Neste dia mundial do meio ambiente gostaria de provocar uma reflexão
sobre a conjuntura que vivemos hoje no Brasil e no mundo, especialmente quando
nos aproximamos da Cúpula dos Povos na Rio+20.
Diante do cada vez maior clamor dos povos a respeito da necessidade de
se fazer uma mudança radical no modelo econômico, as elites mundiais continuam
desenvolvendo suas estratégias de dissimulação. A prova é que o documento que
deve chegar à Rio+20, elaborado pelos governos e depois de muitas rodadas
de negociação, pode representar um tímido acordo entre as elites
políticas. E certamente postergará para a próxima Conferência as decisões que
já deveriam ter sido tomadas há uma década atrás.
Só existe uma esperança para a Rio+20 avançar: a mobilização política da
sociedade civil contra a dissimulação do sistema.
O Capitalismo está em crise e, ao contrário do que muitos podem pensar,
ele tem um enorme poder de se adequar às crises, mudar algumas máscaras e continuar
sendo o que sempre foi: um predador da natureza e de vidas. A moda agora é
batizar o filho bastardo de economia verde. E a capacidade de construir
discursos legitimadores é tão grande que até algumas vozes críticas acabam por
se encantar com essa nomenclatura.
O que é economia verde afinal? Um rótulo diferente para um remédio
antigo e amargo. A economia verde esconde por traz de suas pretensas mudanças
hermenêuticas o mesmo projeto: explorar desmedidamente a natureza e os povos.
O homos economus não abre mão do seu poder de produzir mais
riqueza sob a alegação de que é preciso crescer para melhorar a qualidade de
vida dos povos. Este discurso já está com prazo de validade vencido há tempos!
A economia verde não propõe inversão do modelo energético. Não propõe um
repensar do consumo. Não repensa a questão da concentração de riquezas. Pode
até se preocupar com algumas coisas cosméticas do tipo reciclabilidade, padrões
mais ambientalistas e socialmente aceitáveis, entre outras fachadas, mas não abre
mão da necessidade de continuar enchendo as carteiras dos financistas
e tecnocratas que infelizmente se adonaram dos estados nacionais.
Economia verde é quase como se ter papel reciclado nos extratos
bancários mas para o que cobram autoritariamente o que querem de seus clientes
em termos de taxas e juros.
Ou então é o mesmo que utilizar sacolas plásticas biodegradáveis mas sem
mexer com os atravessadores que compram dos produtores o mais barato possível e
lucram com preços exorbitantes na prateleira do supermercado. Não mexe com a
monocultura que produz óleos e combustíveis vegetais, reduzindo a área de
produção de alimentos. E aqui se poderia apontar inúmeros exemplos de como a
fachada bonitinha apresenta um cordeiro, mas que por traz dela existe o mesmo
lobo de sempre!
A Igreja e os movimentos sociais são desafiadas a mostrar a sua força na
Rio+20. Precisam questionar os poderosos deste mundo a respeito de seus acordos
de cavalheiros para continuar fomentando uma economia que destrói o
meio-ambiente, escraviza as pessoas, e mantém uma diferença vergonhosa entre
privilegiados e excluídos
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