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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Graça dentro da graça - Leonardo Boff


Profunda harmonia!
Deus não estava distante,
Distante de modo nenhum!
Os sons em sinfonia
Faziam tudo ficar um.
Uma força pura e constante
Ligava cada ser, um a um.



Deus era o Eu mais profundo
que carregava meu eu consciente.
Ele me tomava pela raiz, pelo fundo,
Unindo meu coração, corpo e mente.
Sentir que não há um fora!
Viver intensa e plenamente
Cada momento, aqui e agora!

Essa situação não era a graça?
A presença suprema do Ser
Que tudo une e enlaça?
Agora posso sentir e ver:
O vinho precioso e a taça
eram um único Ser:
Graça dentro da graça!

Ele suscita em nós um amor redobrado a tudo o que existe e vive. E quando nos sentinos prostrados, sem vontade de viver e de estar com os outros, Ele nos convida: "Vem à minha casa e repousa, refaz as forças e experimenta como é suave o meu amor."


(Do livro O Senhor é meu pastor: consolo divino para o desamparo humano. Ed. Sexatante, p. 142-143)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Para um ano novo mais feliz - Marcelo Barros - por Adital




O desejo é uma palavra mágica. Quando desejamos com força interior, emitimos uma energia misteriosa que nos impulsiona para o compromisso de realizarmos aquilo que desejamos. Isso pode ter conseqüências concretas para as pessoas e para o mundo. Nesses dias, há quem diga aos amigos e amigas "feliz ano novo" como mera formalidade. Entretanto, o mundo e nosso continente necessitam muito de que 2012 seja um ano mais feliz e de paz para cada um de nós e para nossa pátria grande. Por isso, quem almeja de coração os melhores votos de ano novo precisa saber como transformar o seu desejo em caminho positivo que construa um futuro novo e melhor.

Quando eu era menino, as pessoas acreditavam muito no poder do olhar. Diziam que existe o olhar bom que emite energia positiva e existe o mau olhado que provoca problemas. As vizinhas gostavam de contar histórias de uma visita que receberam. A mulher gostou da planta ornamental que havia no terraço da casa. Olhou-a com inveja. No dia seguinte, a planta que estava viçosa e florescente, amanheceu seca e murcha. As antigas culturas e religiões crêem na força da palavra. Em algumas religiões, as palavras curam ou, ao contrário, podem matar. Na Bíblia, vários salmos pedem a Deus que nos proteja das pessoas que, com sua palavra, podem provocar males como doenças e tragédias ecológicas (Cf. Sl 6, 39, etc). Essa cultura de pessoas que amaldiçoam vinha de Sumer, onde havia rituais de Shurpu, maldições comuns em algumas culturas populares que não tinham outra força além da palavra. No tempo da escravidão, um senhor de engenho mandava dizer a um escravo que, naquela noite mandasse a sua filha de menor idade à casa grande. O negro já sabia quais as intenções do senhor. Ele não tinha outro recurso do que a ameaça de uma maldição, principalmente se o senhor acreditasse que o despacho lhe faria mal. De fato, a própria Bíblia diz que a maldição de um empobrecido é ouvida e atendida por Deus (Cf. Eclo 4, 6). No Novo Testamento, a carta de Pedro insiste que temos a vocação de abençoar e não de maldizer. Somos chamados para invocar o bem sobre as pessoas e o universo (1 Pd 3, 9).

A palavra é eficaz quando nasce no mais profundo do coração e é precedida pela prática da vida. A Bíblia diz que é como uma espada de dois gumes que penetra até as entranhas (Hb 4). Isaías compara a palavra de Deus com a chuva que cai, molha a terra. E não volta ao céu sem ter cumprido sua missão de fecundar e produzir o grão (Is 55). O Mahatma Gandhi ensinava: "Comece por você mesmo a mudança que deseja para o mundo". Somente pelo fato de desejar, não temos a força para transformar organizações e sistemas do mundo, mas podemos sim colaborar para que se façam as condições necessárias para que elas mudem. Então, que você expresse para os seus e para todos o desejo de um feliz ano novo, através de um verdadeiro compromisso social, solidário e renovador. Então se tornarão verdadeiras em sua vida, as palavras de uma antiga bênção irlandesa: "O vento sopre suave em teus ombros. Que o sol brilhe suavemente sobre o teu rosto, as chuvas caiam serenas onde vives. E até que eu te encontre de novo, Deus te guarde na palma de sua mão".

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A visita do anjo aos pastores - Paz aos Excluídos! (Lc 2,1-20) - Mesters e Lopes


1. SITUANDO

O motivo que levou José e Maria a viajar para Belém foi o recenseamento decretado pelo imperador de Roma (Lc 2,1-7). Periodicamente, as autoridades romanas decretavam tais recenseamentos nas várias regiões do seu imenso império. Era para recadastrar a população e saber quanto cada pessoa tinha que pagar de imposto. Os ricos pagavam imposto sobre a terra e sobre os bens que possuíam. Os pobres pagavam pelo número de filhos. Às vezes, o imposto total chegava a mais de 50% dos rendimentos da pessoa.

Há uma diferença significativa entre o nascimento de Jesus e o nascimento de João. João nasce em casa, na sua terra, no meio dos parentes e vizinhos e é acolhido por todos (Lc 1,57-58). Jesus nasce desconhecido, fora de sua terra, no meio dos pobres, fora do ambiente da família e da vizinhança. "Não havia lugar para ele na hospedaria". Teve que ser deitado numa manjedoura.

2. COMENTANDO

2.1 Lucas 2,8-9: Os primeiros convidados

Os pastores eram pessoas marginalizadas, pouco apreciadas. Viviam junto com os animais, separados do convívio humano. Por causa do contato permanente com os animais eram considerados impuros. Ninguém jamais os convidava para vir visitar um recém-nascido. É a estes pastores que aparece o anjo do Senhor para transmitir a grande notícia do nascimento de Jesus. Diante da aparição dos anjos, eles ficam com medo.

2.2 Lucas 2,10-12: O primeiro anúncio da boa-nova

A primeira palavra do anjo é: "Não tenham medo!" A segunda é: "Alegria para todo o povo!" A terceira é: "Hoje!" Em seguida, vêm três nomes para identificar quem é Jesus: Salvador, Cristo e Senhor! SALVADOR é aquele que liberta todos de tudo que os amarra! Os governantes daquele tempo gostavam de usar o título de Salvador (Soter). CRISTO significa ungido ou messias. Era um título dado aos reis e aos profetas. Era também o título do futuro libertador. Significa que esse menino recém-nascido veio realizar as esperanças do povo. SENHOR era o nome que se dava ao próprio Deus! São os três maiores títulos que se possa imaginar. A partir deste anúncio do nascimento de Jesus como Salvador, Cristo e Senhor, você imagina alguém da mais alta categoria. E o anjo lhe diz: "Atenção! Tem um sinal! Você vai encontrar um menino deitado num barraco no meio dos pobres!" Você acreditaria? O jeito de Deus é diferente mesmo!

2.3 Lucas 2,13-14: Glória no mundo de cima, Paz no mundo de baixo

Uma multidão de anjos aparece e desce do céu. É o céu desabando sobre a terra. As duas frases do refrão que eles cantam dão o resumo do que Deus quer com o seu projeto. A primeira diz o que acontece no mundo lá de cima: "Glória a Deus nas alturas". A segunda diz o que vai acontecer no mundo cá de baixo: "Paz na terra aos seres humanos por ele amados". Se a gente pudesse experimentar o que significa realmente ser amado por Deus, então tudo mudaria e a paz viria morar na terra. E isto seria a maior glória para Deus que mora nas alturas.

2.4 Lucas 2,15-20: A palavra vai sendo acolhida e encarnada

A Palavra de Deus não é apenas um som que a boca produz. Ela é, sobretudo, um acontecimento! Os pastores dizem, literalmente: "Vamos ver esta palavra que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer!" Em seguida, Lucas diz que "Maria conservava estas palavras (acontecimentos) em seu coração" e as ruminava. São duas maneiras de se perceber e acolher a Palavra de Deus: 1) Os pastores se levantam para ir ver os fatos e verificar neles o sinal que foi dado pelo anjo; 2) Maria conserva os fatos na memória e as confere no coração. Ou seja, ela conhece a Bíblia e tenta entender os fatos novos iluminando-os com a luz da Palavra de Deus.

3. ALARGANDO Novamente, ao longo da descrição do nascimento de Jesus, Lucas sugere que as profecias se realizaram! Eis algumas delas:

Apareceu a luz das nações, anunciada por Isaías! (Is 9,1; 42,6; 49,6).

Nasceu o menino, prometido pelo mesmo profeta (Is 9,5; 7,14).

O menino que devia nascer para dar alegria ao povo e trazer a salvação de Deus (Is 9,2).

Ele nasceu em Belém. Por isso é o Messias prometido, conforme anunciou Miquéias (Mq 5,1).

Chegou o tempo da paz anunciada por Isaías, em que animais e seres humanos vão se reconciliar e farão desaparecer da terra toda a violência assassina (Is 11,6-9).

O imperador romano pensava ser o dono do mundo. Na realidade, ele não passava de um empregado. Sem saber e sem querer, ele executava os planos de Deus, pois o decreto imperial fez com que Jesus pudesse nascer em Belém e realizar a profecia (Lc 2,1-7).

