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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Entrevista: postura do Papa Francisco fortalece ecumenismo - dital - Pr. Walter Altmann

Na revalorização do legado do Concílio Vaticano II, marca que evidencia o modelo ecumênico do atual Papa, há a possibilidade de que o ecumenismo venha a recobrar força. Com uma perspectiva pastoral e inclusiva, o Papa Francisco defende a descentralização da Igreja Católica, além de ser adepto às sugestões para programar mudanças no poder do papado.
O teólogo e professor de Teologia nas Faculdades EST, Walter Altmann, em entrevista concedida a IHU On-Line, afirma que o pontificado abrirá "novas possibilidades para as relações ecumênicas, pois, frequentemente, as divergências doutrinárias entre as igrejas têm um pano de fundo de contextos históricos, culturais e, não poucas vezes, também políticos, sociais e econômicos”.
De acordo com o documento chamado Exortação Apostólica, escrito por Francisco, muitas mudanças estão por vir e trarão um programa ambicioso para tentar reacender a missão missionária da Igreja. O documento também aborda relações inter-religiosas e faz um pedido aos fiéis a respeito dos imigrantes muçulmanos, promovendo um sentimento acolhedor aos países de tradições islâmicas.

"O Papa tem recebido, amigável e fraternalmente, líderes de outras igrejas e religiões. Almejo que a hospitalidade eucarística possa ser praticada em determinadas circunstâncias, por exemplo, em encontros ecumênicos. Uma regulamentação mais flexível e pastoral em relação a matrimônios mistos também seria desejável”, declara Altmann.
Além disso, por causa dos posicionamentos e dos gestos do novo Papa, a aceitação do pontífice tem sido nitidamente positiva entre protestantes. Para Walt Altman, "isso se refere, em especial, à sua sensibilidade pastoral, sua preocupação com as pessoas pobres e em situações de vulnerabilidade, bem como sua humildade”.
Para o avanço do ecumenismo, as igrejas cristãs - ortodoxa, católica, protestante, também pentecostal – precisam assumir uma postura de inclusão e respeito às outras religiões. As igrejas ortodoxas realçam a continuidade desde os tempos da cristandade primitiva; a igreja católica romana, seu alcance universal; as protestantes, a fidelidade ao evangelho; as pentecostais, a ação permanente do Espírito Santo. "É particularmente importante que as igrejas assumam que essas designações, de forma alguma excludentes, mas, antes, complementares. Portanto, as diversas confissões cristãs refletem melhor a Igreja de Cristo (una, santa, católica, apostólica) quando se abrem à possibilidade de aprenderem umas das outras”, ressalta o teólogo.
Comparando as ações de Francisco com as de Bento XVI, é notável a mudança de postura. Bento XVI era um papa zeloso em relação a questões doutrinárias, como ao disciplinar teólogos e teólogas que lhe pareciam incorrer em desvios doutrinários. Em relação ao Papa Francisco, o enfoque dessas questões passou a ter uma perspectiva mais pastoral. De acordo com Walt, "o reconhecimento dessa postura possibilita reinterpretações que realcem a mensagem originária da Igreja. Faço votos de que o Papa Francisco tenha pleno êxito em seus empreendimentos, que as reformas sejam eficazes, e, por conseguinte, a credibilidade da Igreja Católica se fortaleça e os laços de fraternidade com outras igrejas cristãs sejam estreitados”, conclui.

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