AS BEM-AVENTURANÇAS
EU SOU FELIZ É NA COMUNIDADE
Mateus 5,1-12
OLHAR A PRÁTICA DA NOSSA COMUNIDADE
Hoje vamos meditar sobre o começo do "Sermão da
Montanha". Certa vez, vendo aquela multidão imensa de gente que o
seguia, Jesus subiu num pequeno morro para que todos pudessem vê-lo e
ouvi-lo. Sentado lá no alto e olhando o povo, ele disse: "Felizes os
pobres". Estas palavras de Jesus fazem a gente pensar e se perguntar: "O
que é mesmo a felicidade? Quem é realmente feliz?" Vamos conversar
sobre isto.
SITUANDO
Aqui no capítulo 5, Jesus aparece como o novo
legislador. Sendo Filho, ele conhece o Pai e o objetivo que ele, o Pai
tinha em mente quando, séculos atrás, deu a Lei ao povo pela mão de
Moisés. Por isso, Jesus pode nos oferecer uma nova versão da lei de
Deus. O solene anúncio da Nova Lei começa aqui no Sermão da Montanha.
No Antigo Testamento, a Lei de Moisés é apresentada
em cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Imitando o modelo antigo, Mateus apresenta a Nova Lei que revela o
sentido desta Lei. As partes narrativas, intercaladas entre os cinco
Sermões, descrevem a prática de Jesus e têm como objetivo mostrar como
Jesus observava a Lei e a encarnava em sua vida.
COMENTANDO
Mateus 5,1: O solene anúncio da Nova Lei
Havia apenas quatro discípulos com Jesus. Pouca
gente. Mas uma multidão imensa estava à sua procura. No AT, Moisés subiu
o Monte Sinai para receber a Lei de Deus. Como Moisés, Jesus sobe a
Montanha e, olhando o povo, proclama a Nova Lei.
Mateus 5,3-10: As oito portas de entrada do Reino
São oito categorias de pessoas, oito portas de
entrada para o Reino, para a Comunidade. Não há outras entradas! Quem
quiser entrar terá que identificar-se com uma dessas oito categorias
1. os pobres de espírito 1. deles é o Reino dos Céus
2. os mansos 2. herdarão a terra
3. os aflitos 3. serão consolados
4. os com fome e sede de justiça 4. serão saciados
5. os misericordiosos 5. obterão misericórdia
6. os de coração limpo 6. verão a Deus
7. os promotores da paz 7. serão filhos de Deus
8. os perseguidos por causa da justiça 8. deles é o Reino dos Céus
A primeira e a última categoria recebem a mesma
promessa: o Reino dos Céus. E a recebem desde agora, pois Jesus diz
"deles é o Reino dos Céus!" Entre estas duas categorias, há três duplas
às quais é feita uma promessa no futuro: 2 e 3: mansos e aflitos: dizem
respeito ao relacionamento com os bens materiais, terra e consolo; 4 e
5: Fome e sede de justiça e misericordiosos: dizem respeito ao
relacionamento com as pessoas na comunidade: justiça e solidariedade; 6 e
7: Coração limpo e promotores da paz: dizem respeito ao relacionamento
com Deus: ver a Deus e ser chamado filho de Deus.
Em outras palavras, o Projeto do Reino, apresentado
por Jesus nas bem-aventuranças, quer reconstruir a vida na sua
totalidade: no seu relacionamento com os bens materiais, com as pessoas
entre si e com Deus. No tempo de Mateus, este projeto estava sendo
assumido pelos pobres e estes, por causa disso, estavam sendo
perseguidos.
ALARGANDO
A comunidade que recebe as bem-aventuranças
Mateus tem oito bem-aventuranças. Lucas tem quatro
bem-aventuranças e quatro maldições (Lc 6,20-26). As quatro da Lucas
são: "vocês pobres, vocês que passam fome, vocês que choram, vocês que
são odiados e perseguidos" (Lc 6,20-23). Lucas escreve para as
comunidades de pagãos convertidos. Elas vivem no contexto social hostil
do Império Romano. Mateus escreve para as comunidades de judeus
convertidos, que vivem num contexto de ruptura com a sinagoga. Antes da
ruptura, elas tinham uma certa condição e aceitação social. Mas agora,
depois da ruptura, a comunidade entrou em crise e nela aparecem várias
tendências brigando entre si. Alguns da linha farisaica querem manter
rigor na observância da Lei a que estavam acostumados desde antes da
conversão a Jesus. Mas fazendo assim, excluem os pequenos e pobres.
A nova lei trazida por Jesus pede que todos possam
ser acolhidos na comunidade como irmãos e irmãs. Por isso, o solene
início da Nova Lei traz oito bem-aventuranças que definem as categorias
de pessoas que devem poder entrar na comunidade: os pobres em espírito,
os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os
misericordiosos, os de coração limpo, os que promovem a paz, os que são
perseguidos.
O que é ser pobre em espírito?
Jesus reconhecia a riqueza e o valor dos pobres.
Definiu que a sua própria missão era "anunciar a Boa Nova aos pobres".
Ele mesmo vivia como pobre. Não possuía nada para si, nem mesmo uma
pedra para reclinar a cabeça. E a quem queria segui-lo ele mandava
escolher: ou Deus ou o dinheiro. Então, o Pobre em Espírito quem é? É o
pobre que tem este mesmo Espírito de Jesus! Não é o rico. Nem é o pobre
com cabeça de rico. Mas é o pobre que diz: "Eu acredito que o mundo será
melhor quando o menor que padece acreditar no menor!"
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