O que chama a atenção neste texto são os contrastes:

Na escuridão da noite brilho uma luz (2,8-9)
O mundo lá de cima, o céu, parece desabar e envolver nosso mundo cá de baixo (2,13).
A grandeza de Deus se manifesta na fraqueza de uma criança (2,7)
A glória de Deus se faz presente numa manjedoura de animais (2,16)
O medo provocado pela repentina aparição do anjo dá lugar à alegria (2,9-10)
Pessoas que vivem marginalizadas de tudo são as primeiras convidadas (2,8)
Os pastores reconheceram Deus presente numa criança (2,20)

Outro dia, foi dado o aviso: "O celebrante de hoje será o senhor João!" Muitas pessoas não aceitaram e saíram. Diziam: "O João nem sabe ler direito!" Qual a mensagem de Natal para estas pessoas que recusam o senhor João?

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Decreto de Natal - Frei Betto


Fica decretado que, neste Natal, em vez de dar presentes, nos faremos presentes junto aos famintos, carentes e excluídos. Papai Noel será malhado como Judas e, lacradas as chaminés, abriremos corações e portas à chegada salvífica do Menino Jesus. Por trazer a muitos mais constrangimentos que alegrias, fica decretado que o Natal não mais nos travestirá no que não somos: neste verão escaldante, arrancaremos da árvore de Natal todos os algodões de falsas neves; trocaremos nozes e castanhas por frutas tropicais; renas e trenós por carroças repletas de alimentos não perecíveis; e se algum Papai Noel sobrar por aí, que apareça de bermuda e chinelas. Fica decretado que, cartas de crianças, só as endereçadas ao Menino Jesus, como a do Lucas, que escreveu convencido de que Caim e Abel não teriam brigado se dormissem em quartos separados; propôs ao Criador ninguém mais nascer nem morrer, e todos nós vivermos para sempre; e, ao ver o presépio, prometeu enviar seu agasalho ao filho desnudo de Maria e José. Fica decretado que as crianças, em vez de brinquedos e bolas, pedirão bênçãos e graças, abrindo seus corações para destinar aos pobres todo o supérfluo que entulha armários e gavetas. A sobra de um é a necessidade de outro, e quem reparte bens partilha Deus. Fica decretado que, pelo menos um dia, desligaremos toda a parafernália eletrônica, inclusive o telefone e, recolhidos à solidão, faremos uma viagem ao interior de nosso espírito, lá onde habita Aquele que, distinto de nós, funda a nossa verdadeira identidade. Entregues à meditação, fecharemos os olhos para ver melhor. Fica decretado que, despidas de pudores, as famílias farão ao menos um momento de oração, lerão um texto bíblico, agradecendo ao Pai de Amor o dom da vida, as alegrias do ano que finda, e até dores que exacerbam a emoção sem que se possa entender com a razão. Finita, a vida é um rio que sabe ter o mar como destino, mas jamais quantas curvas, cachoeiras e pedras haverá de encontrar em seu percurso. Fica decretado que arrancaremos a espada das mãos de Herodes e nenhuma criança será mais condenada ao trabalho precoce, violentada, surrada ou humilhada. Todas terão direito à ternura e à alegria, à saúde e à escola, ao pão e à paz, ao sonho e à beleza. Fica decretado que, nos locais de trabalho, as festas de fim de ano terão o dobro de seus custo convertido em cestas básicas a famílias carentes. E será considerado grave pecado abrir uma bebida de valor superior ao salário mensal do empregado que a serve. Como Deus não tem religião, fica decretado que nenhum fiel considerará a sua mais perfeita que a do outro, nem fará rastejar a sua língua, qual serpente venenosa, nas trilhas da injúria e da perfídia. O Menino do presépio veio para todos, indistintamente, e não há como professar o "Pai Nosso" se o pão também não for nosso, mas privilégio da minoria abastada. Fica decretado que toda dieta se reverterá em benefício do prato vazio de quem tem fome, e que ninguém dará ao outro um presente embrulhado em bajulação ou escusas intenções. O tempo gasto em fazer laços seja muito inferior ao dedicado a dar abraços. Fica decretado que as mesas de Natal estarão cobertas de afeto e, dispostos a renascer com o Menino, trataremos de sepultar iras e invejas, amarguras e ambições desmedidas, para que o nosso coração seja acolhedor como a manjedoura de Belém. Fica decretado que, como os reis magos, todos daremos um voto de confiança à estrela, para que ela conduza este país a dias melhores. Não buscaremos o nosso próprio interesse, mas o da maioria, sobretudo dos que, à semelhança de José e Maria, foram excluídos da cidade e, como uma família sem-terra, obrigados a ocupar um pasto, onde brilhou a esperança.

Maria na Teologia e na história da Igreja - Pastor Carlos Jeremias Klein!

Olhem a pérola que está saindo!!!

Nosso irmão Carlos Jeremias Klein, Pastor Jubilado da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, lança seu Livro:

MARIA NA TEOLOGIA E NA HISTÓRIA DA IGREJA.

Pastor Carlos é presidente do MEL, Movimento Ecumenico de Londrina. Carlos, um Pastor Protestante, nos traz um olhar sobre Maria Mãe do Filho de Deus.

Segundo Frei Ildo Peronde, que faz a apresentação do livro, diz que o livro foi escrito em uma perspectiva Ecumênica e aberto ao diálogo. O autor é historiador, por isso é de adimitir a sua delicadeza em pesquisar na história de dois mil anos, tudo o que poderia contribuir.

Carlos toca em temas, às vezes, delicados. Mas não podemos esquecer ou fingir que não existem. No entanto, ele mesmo nos adverte que se o objetivo da leitura do livro não for numa perspectiva ecumênica e para nos tornar mais irmãos e irmãs, não se deve utilizá-lo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

MEL, Movimento Ecumenico de Londrina

O MEL, Movimento Ecumenico de Londrina reuniu-se para avaliar a caminhada de 2011. Na residência dos Freis Capuchinhos no dia 09 de dezembro aconteceu a reunião. Foi um gostoso encontro, encerrando com um saboroso almoço oferecido pelos Freis.


Noite de Natal!





Noite de Natal cheio de significado na Paróquia São Lucas e no Ponto de Pregação em Lerroville!
Celebração da Luz, Luz de Cristo para toda humanidade!
A Luz Resplandeceu, em plena escuridão.











Em Lerroville encenação com a comunidade,
Música, Partilha e festa!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NATAL - O DIVINO SE TORNOU HUMANO - Revda Lucia Dal Pont Sirtoli


Natal encarnação de Deus na humanidade. O Divino se torna humano para o humano se tornar divino. Deus se manifestou a mulheres e homens trazendo a novidade da plenitude da vida. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. (Jo,10;10). Para que o filho de Deus se manifestasse ao mundo muitas pessoas foram desafiadas a enfrentar seus medos, romper paradigmas, romper preconceitos, romper distâncias, reinventar caminhos desafiando autoridades e colocando-se em movimento, sonhando sonhos que para Deus nada é impossível. Maria ouviu o anjo que lhe disse, “Não tenha medo Maria, porque você encontrou graça diante de Deus”. (Lc 1;30). “Para Deus nada é impossível”. (Lc 1;37). Maria acreditou que era possível e se pôs a caminho... José era homem justo diz o texto de Mt 1;19, não queria denunciar Maria como era o costume da época... Sonhou com o anjo que lhes disse, “não tenha medo de receber Maria como esposa”. (Mt 1;21). Ao sonhar com o anjo José coloca-se a caminho e vai ao encontro de Maria sonhando que era possível. Maria e José colocam-se a caminho! Jesus no ventre e na fé de Maria chega a Belém, com toda dificuldade de uma gestante em final de gravidez Maria faz a caminhada. Mas na cidade não encontraram um lugar, mas com o sonho de que para Deus nada é impossível encontram um lugar humilde onde o Divino pudesse resgatar com seu nascimento toda forma de vida de sua criação. O divino quer manifestar-se a humanidade, o anjo vai novamente ao encontro dos pastores, pessoas simples que na época viviam nos campos pastoreando ovelhas, homens e mulheres, pessoas empobrecidas. Os pastores e as pastoras também tinham medo! O Anjo vem ao encontro deles e diz “Não tenham medo! Eu anuncio a vocês a grande alegria para todos os povos” (Lc 2;10). Temos ainda os magos que acreditaram em uma estrela diferente e colocaram-se a caminho e no meio da caminhada precisaram reinventar o caminho para desviar dos que tinham em suas mãos o poder e sentiam-se ameaçados com na manifestação de Deus.

O caminho para o nascimento de Jesus foi feito de sonhos, de fé no acreditar de mulheres e homens que para Deus nada é impossível. Hoje celebramos esse acontecimento, Natal! Mas com o passar dos tempos perdeu seu sentido, desapareceu a fé o crer que é possível desafiar sistemas, colocar-se a caminho, fazer diferente. Temos medo! O medo parece estar nos paralisando. Talvez não seja o medo, mas o conformismo. Conformamo-nos em deixar as coisas como estão. Ganhamos nosso salário e deixamos os donos do poder do nosso tempo destruir toda criação de Deus, o que se tornou humano para que o humano se tornasse divino. Vamos para nossas Igrejas e celebramos o nascimento do filho de Deus totalmente fora do contexto pelo qual Deus se tornou humano. Criamos para nós mesmos um deus que caiba dentro de nossa omissão, conformismo e descompromisso. Ficamos paralisados, paralisadas olhando para o anjo, talvez! Diferentes de Maria, José, Pastores e magos que colocaram-se a caminho reinventando, recriando, e crendo. E nós? Estamos aí sem movimento e parados esperando que o anjo faça por nós?

