: Maria Madalena (Lc 8,3); Joana, mulher de Cuza (Lc 8,3); Suzana (Lc 8,3); Salomé (Mc 15,40); Maria, mãe de Tiago e José (Mc 15,40); e a mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 27,56). Em todos estes textos, exceto João 19,25, Maria Madalena é citada em primeiro lugar, indicando sua liderança no grupo de discípulas de Jesus. Há muitas outras mulheres, amigas de Jesus, que são nomeadas nos evangelhos, por exemplo, as duas irmãs Marta e Maria. Mas só destas seis se diz que "seguiam a Jesus desde a Galiléia" (Mt 27,55-56; Mc 15,41) ou que "o acompanhavam junto com os Doze" (Lc 8,1-3).

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