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quarta-feira, 12 de março de 2014

BEM ESTAR EMOCIONAL - Rv. Elias Mayer Vergara, ost.


  IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL DIOCESE ANGLICANA Do paraná 
 
É impossível enganar nossos sentimentos. Todo nosso ser está sempre atento a todos os
acontecimentos ao nosso redor e reagimos a tudo e a todos, o tempo inteiro. Nosso corpo fala.
Mas a fala do corpo é sempre antecedida por milhares de percepções que nos vem do mundo de
nossas emoções.

 A pesquisa neurológica nos diz que nosso cérebro é constituído de dois hemisférios: um
do lado direito e outro do esquerdo de nosso corpo. O esquerdo é especializado na escrita, no
raciocínio lógico e na razão. Já o hemisfério direito cuida das artes, das manifestações culturais e
de todo o campo emocional humano.

 Nossa cultura ocidental e cristã nos estimulou, desde muito tempo, a uma excessiva
racionalidade. A razão é privilegiada e tudo quanto não faz parte do processo científico, não é
valorizado. Assim sendo, as profissões que se constituem no campo das ciências exatas, são as
que possuem maior mercado e pagam os melhores salários.

 Em uma cultura dominante que privilegia a razão, facilmente vamos encontrar profundos
desequilíbrios humanos, doenças comportamentais das mais diferentes espécies. Temos como
resultado desta imposição, um hemisfério esquerdo extremamente desenvolvido e o hemisfério
direito atrofiado e inoperante.

 Apesar desta predominância da cultura que nos domina, temos no Brasil e na América
Latina um comportamento cultural popular que se constrói a partir de outro lugar – o lugar do
lúdico, das festas, da música, das artes e da poesia. E assim, nós brasileiros, nos apresentamos ao
mundo: como o país do carnaval, do futebol, da boa culinária, da rica musicalidade.

 Então temos uma cultura dominante que nos remete para a razão e outra cultura popular
que nos remete para a emoção. Vivemos o tempo inteiro nesta contradição.

 Esta ambiguidade entre o emocional e o racional também nos ocorre no campo religioso.
Na história do cristianismo, os principais reformadores apontaram para esta carência da Igreja de
ser um espaço onde o sagrado pudesse ser percebido de forma emocional.

A canção “Oferenda dos Sentidos” que o Reverendo Jaci Maraschim e Simei Monteiro
compuseram, nos ajuda a perceber, como conflitam no universo religioso, estas duas percepções
humanas: a razão e a emoção.  Mil línguas eu quisera ter pra proclamar o teu amor
e celebrar com gratidão o teu louvor

Mil línguas eu quisera ter pra denunciar a escravidão,
as injustiças sociais e protestar

Mil olhos eu quisera ter pra ver no céu, no mar, na flor,
a tua face salutar e te adorar

Mil olhos eu quisera ter pra te encontrar também na dor
dos desolados e sem lar e protestar

Ouvidos mil quisera ter pra ouvir contrito a tua voz
e no silêncio da manhã ficar feliz

Ouvidos mil quisera ter pra ouvir também o teu clamor
no grito amargo da opressão e protestar

Narinas mil quisera ter pra perceber o cheiro bom
do santo incenso e do jardim e respirar

Narinas mil quisera ter pra perceber na poluição,
a inimizade, a frustração e protestar

Oh, quem me dera ter mil mãos para o evangelho carregar,
pra te aplaudir com emoção e te tocar

Oh, quem me dera ter mil mãos pra nosso mundo transformar,
unindo-as todas e afinal o libertar

Só Tu nos dás mais de um milhar de ouvidos, olhos, vozes, mãos,
só Tu nos podes convocar pra te servir

Só Tu nos dás mais de um milhar de dons, de forças, de razão
Pra nosso mundo transformar ao te servir

 Para Maraschim e Simei a religião vivida emocionalmente, precisa racionalmente mudar
o mundo. É necessário que se viva o tempo inteiro nesta contradição. Precisamos subir a
montanha, onde vamos ter as mais diferentes experiências do sagrado, percebidas das mais
diferentes formas de nossos sentidos, onde nossa emoção nos fará tremer e gozar. Mas não se
pode, o tempo inteiro, viver no alto da montanha. A vida cotidiana acontece no vale. É preciso
então descer da montanha e enfrentar as duras realidades do mundo que necessitam o tempo
inteiro, da intervenção dos homens e mulheres de boa vontade.

 Todo o processo terapêutico ou religioso que não ajudar a pessoa a celebrar o encontro
entre o emocional e o racional, estará sendo alienante. O Bem Estar Emocional é, portanto, o
estado de vida onde a pessoa humana percebe-se em equilíbrio pleno entre o campo da razão e
da emoção.

  Para aprofundar:
Devocional dos Sentidos
http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=13
29

Hemisférios: direito e esquerdo (depoimento de uma neurocientista)
http://www.youtube.com/watch?v=m0O0Il8Vn_g&list=PL8CB106508FE780B6

Qualidade de vida: (dezenas de artigos – site médico)
http://www.sitemedico.com.br/site/qualidade-de-vida/bemestar?start=45

Produzido pela:
Comissão Diocesana de Educação Cristã e Teologia

Apoio:
Comissão Diocesana de Comunicação

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