Será que não é hora de olharmos para a criação de Deus a nossa volta que pede socorro? Será que não é hora prestarmos atenção ao “anjo” nos dizendo, “Não tenha medo, você encontrou graça diante de Deus, Para Deus nada é impossível? Ou sonharmos com José que é possível reinventar e fazer diferente? Ou ainda escutar como os pastores “não tenham medo eu trago uma boa notícia”? Ou ainda, reinventar outro caminho como os magos? Será que vamos continuar com um natal de comércio e do lucro? Precisamos aprender que a festa do nascimento de Jesus foi de partilha de sonhos, ousadias e caminhos. Precisamos também nós que celebramos o nascimento de Jesus nos colocar em movimento. Não podemos nós perder a essência do projeto da manifestação de Deus para a humanidade.

Revda Lucia Dal Pont Sirtoli

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal: a chegada do outro - Maria Clara Lucchetti Bingemer - Adital



O tempo do Advento vai chegando ao fim. Tempo marcado pela espera –a espera de Alguém, de um Outro que vem e mobiliza toda a nossa vida– encontra-se já em proximidade estreita com sua culminância, que é a Noite Feliz. Esse Outro desejado e esperado; esse Outro cuja espera é comemorada e vivida pela Igreja em tenso e intenso desejo é Jesus, o filho de Maria, o Filho de Deus. Parece incrível que os tempos que vivemos, marcados pela impaciência e pela pressa; que não valorizam os rituais de espera e preparação dos momentos importantes da vida, mas procuram freneticamente antecipá-los e saber seu conteúdo prematuramente, ainda se deixem tocar pela espera e a chegada desse Outro. Parece incrível que o Natal ainda seja marca importante nos calendários e nas vidas modernas. E, no entanto, para além de toda a febre consumista e pagã que se apossa das pessoas, do comércio e da mídia durante o final do ano; para além de todo o olhar desviado com que tantas pessoas exacerbam durante esta época do ano seu narcisismo, hedonismo e autocomplacência, o Natal continua acontecendo e sendo celebrado. A chegada que coroa a espera desse que é humano como nós e ao mesmo tempo totalmente Outro, inteiramente diferente de tudo que nossos cinco sentidos podem perceber, ainda encontra um lugar nas vidas e corações humanos. Para o Novo Testamento e para a fé cristã, Jesus de Nazaré -em quem as primeiras comunidades reconheceram e proclamaram o Cristo de Deus- não é só alguém que revela Deus, mas é o próprio Deus revelado. A fé cristã é constitutivamente fé em Jesus Cristo. No centro da experiência de fé do Cristianismo está a pessoa de Jesus de Nazaré, reconhecido e confessado pela comunidade primitiva como o Cristo de Deus, o Senhor exaltado, sentado à direita do Pai. Os Evangelhos não são biografias, nem o Novo Testamento, em sua totalidade, um documento meramente histórico. Mas, sobre uma base histórica real e autêntica, os autores neotestamentários oferecem sua interpretação de fé dos fatos histórico-transcendentes que marcam a vida, a morte e a ressurreição de Jesus. Aproximar-se dele é aproximar-se do mistério de sua pessoa, de sua figura, e por ela ser interpelado em cada momento histórico e cultural que toca a humanidade viver. Por não ser simplesmente uma figura histórica entre outras, Jesus Cristo é referência para todas as pessoas de todos os tempos e lugares. Por não ser somente uma projeção das primeiras comunidades, mas ter solidez histórica, Jesus Cristo pode ajudar concretamente cada ser humano em sua inserção real e histórica, em suas circunstâncias espaço-temporais. Por tudo isso e na verdade, a Festa de Natal, apesar de toda a ternura que a envolve, não deveria nunca perder o poder de assombrar-nos. Justamente por ser a celebração da grande "loucura” amorosa de Deus, que sem perder sua transcendência e divindade, arma sua tenda entre nós e assume nossa carne vulnerável, mortal e pecadora. Sendo totalmente Outro, torna-se semelhante a nós em tudo, menos no pecado. Chega depois de tanta espera, criança recém-nascida de ventre de mulher, fragilmente exposta aos perigos, conflitos e violências da condição humana. O Onipotente se deixa ver, tocar e sentir na impotência de uma vida humana recém começada. O Senhor do mundo, a Palavra que existia desde o princípio, deve começar um itinerário semelhante ao de toda criatura: ser nutrido, aprender a falar, aprender a andar, passar pelo doloroso e fascinante processo de crescer e viver. Em Jesus no presépio, a Festa do Natal nos deixa contemplar Aquele que o mundo não pode conter, e no entanto coube no ventre de Maria. E cabe numa vida humana, com todas as suas limitações e finitudes. O Outro que esperamos e finalmente chega, se apresenta a nós como mistério, como algo que não podemos compreender com a nossa razão, mas apenas sentir e viver com nosso coração. Como Alguém que é totalmente Outro e diferente, e se faz próximo a ponto de podermos contemplá-lo na indefesa figura de um bebê recém-nascido. O novo catecismo da Igreja Católica assim define o mistério de Jesus Cristo que celebramos no Natal: "O acontecimento único e singular da encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que ele seja o resultado da mescla confusa entre o divino e o humano. Ele se fez verdadeiramente homem permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem (n464). Diante deste mistério, caem por terra as posturas soberbas e as especulações frenéticas. Tornam-se inúteis as correrias consumistas e as confraternizações vazias. Pois nenhum outro sinal nos será dado a não ser "um menino envolto em faixas e deitado numa manjedoura.” E nenhuma outra atitude se torna possível e sensata a não ser os joelhos que se dobram em adoração e o coração e as portas que se abrem para o acolhimento. Pois a figura de Jesus Cristo une constantemente o presente e o futuro. Não é uma figura dualista, que se feche na oposição entre o terreno e o celestial. Na pessoa de Jesus Cristo estão definitivamente reconciliados e em feliz síntese, Deus e o ser humano, a palavra e a perfeita escuta obediente, a revelação e a fé, a história e a interpretação da fé, a terra e o céu, a carne e o espírito.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Gabriel anuncia a Maria que ela vai ser a mãe do Salvador - Ildo Bohn Gass


Encontramos a narrativa do anúncio de Gabriel a Maria somente no Evangelho da Infância de Jesus segundo Lucas (Lucas 1-2). Ao comunicar os nascimentos de João, o profeta que prepara o caminho do Reino, e de Jesus, como o messias, o mensageiro Gabriel anuncia o início de uma nova história como resposta de Deus à súplica dos pobres.

A esperança vem de onde menos se espera

O evangelho proposto para o IV domingo do Advento deste ano é o anúncio de que o messias vai chegar e que algo novo irrompe na história (Lucas 1,26-38). A novidade que surge não vem através de pessoas importantes, mas por uma criança nascida de Maria. Pode-se espera algo de uma jovem mulher com sua frágil criança?

Também de pessoas idosas não se espera mais filhos. É o que expressa Zacarias, quando Gabriel lhe anuncia que seria pai do profeta João: "Estou velho e minha esposa já tem uma idade avançada". Além do mais, Isabel "era estéril" (Lucas 1,7.18). Da mesma forma, também de Maria não se esperava que fosse gerar um filho, pois ainda não havia tido relações com José, seu noivo (Lucas 1,34). A teologia a respeito da concepção de Jesus quer mostrar, de um lado, a ação salvadora de Deus na história das pessoas de quem não se espera mais nada. De outro, quer revelar que Jesus vem realizar a esperança profética da filiação divina do ungido de Deus. O fato de o anjo Gabriel se dirigir a uma mulher, algo incomum numa religião controlada por um clero exclusivamente masculino, é mais um sinal da novidade da ação de Deus que se encarnou em nossa história a partir de quem era excluída.

A novidade não vem dos grandes centros, mas o anúncio de sua chegada é feita a uma jovem em Nazaré, uma aldeia da periferia pouco importante para quem controla o templo de Jerusalém. "Quando Filipe encontra Natanael e lhe diz: ‘Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré', Natanael lhe pergunta: ‘De Nazaré pode sair algo de bom?' Filipe então lhe diz: ‘Vem e vê'". (João 1,45-46) Mais adiante, alguns cidadãos honrados em Jerusalém perguntam: "O Cristo pode vir da Galiléia?" (João 7,41). Ou ainda, ao discutirem com Nicodemos, um dos discípulos de Jesus, vemos os chefes dos sacerdotes e os fariseus convencidos de que "da Galiléia não surge profeta" (João 7,52). Assim também será com o lugar do nascimento do menino, na periferia de Jerusalém. Conforme a esperança do profeta Miquéias, vai ser em Belém, uma aldeia insignificante, a menor entre todas (Miquéias 5,1).

Segundo o profeta Natã (2Samuel 7,8-16), esperava-se que o messias fosse da descendência de Davi. Podemos perceber isso no v. 27 ("José, da casa de Davi.") e no v. 32 ("O Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai."). Esperava-se também que seu reinado jamais terminasse. É o que se pode ler no v. 33 ("Ele reinará para sempre e seu reino não terá fim."). Além disso, tinha-se a expectativa de que fosse de filiação divina, como se pode ler nos vv. 32 e 35 ("Será chamado Filho do Altíssimo" e "Será chamado santo, Filho de Deus"). E é justamente no menino de Nazaré, longe da dinastia davídica da Judéia, que se revela essa realidade da filiação divina, da comunhão entre o céu e a terra, do divino que se faz humano para tornar o humano divino. E seu reinado não tem nada parecido com a glória e o poder dos palácios de Davi. Ao contrário, é um reinado de serviço à justiça do Reino, à vida dos mais pobres.

Convém notar que o messias não veio como um forte guerreiro, como autoridade sacerdotal ou como um grande legislador, tal como alguns grupos de judeus esperavam. Ao contrário, da mesma forma como sua mãe que vive no meio do povo pobre, sua vida revelou que o Reino de Deus está presente especialmente lá onde todas as pessoas podem circular, isto é, nos caminhos dos campos, nas casas, nas ruas da periferia. Estes são os espaços sagrados preferidos na prática de Jesus e não o templo legalista, cujas autoridades, decidiriam mais tarde a sua morte. Aliás, segundo a comunidade de Mateus, já queriam eliminá-lo quando ainda era um menino (Mateus 2,1-12).

A esperança quer se encarnar em nossas vidas

Para que esse agir libertador de Deus na história se torne realidade, algumas condições são necessárias, como contrapartida humana.

Em primeiro lugar, Maria, que representa todas as pessoas excluídas que esperam por um novo tempo, uma vez que é mulher, virgem, de uma aldeia periférica e pobre, não pode ter medo. O medo paralisa qualquer iniciativa emancipatória. "Não tenhas medo!", disse Gabriel a Maria (Lucas 1,30). Que medos precisamos vencer para nos colocar, como Maria, a serviço da palavra?

Uma segunda condição é ter forte experiência com o Deus do Êxodo, presença salvadora no meio de seu povo. Da mesma forma como no passado a nuvem de Deus projetara sombra sobre a tenda de Javé e acompanhara a caminhada pelo deserto em direção à terra da liberdade (Êxodo 40,34-38), assim "o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra" (Lucas 1,35), tornando possível a encarnação libertadora de Deus na história. também a saudação de Gabriel em Lucas 1,28 ("O Senhor está contigo") é igual ao que Deus diz a Moisés no Êxodo (Êxodo 3,12) e aos profetas (Jeremias 1,8.19). O que impede deixar-nos envolver pela nuvem de Deus para que nos transfigure, revelando em nosso ser, como Maria, a presença do Deus Emanuel?

Uma terceira pressuposição é que haja da parte humana uma atitude de fé, isto é, acreditar que é possível a ação divina em nós. É o que Isabel dirá logo adiante a Maria: "Feliz aquela que acreditou" (Lucas 1,45). Nós cremos, Senhor. Mas, como Maria, queremos avançar mais em nossa fé. Por isso, ajuda-nos na nossa incredulidade (Marcos 9,24).

Ampliar imagem Por fim, uma quarta condição é nossa postura de serviço: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lucas 1,38). E, imediatamente, Maria se pôs a serviço de Isabel, a idosa que gestava o precursor da missão profética de seu filho Jesus (Lucas 1,39-45). Ó Deus, que te revelas na fragilidade e na ternura da criança, queremos abrir a porta de nosso coração à tua graça e deixar-nos transformar na intimidade do teu amor. Amém!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Espiritualidade e Religião - Frei Betto, Escritor e assessor de movimentos sociais - Adital


Espiritualidade e religião se complementam; mas, não se confundem. A espiritualidade existe desde que o ser humano irrompeu na natureza, há mais de 200 mil anos. As religiões são recentes, não ultrapassam 8 mil anos de existência. A religião é a institucionalização da espiritualidade, assim como a família é do amor. Há relações amorosas sem constituir família. Do mesmo modo, há quem cultive sua espiritualidade sem se identificar com uma religião. Há inclusive espiritualidade institucionalizada sem ser religião, como é o caso do budismo, uma filosofia de vida. As religiões, em princípio, deveriam ser fontes e expressões de espiritualidades. Nem sempre isso ocorre. Em geral, a religião se apresenta como um catálogo de regras, crenças e proibições, enquanto a espiritualidade é livre e criativa. Na religião, predomina a voz exterior, da autoridade religiosa. Na espiritualidade, a voz interior, o "toque” divino. A religião é uma instituição; a espiritualidade, uma vivência. Na religião há disputa de poder, hierarquia, excomunhões e acusações de heresia. Na espiritualidade predominam a disposição de serviço, a tolerância para com a crença (ou a descrença) alheia, a sabedoria de não transformar o diferente em divergente. A religião culpabiliza; a espiritualidade induz a aprender com o erro. A religião ameaça; a espiritualidade encoraja. A religião reforça o medo; a espiritualidade, a confiança. A religião traz respostas; a espiritualidade suscita perguntas. As religiões são causas de divisões e guerras; as espiritualidades, de aproximação e respeito. Na religião se crê; na espiritualidade se vivencia. A religião nutre o ego, pois uma se considera melhor que a outra. A espiritualidade transcende o ego e valoriza todas as religiões que promovem a vida e o bem. A religião provoca devoção; a espiritualidade, meditação. A religião promete a vida eterna; a espiritualidade a antecipa. Na religião, Deus, por vezes, é apenas um conceito; na espiritualidade, uma experiência inefável. Há fiéis que fazem de sua religião um fim e se dedicam de corpo e alma a ela. Ora, toda religião, como sugere a etimologia da palavra (religar), é um meio para amar o próximo, a natureza e a Deus. Uma religião que não suscita amorosidade, compaixão, cuidado do meio ambiente e alegria, serve para ser lançada ao fogo. É como flor de plástico, linda, mas sem vida. Há que tomar cuidado para não jogar fora a criança com a água da bacia. O desafio é reduzir a distância entre religião e espiritualidade, e precaver-se para não abraçar uma religião vazia de espiritualidade nem uma espiritualidade solipsista, indiferente às religiões. Há que fazer das religiões fontes de espiritualidade, de prática do amor e da justiça, de compaixão e serviço. Jesus é o exemplo de quem rompe com a religião esclerosada de seu tempo, e vivencia e anuncia uma nova espiritualidade, alimentada na vida comunitária, centrada na atitude amorosa, na intimidade com Deus, na justiça aos pobres, no perdão. Dessa espiritualidade resultou o cristianismo. Há teólogos que defendem que o cristianismo deveria ser um movimento de seguidores de Jesus, e não uma religião tão hierarquizada e cuja estrutura de poder suga parte considerável de sua energia espiritual. O fiel que pratica todos os ritos de sua religião acata os mandamentos e paga o dízimo e, no entanto, é intolerante com quem não pensa ou crê como ele, pode ser um ótimo religioso, mas carece de espiritualidade. É como uma família desprovida de amor. O apóstolo Paulo descreve magistralmente o que é espiritualidade no capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios. E Jesus a exemplifica na parábola do Bom Samaritano (Lucas 10, 25-37) e faz uma crítica mordaz à religião em Mateus 23. A espiritualidade deveria ser a porta de entrada das religiões. Antes de pertencer a uma Igreja ou a uma determinada confissão religiosa, melhor propiciar ao interessado a experiência de Deus, que consiste em se abrir ao Mistério, aprender a orar e meditar, penetrar o sentido dos textos sagrados. [Frei Betto é escritor, autor de Um homem chamado Jesus (Rocco), entre outros livros

Cidadania planetária - Marcelo Barros, Monge beneditino e escritor - Adital


O termo parece vir da ficção científica. Entretanto, nos ajuda a compreendermos que não somos apenas cidadãos de um país ou região e sim membros da única família humana que, por sua vez, é parte da comunidade da vida no planeta Terra.O termo universal não pode mais se referir apenas à humanidade. Diz respeito a todos os seres vivos e até a natureza que abrange um universo sideral que estamos apenas começando a conhecer.

Nesta semana se completam 63 anos em que, no dia 10 de dezembro de 1948, a assembléia geral da ONU assinou a declaração universal dos direitos humanos. Esta primeira declaração diz respeito a direitos individuais de toda pessoa humana. Até hoje, muitos deles são absolutamente ignorados e desrespeitados. Onde existe pobreza extrema –e esta só tem aumentado nos últimos anos– vários dos direitos estabelecidos na carta da ONU são violados. As nações que assinaram a declaração nunca garantiram a todos os seus cidadãos o direito de comer, de ter saúde, de morar dignamente, de se locomover livremente e assim por diante. Muitas vezes, compreendeu-se como sendo democracia o sistema político que dá aos pobres o direito de viver na miséria, morrer na indigência e respeitar a lei da desigualdade social que garante o mundo apenas para uma elite de privilegiados. Há algumas décadas, um famoso ex-presidente do Brasil confessava a amigos: "Se eu governar o país para 20% do povo, me dou por satisfeito!”. A partir da década de 90, a emergência dos movimentos indígenas e populares começou a mudar isso. Desde a metade do século XX, a ONU aprovou outros documentos que contemplam direitos especiais: das crianças, idosos, povos indígenas e comunidades tradicionais... Hoje a comunidade internacional fala em "direitos da terra” e também em "direitos do ar” no sentido de que a humanidade não tem direito de depois de poluir o planeta, também encher de lixo e material tóxico o espaço sideral. Calculam-se em mais de 1800 satélites espaciais quebrados e peças de foguetes ou artefatos, soltos pela órbita da terra sem ser desintegrados pela força da gravidade. Os direitos coletivos dos grupos, etnias, categorias sociais e gênero são fundamentais porque se a comunidade não é respeitada em seus direitos a viver em sua terra, expressar-se em sua cultura própria e exercer a religião na qual crê, os indivíduos também não terão seus direitos respeitados. Além disso, os direitos básicos à segurança alimentar, saúde, educação e moradia se juntam aos direitos de sonhar, brincar, cantar e principalmente amar. Por isso, podemos dizer junto com Rubem Alves: "Para além de todas as misérias e sofrimentos, o universo tem mesmo um destino de felicidade. O ser humano deve mesmo a cada época e sempre reencontrar e reconstruir o seu paraíso”. Segundo o evangelho, no seu primeiro discurso público, Jesus começou proclamando as bem-aventuranças, isto é, caminhos para que as pessoas empobrecidas, sofridas, famintas de justiça e mesmo perseguidas por causa do projeto de um mundo novo sejam desde já felizes e abençoadas.

3° ENCONTRO DE PREPARAÇÃO PARA NATAL


TEMA : NO VENTRE DE MARIA A LUZ PARA O MUNDO

AMBIENTE – (coroa do advento, símbolo da pousada).

ASCENDER AS VELAS DA VELA DA COROA.

A – As velas se ascendem para o caminho iluminar, preparemos nossas casa, é Jesus que vai chegar.

T – No advento a tua vinda nós queremos preparar.

T - Vem, Senhor, que é teu Natal. Vem nascer em nosso lar.

A – Vamos abrir a nossa casa e o nosso coração para acolher Jesus, que vem trazer paz e alegria para as pessoas!

T – É preciso reconhecer Jesus no Irmão e na irmã, acolher e amar. Alimentando a esperança e criando solidariedade

L 1 – Na história da salvação é assim, todas as pessoas que dizem sim a Deus, recebem uma missão e colocam-se a caminho anunciando a palavra de Deus.

T – Sai da tua terra e vai visitar outras famílias, eu estarei contigo.

L 2 – Nós queremos celebrar o Natal, com todos os irmãos e irmãs, promovendo a paz, a solidariedade e testemunhar com palavras e ações, como as primeiras comunidades Cristãs dos Atos dos Apóstolos.

T – Jesus nasce onde se vive o amor e a partilha

CANTO. Texto Bíblico Lc 1: 39 - 45 •

O que acontece neste texto?
Como acontece o dialogo entre Isabel e Maria?
O que o texto nos ensina?
Temos tomado iniciativas de ir ao encontro de quem precisa de ajuda?

A – Maria grávida de Jesus e Isabel grávida de João Batista, as duas carregam uma história. A história do povo de Deus, cheia de conflitos, desesperança, mas aberta novas esperanças.

L 3 – Maria caminha ao encontro de Isabel. Maria pensava nas outras pessoas. Tinha vontade de ajudar a quem precisava. Não quis ficar em casa curtindo sua gravidez. Preferiu ir logo ao encontro da prima que precisava de ajuda por estar em idade avançada e grávida.

L 1 – Isabel ao receber Maria em sua casa, proclamou!

T – Você é bendita entre as mulheres e Bendito é o fruto de seu ventre!

L 2 – É o reconhecimento da grandeza de Maria. As pessoas que vivem a experiência de Deus têm maior sensibilidade de perceber as necessidades a sua volta. Ao receber a saudação de Isabel, Maria exclamou!

T – Minha alma proclama a grandeza do Senhor e meu Espírito se alegra em Deus meu Salvador. APRENDENDO COM A VIDA!

L 1 – A Bíblia nos conta que nasceu-nos um menino, um filho nos foi dado. No escuro da noite em uma gruta, uma mulher deu à luz a um menino pobre. Acontecia o Natal de Jesus. Os pastores de Belém que foram visitá-lo viram nele UM SINAL DE DEUS.

L 2 – Com o passar do tempo, o Natal mudou. Desapareceram: o escuro da noite, a gruta, o menino pobre, a manjedoura, as palhas. E apareceram: muitas luzes, supermercados, o luxo do comércio e a deusa mercadoria. Agora o que se vê no Natal: UM SINAL DE LUCRO.

O que aparece na preparação do Natal?
O que é valorizado em nossas cidades e famílias para apresentar o natal?

L 3 – Mas a mulher-povo continua grávida. Tem dores fortes de fome. Dorme ao relento, veste trapo, é desempregada. Vive angustiada e com medo de que o Natal de seu filho vire morte. Mas continua acreditando na vida: UM SINAL DE FÉ.

Canto Noite feliz

ORAÇÃO

Senhor, neste momento queremos oferecer a vida de tantas pessoas que a exemplo de Maria dão testemunho de solidariedade, de partilha e de paz.

T – Vem Senhor Jesus o mundo precisa de ti.... Pedimos o Senhor que possamos ser Igreja que caminha rumo aos que precisam de amor, ternura e compaixão.

Fazei com que as famílias se preparem para a chegada de teu Natal.

Oremos (Espontâneas)

Pai Nosso...

CANTO

BÊNÇÃO FINAL

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Diógenes e a Lâmpada - Pe. Alfredo J. Gonçalves, Assessor das Pastorais Sociais - Adital


Diz a história (ou a lenda) que o filósofo cínico Diógenes passeava pelas ruas de Atenas, Grécia, em plena luz do dia, com uma lâmpada acesa nas mãos. A quem lhe interrogava sobre um comportamento tão estranho, respondia: "Procuro um homem!”. Os filósofos, sábios, loucos e profetas costumam agir assim: com frequência falam mais com determinadas atitudes simbólicas do que com as palavras. O Brasil ou a capital federal estão mais do que necessitados de uma figura como Diógenes. Desta vez para procurar não um homem, mas um ministro. Da mesma forma que não faltavam pretensos homens na histórica cidade Atenas, tampouco faltam candidatos a ministro no Planalto Central ou no território nacional. Que o digam os partidos ao disputarem com unhas e dentes tais fatias do poder. O que falta é a condição ética para ser um homem, no caso de Atenas, e para ser um ministro, no caso de Brasília. A prática política desses funcionários privilegiados do governo, a levar em conta a avalanche de acusações que pesam sobre eles, deixa muito a desejar para a lisura e idoneidade do cargo que ocupam. O mais comum é que a riqueza ajude a conquistar o cargo e que este, por sua vez, aumente o patrimônio. Talvez não seja à toa que a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, esteja disposta em forma de pedras de dominó. A queda dos ministros, com efeito, faz lembrar a expressão "efeito dominó”. Uma a uma, desde Palocci até Lupi, seis pedras foram tombando, movidas pelos ventos da corrupção, das fraudes, do tráfico de influência, do enriquecimento ilícito, do nepotismo, do apadrinhamento, do corporativismo, além de outros vícios tão conhecidos e notórios na trajetória política brasileira. Longe de ser extirpado, o coronelismo oligárquico parece ganhar vida nova E a faxina a que se propôs a Presidente Dilma parece longe do fim. Na verdade, não faltam mecanismos de inibição ou punição para tais comportamentos. O exemplo mais à mão a Lei da Ficha Limpa, que hoje corre sério risco de ser abortada antes mesmo de posta em vigência. Seu exato oposto é a Imunidade Parlamentar, prevista no artigo 53 da Constituição Federal de 1988. Sob suas asas protetoras se escondem deputados e senadores, muitas vezes na função de ministros, para agirem ao abrigo da lei, com toda a liberalidade, autonomia e independência. Ao invés de "funcionários da população” tornam-se verdadeiros "senhores” que não conhecem limites para a exploração dos cofres públicos. A pesada carga tributária se encarrega de cobrir os ralos. Vale a pergunta: Será lícito que os legisladores de uma nação aprovem uma lei que os isenta de cumpri-la? São eles seres diferenciados, espécie de extraterrestres, acima dos cidadãos comuns? Estes pobres mortais, além de desconhecerem a imunidade parlamentar, são ainda mais vulneráveis pelo fato de, na maioria dos casos, não poderem arcar com os custos de um processo que costuma arrastar-se por anos ou décadas no labirinto do Poder Judiciário. O mesmo se aplica ao 14º e 15º salário, sem falar das formas diferenciadas de aumento dos rendimentos mensais e dos diversos "auxílios”: moradia, viagens, combustível, etc. Definitivamente, precisamos com urgência de um Diógenes em Brasília, de lâmpada acesa, à procura de um ministro! Os lanches do TJ-GO - Fr. Marcos Sassatelli, Frade Dominicano. Doutor em Filosofia e em Teologia Moral. Prof. na Pós-Graduação em DD.HH. (Comissão Dominicana Justiça e Paz do Brasil/PUC-GO). Vigário Episcopal do Vicariato Oeste da Arq. de Goiânia. Admin. Paroq. da Paróquia N. Sra. da Terra - Adital Pasmem! "Em 10 meses, TJ gasta meio milhão em lanches” (O Popular, 15/11/11, Manchete, 1ª página). Deire Assis, na coluna "Direito & Justiça”, afirma: "A relação dos pagamentos realizados pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) entre 1º de janeiro e 1º de novembro de 2011, conforme relatório da Diretoria Financeira e Divisão de Execução Orçamentária e Financeira do órgão disponível no Portal da Transparência no site da instituição na internet mostram que o Judiciário gastou no período mais de meio milhão com o custeio de despesas com lanches: R$ 519,9 mil”. A colunista continua dizendo: "Seis empresas constam como fornecedoras de despesas classificadas como ‘serviços de buffet’ e ‘fornecimento de lanches’. A maior despesa desta natureza (R$ 165,3 mil) ocorreu em fevereiro com fornecimento de lanches a magistrados e ao movimento de conciliação” (Ib. p, 8). Que afronta aos trabalhadores/as, que ganham o salário mínimo! Que desrespeito acintoso para com todos aqueles/as que - por causa da iniquidade de nossa sociedade hipócrita - sobrevivem dos restos de comida dos lixões! Por que tanta mordomia e tanto desperdício do dinheiro público? Que Tribunal de Justiça é esse? Quem vai investigar se o valor dos lanches foi ou não superfaturado e se alguém se aproveitou ou não do dinheiro público para seus interesses pessoais? Quem vai devolver aos cofres públicos o dinheiro gasto indevidamente? O TJ-GO deve - se é que tem - uma explicação à sociedade. Seria oportuno e certamente muito saudável que o TJ-GO, antes de usar irresponsável e inescrupulosamente o dinheiro público - que é dinheiro do povo - com suntuosos e requintados lanches ou com superfaturamento dos mesmos, lembrasse a situação de miséria em que vivem muitos de nossos irmãos e irmãs no mundo e no Brasil. No mundo, "cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto; 1 bilhão de analfabetos; 1,1 bilhão de pessoas vivem na pobreza, destas, 630 milhões são extremamente pobres, com renda per capta anual bem menor que 275 dólares; 1,5 bilhão de pessoas sem água potável; 1 bilhão de pessoas passando fome; 150 milhões de crianças subnutridas com menos de 5 anos (uma para cada três no mundo); 12,9 milhões de crianças morrem a cada ano antes dos seus 5 anos de vida” (www.webciencia.com - acessado em 05/11/11). No Brasil - que é o quinto país do mundo em extensão territorial, ocupando metade da área do continente sul-americano - nós temos "uma questão estrutural ao longo de séculos: sempre se produziu uma desigualdade econômica e social muito grande, e que continua. Vem diminuindo pouco. Márcio Pochmann, presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), afirma que 10% ainda concentram um percentual de 70% da riqueza nacional, sendo que os 90% mais pobres têm acesso a apenas 25% a 30% da renda nacional. Na opinião dele, se a gente considerar as famílias donas de conglomerados econômicos, cinco mil famílias detêm mais ou menos 45% da renda brasileira, o que é uma concentração absurda. Em 2003, nós estávamos entre os quatro ou cinco piores países do mundo em distribuição de renda. Hoje estamos entre os 15, 20 países com a pior distribuição de renda do mundo. (...) No início dos anos 2000 tínhamos no Brasil em torno de 50 milhões de pessoas que, ou passavam fome diariamente, ou não tinham alimento suficiente regularmente. Hoje, diminuiu mais ou menos pela metade, mas temos ainda em torno de 16 milhões de pessoas que estão na extrema pobreza (...)” (Selvino Heck. A fome é uma criação humana. Entrevista, julho/11. Em www.pucrs.br). Os programas sociais - chamados programas de distribuição de renda - do Poder Público, sobretudo do Governo Federal, melhoram (pelo menos enquanto existem) a situação de miséria e fome do povo, amenizando seu sofrimento, mas não resolvem o problema na raiz. As causas da fome e da desigualdade socioeconômica são de caráter estrutural e são a consequência de um sistema econômico perverso, desumano e antiético. De fato, a fome no Brasil continua gritante. Trata-se de "uma tragédia a conta-gotas, dispersa, silenciosa, escondida nos rincões e nas periferias. Tão escondida que o Brasil que come não enxerga o Brasil faminto e aí a fome vira só número, estatística, como se o número não trouxesse junto com ele, dramas, histórias, nomes. Na inversão do ciclo da vida, proeza é criança viva, bebê recém enterrado, acontecimento banal. No Brasil, a cada cinco minutos, morre uma criança. A maioria de doenças da fome. Cerca de 280 a 290 por dia. É o que corresponderia, de acordo com o Unicef, a dois Boeings 737 de crianças mortas por dia”. Segundo o médico Flávio Valente -voluntário em campanhas contra a desnutrição e a fome- "existem, pelo menos, 36 milhões de brasileiros que nunca sabem quando terão a próxima refeição”. Sempre segundo o médico, há hoje na sociedade um comportamento que é comum e do qual todos nós somos responsáveis: "a aceitação (...) de que crianças ainda morram de fome no nosso país e que isso seja considerado natural” (Jussara Faustino. Fome no Brasil. Em: www.coladaweb.com.br – 25/11/11). Enfim, "do ponto de vista estrutural, a fome é resultado do tipo de sociedade que temos: uma sociedade capitalista que concentra renda exclui as pessoas, não permite que haja igualdade e uma melhor distribuição de renda. Então a razão estrutural é esta: uma sociedade que visa o lucro e o lucro acontece junto com o acúmulo de riqueza e de renda. Além disso, nós vivemos 20, 30 anos de neoliberalismo. O neoliberalismo significa: ‘Quem pode mais, chora menos’. Mas não se trata apenas da política econômica e social, é também uma política cultural, de valores, que influencia na maneira como as pessoas agem em relação umas às outras. Precisamos fazer um trabalho longo de reconstrução de valores de solidariedade” (Selvino Heck. A fome é uma criação humana. Ib.). Terminando, quero dizer: Se o TJ-GO meditasse sobre essa realidade iníqua, perversa e desumana, os lanches seriam certamente mais frugais e - quem sabe - não haveria superfaturamento ou desvio de dinheiro público. Uma outra sociedade é possível! Lutemos para que ela aconteça. Goiânia, 08 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CEBI - Londrina





O CEBI, Londrina reuniu-se sexta pp, dia 09/12

para celebrar sua caminhada de 2011 e sonhar junto algo

para 2012.

O encontro aconteceu nas dependências da Paróquia são

Lucas.

Foi um momento profundo de mística e partilha.




Fim de um mundo - Marcelo Barros, Monge beneditino e escritor - Adital


A proximidade do final do ano leva as tradições espirituais a pensar no que seria a meta da história, o fim para o qual vivemos e lutamos. No tempo antigo, essa idéia tomava a imagem de "fim do mundo”. Vários mitos falam sobre isso. Alguns prevêem um dilúvio que inunda tudo. Outras imaginam que a terra se acabará pelo fogo. A própria Bíblia, inserida na antiga cultura judaica, não escapa desse assunto. No Antigo Testamento, os profetas denominam o "dia do Senhor” o tempo do julgamento final e de um acerto divino sobre a história. Conforme os evangelhos, Jesus tomou esse tema para um de seus discursos (Mt 24, Mc 13, Lc 21). As Igrejas antigas lêem esses trechos do evangelho no começo do "tempo do Advento”, as quatro semanas que antecedem o Natal. Lidos ao pé da letra, esses textos provocam medo e contêm uma ameaça. Há quem interprete as guerras e desastres ecológicos atuais como se tivessem sido previstos na Bíblia. Se tudo está determinado, não há como se defender. Ao contrário, muitos crentes e não crentes sabem que a história tem sua autonomia. A presença divina não é para destruir e sim para renovar. Com seu senso de humor, Vinícius de Moraes dizia em uma de suas canções: "Se é para desfazer, por que é que fez?”. Se, por acaso, Deus nos livre, o mundo vier a sofrer um cataclisma e se acabar, isso acontecerá não por decisão divina e sim por culpa do ser humano que fabrica artefatos nucleares capazes de destruir a humanidade e todo o planeta. A destruição do mundo não é projeto de Deus e não foi isso que as profecias anunciavam. Jesus nunca falou do fim do mundo e sim de um mundo. Ele profetizou não o fim do planeta terra e sim de um tipo de sociedade dominante e decadente que tinha mesmo ser vencida. Para quem, naquela sociedade, era oprimido, o anúncio da destruição daquela velha ordem e a instauração de uma nova realidade mais justa e amorosa só podia ser uma boa notícia. Era um verdadeiro evangelho. Por isso, conforme Lucas, Jesus conclui o anúncio do fim daquele mundo dizendo: "Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se, ergam a cabeça e se alegrem, porque é a libertação de vocês que se aproxima” (Lc 21, 28). Os evangelhos usam as mudanças cósmicas como símbolos de transformações sociais. Dizem que o sol perderá seu brilho, se fará noite em pleno dia, a terra tremerá e haverá uma convulsão planetária. Tudo isso para significar que haverá uma mudança profunda. Conforme os mesmos textos, isso aconteceu na tarde em que Jesus morreu na cruz. Ao entregar sua vida, Jesus pôs fim a um mundo antigo e inaugurou um mundo novo. A renovação de toda a criação começou ali. Ainda não é a instauração definitiva do projeto divino no mundo. Podemos crer que essa mudança será inexorável, ainda que atualmente seja imperceptível. O amor divino inspira, mas não realizará essa transformação estrutural do mundo e da sociedade sem ser através de nós e de nossa ação solidária e unida. Por isso, Paulo escreveu aos cristãos de Roma: "Não se conformem com este mundo. Cuidem de se transformar pela renovação de suas mentes para discernir qual é a vontade divina, o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12, 2). Essa nossa transformação interior é como semente e base da transformação do mundo.

A Copa (não) é nossa - Frei Betto, Escritor e assessor de movimentos sociais, Adital


Para bem funcionar, um país precisa de regras. Se carece de leis e de quem zele por elas, vale a anarquia. O Brasil possui mais leis que população. Em princípio, nenhuma delas pode contrariar a lei maior – a Constituição. Só em princípio. Na prática, e na Copa, a teoria é outra. Diante do megaevento da bola, tudo se enrola. A legislação corre o risco de ser escanteada e, se acontecer, empresas associadas à Fifa ficarão isentas de pagar impostos. A lei da responsabilidade fiscal, que limita o endividamento, será flexibilizada para facilitar as obras destinadas à Copa e às Olimpíadas. Como enfatiza o professor Carlos Vainer, especialista em planejamento urbano, um município poderá se endividar para construir um estádio. Não para efetuar obras de saneamento... A Fifa é um cassino. Num cassino, muitos jogam, poucos ganham. Quem jamais perde é o dono do cassino. Assim funciona a Fifa, que se interessa mais por lucro que por esporte. Por isso desembarcou no Brasil com a sua tropa de choque para obrigar o governo a esquecer leis e costumes. A Fifa quer proibir, durante a Copa, a comercialização de qualquer produto num raio de 2 km em torno dos estádios. Excetos mercadorias vendidas pelas empresas associadas a ela. Fica entendido: comércio local, portas fechadas. Camelôs e ambulantes, polícia neles! Abram alas á Fifa! Cerca de 170 mil pessoas serão removidas de suas moradias para que se construam os estádios. E quem garante que serão devidamente indenizadas? A Fifa quer o povão longe da Copa. Ele que se contente em acompanhá-la pela TV. Entrar nos estádios será privilégio da elite, dos estrangeiros e dos que tiverem cacife para comprar ingressos em mãos de cambistas. Aliás, boa parte dos ingressos será vendida antecipadamente na Europa. A Fifa quer impedir o direito à meia-entrada. Estudantes e idosos, fora! E nada de entrar nos estádios com as empadas da vovó ou a merenda dietética recomendada por seu médico. Até água será proibido. Todos serão revistados na entrada. Só uma empresa de fast food poderá vender seus produtos nos estádios. E a proibição de bebidas alcoólicas nos estádios, que vigora hoje no Brasil, será quebrada em prol da marca de uma cerveja made in usa. Comenta o prestigioso jornal Le Monde Diplomatique: "A recepção de um megaevento esportivo como esse autoriza também megaviolação de direitos, megaendividamento público e megairregularidades.” A Fifa quer, simplesmente, suspender, durante a Copa, a vigência do Estatuto do Torcedor, do Estatuto do Idoso e do Código de Defesa do Consumidor. Todas essas propostas ilegais estão contidas no Projeto de lei 2.330/2011, que se encontra no Congresso. Caso não seja aprovado, o Planalto poderá efetivá-las via medidas provisórias. Se você fizer uma camiseta com os dizeres "Copa 2014”, cuidado. A Fifa já solicitou ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) o registro de mais de mil itens, entre os quais o numeral "2014”. (Não) durmam com um barulho deste: a Fifa quer instituir tribunais de exceção durante a Copa. Sanções relacionadas à venda de produtos, uso de ingressos e publicidade. No projeto de lei acima citado, o artigo 37 permite criar juizados especiais, varas, turmas e câmaras especializadas para causas vinculadas aos eventos. Uma Justiça paralela! Na África do Sul, foram criados 56 Tribunais Especiais da Copa. O furto de uma máquina fotográfica mereceu 15 anos de prisão! E mais: se houver danos ou prejuízo à Fifa, a culpa e o ônus são da União. Ou seja, o Estado brasileiro passa a ser o fiador da FIFA em seus negócios particulares. É hora de as torcidas organizadas e os movimentos sociais porem a bola no chão e chutar em gol. Pressionar o Congresso e impedir a aprovação da lei que deixa a legislação brasileira no banco de reservas. Caso contrário, o torcedor brasileiro vai ter que se resignar a torcer pela TV. [Frei Betto é escritor, autor de "A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros

Outro Natal é possível! Pe. Alfredo J. Gonçalves


Onde o Menino Jesus não fique envergonhado, Ao ser escanteado e substituído pelo Papai Noel, Verdadeiro mascote de vendas e lucros.

Onde as crianças, além de brinquedos, Ganhem oportunidades de saúde, escola e lazer, E possam exibir o sorriso largo e o olhar luminoso.

Onde os pais de crianças pobres não sejam inferiorizados Diante dos apelos do marketing e da propaganda, Com a tirania da última novidade em brinquedos;

Onde, além da mesa e da ceia natalina, Estejam recheados o coração e o espírito, Dos que buscam a justiça, o direito e a paz.

Onde as luzes e cores, presentes e enfeites, Não formem um verniz de falsidade e ilusão, Mas expressem um clima de alegria fraterna.

Onde o presépio relembre a cada pessoa e família, O valor dos laços primários, sólidos, duradouros, Alicerce de um edifício social sadio e saudável.

Onde o planeta Terra, casa de Deus e casa de todos, Seja livre da devastação, corrupção e poluição, Sonho eterno do bem viver e da terra sem males!

Onde os olhos brilhem e os corpos dancem, Embriagados não pelo prazer e as drogas do egoísmo, Mas pelas mãos e braços abertos à solidariedade.

Onde o Deus do caminho prevaleça sobre o Deus do templo, Verbo que se faz carne e arma sua tenda entre nós. Vem, Senhor Jesus, fica e caminha conosco!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Endireitai o caminho do senhor! (3º Domingo do Advento) - Claudete Beise Ulrich


Neste terceiro domingo do Advento, refletimos sobre João Batista, simbolizado pela 3ª vela da coroa de Advento, aquele que preparou o caminho para Jesus.
João Batista denuncia as injustiças do seu tempo, e aponta para aquele que é a luz. É interessante perceber que sempre refletimos sobre João Batista, este importante personagem bíblico, nos "meios tempos", isto é, no meio do ano, na festa de São João (24 de junho) e agora antes do Natal.

A vida e a história de João Batista nos acompanham ao longo do ano, lembrando-nos da importância da humildade, de ter a coragem de dizer "Não" e do testemunho da verdade! É interessante observar que, já no prólogo do Evangelho de João, em 1,6-8 ele é mencionado, e na continuidade, encontramos todo um texto dedicado a ele (João 1,19-34).

Em nossa reflexão, vamos privilegiar o texto de João 1,6-8,19-28. João Batista - testemunha da luz (João 1,6-8) No Evangelho de João, João Batista é identificado como a primeira testemunha da luz. "Ele veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele".

O que significa ser testemunha da luz?

João Batista vem na frente para testemunhar a luz. A luz ilumina! Ela traz a verdade à tona. A luz não quer esconder nada! Como é triste uma vida sem luz! Na verdade, a vida não existe sem luz! Vida e luz estão interligadas! Portanto, João é portador do anúncio de uma vida boa, justa, abundante. Ele anuncia esta vida.

João é testemunha. Testemunha é alguém portador de uma verdade. Alguém que presenciou um fato! É interessante que o Evangelho de Lucas conta que quando as mães grávidas Maria e Isabel se encontraram, a criança no ventre de Isabel se mexeu de alegria. Já ali o bebê João Batista dá testemunho de alegria da criança que está no ventre de Maria.

Esta comunicação das barrigas grávidas de Maria e Isabel, guardada no registro do Evangelho de Lucas 1,39-45, já nos fala desta testemunha da luz! Ser testemunha é partilhar da alegria da luz! A luz só tem sentido se ela é partilhada!

João Batista anuncia para toda a gente a chegada da luz. Ele chamou a todos e todas a crerem na luz da vida! O Evangelho de João também afirma: "Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz". João Batista não era a luz. Ele veio para ser testemunha da luz.

"Eu não sou..." (João 1,19-21)

O texto inicia, apontando novamente para a importância do testemunho de João: "Este foi o testemunho de João quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu?". (João 1,19) Para o evangelista, é muito importante a ênfase no testemunho. O que significa ser testemunha? "Testemunhar é a missão divina de João Batista. (...) Para a teologia do Evangelho de João, o tema do testemunho de Cristo é muito importante" (cf. João 5,31ss, 8,14). (...) A verdade da encarnação de que Jesus é o Filho de Deus precisa ser testemunhada por outros.

O testemunho tem a função de uma prova de verdade.[1] A missão da comitiva de sacerdotes e levitas, vinda de Jerusalém, é interrogar João: "Quem és tu?" Este fato revela que João tinha um grupo de seguidores e era um personagem popular em seu tempo. O evangelista apresenta, portanto, a resposta de João como uma confissão: "ele confessou e não negou, confessou: Eu não sou o Cristo" (João 1,20). Confessar que não é o Cristo significa confessar que não é o Messias. Os interrogadores continuam: "Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não" (João 1,21). A resposta de João é firme: "Não sou!" Ter a coragem de dizer Não é ter a certeza da verdade, do Sim! "Declara-nos quem és?" (João 1,22ss) A comitiva dos interrogadores vindos de Jerusalém não se conforma. "Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo?" E João então respondeu: "Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías" (João 1,23). João faz referência ao profeta Isaías, no entanto, é importante observar que a citação não é igual a do livro do profeta. Em Isaías 40,3 encontramos o seguinte: "Eis a voz do que clama: preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus". Isaías é o grande profeta da esperança messiânica.

Provavelmente, a citação de João não é uma citação direta do profeta Isaías. Mas, é interessante observar que João responde, dizendo: "Eu sou a voz que clama no deserto". João é a voz que clama no deserto. Nos desertos da vida, João não tem medo, ele clama e convoca: "Endireitai o caminho do Senhor..." Isto significa que o caminho do Senhor estava com problemas. Isto é, a forma de vida que Deus queria para o seu povo, não estava sendo respeitada.

É necessário endireitar O caminho, para que a Luz possa brilhar para toda a gente. Portanto, João é identificado como aquele que prepara o caminho. Isto significa que o ministério de João Batista fundamenta-se na tradição, e a partir da Escritura (Isaías 40,3). Assim, confirma-se o que João já tinha confessado: ele não é o Messias, e sua missão é preparar o caminho do Messias. Percebe-se aqui um confronto entre um grupo que afirma ser João o Messias e a comunidade do Evangelho de João que afirma que João Batista era somente aquele que veio preparar o caminho, isto é, testemunhar da luz. Ele é o anunciador, a voz que clama no deserto!

De acordo com Schneider-Harpprecht: João é como Dêutero-Isaías e Moisés, um dos líderes religiosos que abre espaço para a futura salvação. A sua voz no deserto, o seu grito anuncia o novo êxodo do povo de Deus, a nova vida no país prometido, o reino de Deus. O grito da voz no deserto é radical, o grito por justiça social e pessoal, arrependimento, uma prática renovada, como a tradição sinótica mostra mais do que o Evangelho de João.[2]

Sim, João aponta com firmeza para o novo. Ele é a voz que clama no deserto, que não cala, apesar do deserto! Provavelmente, a realidade do deserto faz clamar e apontar para a necessidade de endireitar o caminho do Senhor. Então, porque batizas (João 1,25-28) O interrogatório, no entanto, continua.

"Ora, os que haviam sido enviados eram de entre os fariseus. E perguntaram-lhe: Então, por que batizas se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? Respondeu-lhes João: Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está a quem vós não conheceis, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias". João encontra-se no processo de transição do velho para o novo. Ele aponta para o novo, a partir do clamor no deserto.[3] Ele batiza com água por que a sua missão é apontar para o Cristo encarnado (o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias). João mostra toda a sua humildade em seu testemunho. Ele não é um fim em si mesmo. Ele aponta para a Luz verdadeira. Tudo nele indica Cristo. Por isto, não hesita em dizer que não é o Messias, que não é Elias e tampouco se considera um profeta.

O testemunho de João Batista é um Sim radical para a verdadeira luz (João 1,9). Ao aceitar ser menor e ter que diminuir, tal como lemos no Evangelho de João 3,30: "Convém que ele cresça e que eu diminua", João Batista torna-se a testemunha por excelência da verdadeira Luz. Em nenhum momento do interrogatório, João Batista procura se igualar ao Messias. Sempre de novo mostra a sua humildade. Ele é uma testemunha fundamental na história da salvação. Jesus Cristo deve ocupar o centro da vida das pessoas. Somente nele deve-se depositar toda a confiança e segurança! Importância hoje de ser voz que clama no deserto João Batista, sem dúvida, com sua coragem e testemunho de dizer "Eu não o sou", nos encoraja, neste tempo de Advento, de preparação e vigilância, para não nos conformarmos com o sistema neoliberal, no qual vivemos. Como é importante dizer "não" ao consumismo, a preparação que nos é oferecida pelo mercado, onde as mercadorias desejam nos deixar satisfeitas/os e com a sensação de que tudo vai bem ao nosso redor.

O símbolo da coroa de Advento, como já foi mencionado, nasceu na periferia da história, de um trabalho pastoral diacônico junto às crianças e a jovens órfãos. Qual é o símbolo que nos acompanha neste tempo de Advento, em 2011? Que vozes clamam no deserto e nos convidam a endireitar o caminho do Senhor? No Brasil, a desigualdade social, continua a reinar. Continuamos a ser, apesar das tantas riquezas, um dos países mais desiguais do mundo. Como temos clamado contra a desigualdade? O que tem nos motivado a dizer profeticamente "não"? Experimentamos uma sociedade desigual, que exclui e mata os pobres. Lembro do recente assassinato do cacique Nísio Gomes e o desaparecimento de outros quatro indígenas do povo Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Neste tempo de Advento, seu grito por justiça ecoa forte entre nós! Não se pode emudecer o grito, o clamor no deserto por justiça e pelo direito de viver, do povo de Deus. O grito, o clamor no deserto, a partir de Cristo, torna-se testemunho: a luz verdadeira quer brilhar e transformar o deserto da vida. Por isso, tempo de Advento é um novo tempo, uma nova oportunidade também para descobrirmos e buscarmos sinais de transformação na vida pessoal, familiar, comunitária e em nosso engajamento social. Onde percebemos sinais de transformação na Igreja, na sua missão e atuação diacônica, nos movimentos sociais do nosso povo, e em nós mesmos, pessoas, batizadas e amadas por Deus? Que tenhamos a coragem e a humildade de testemunharmos, de sermos voz que clama no deserto, aceitando-nos como pessoas fracas, limitadas, pecadoras, humanas, mas, ao mesmo tempo, com um grande valor, justas e amadas por Deus. Que o Advento, a partir do testemunho de João Batista, tenha um sabor de que a busca pela vida plena e justa é o que realmente importa. Que consigamos testemunhar e colocar sinais da vida plena, da verdadeira luz, que é Cristo, em nosso mundo! Que a nossa voz e a das pessoas sofridas e oprimidas não se cale, mas que a voz que clama no deserto transforme-se, a partir da criança nascida no Natal, em testemunho de luta por vida em abundância! A coroa de Advento Neste terceiro domingo, como sinal de preparação e vigilância, acendemos a terceira vela da coroa de Advento. O Advento significa chegada já presente do filho Deus. Nós somos comunidade a caminho. Vivemos no "meio tempo", "no já e ainda não"! Nós vivemos historicamente entre o Advento que já se realizou e o Advento definitivo que ainda se realizará com a vinda definitiva de Jesus Cristo. Como afirma o poeta: "O caminho se faz ao caminhar". A comunidade cristã, ao longo de sua história, encontrou um jeito muito bonito e criativo de preparar esta chegada-presença do nosso Deus, que se fez carne entre nós, na criança que nasceu em Belém. Famílias e comunidades cristãs confeccionam para este período, a coroa de Advento. Esta tradição tem origem no trabalho diacônico, com crianças e jovens órfãos.

A coroa de Advento foi confeccionada em 1833, em Hamburgo-Alemanha, pelo pastor luterano Johann Hinrich Wichern. Primeiramente, ela tinha 24 velas em ordem crescente e para cada domingo que antecedia o Natal, uma vela maior. Nas comunidades católicas, a coroa de Advento, foi introduzida após a segunda guerra mundial. Os elementos da coroa de Advento têm o seu significado: A coroa simboliza a eternidade, a terra, o sol, Deus. As velas significam a Luz, que no Natal é presenteado, em Cristo, para a humanidade. Em cada domingo, acendemos uma vela da coroa de Advento, que lembram histórias e personagens bíblicos: 1. Domingo de Advento - Entrada de Jesus em Jerusalém, 2. Domingo de Advento - Volta de Cristo, 3. Domingo de Advento - João Batista - precursor de Cristo, 4. Domingo de Advento - Maria - mãe de Jesus.[4]


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Misterioso cartão de Natal - Leonardo Boff

Por Adital Notícias da América Latina e do Caribe


O Natal é a festa das crianças e da divina Criança que se esconde dentro de cada adulto.

É altamente inspiradora a crença de que Deus se acercou dos seres humanos na forma de uma criança. Assim ninguém pode alegar que Ele é apenas um mistério insondável, fascinante por um lado e aterrador por outro. Não. Ele se aproximou de nós na fragilidade de um recém-nascido que choraminga de frio e que busca, faminto, o seio materno.




Precisamos respeitar e amar esta forma como Deus quis entrar no nosso mundo. Pelos fundos, numa gruta de animais, numa noite escura e cheia de neve "porque não havia lugar para ele nas pousadinhas de Belém".
Mais consoladora é ainda a ideia de que seremos julgados por uma criança e não por um juiz severo e esquadrinhador. Criança quer brincar.

Ela se enturma imediatamente com todas as outras, pobres, ricas, japonesas, negras e loiras. É a inocência originária que ainda não conheceu as malícias da vida adulta. A divina Criança nos introduzirá na dança celeste e no festim que a família divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo prepara para todos os seus filhos e as suas filhas, não excluídos aqueles que, um dia, foram desgarrados.

Estava refletindo sobre esta realidade bem-aventurada quando um anjo, daqueles que cantaram aos pastores nos campos de Belém, se aproximou espiritualmente e me entregou um cartãozinho de Natal. De quem seria? Comecei a ler. Nele se dizia: "Queridos irmãozinhos e irmãzinhas: Se vocês ao olharem o presépio e ao verem lá o Menino Jesus no meio de Maria e de José e junto do boi e do jumento, se encherem de fé de que Deus se fez criança, como qualquer um de vocês; Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas a presença inefável do Menino Jesus que uma vez nascido em Belém, nunca nos deixou sozinhos neste mundo;

Se vocês forem capazes de fazer renascer a criança escondida nos seus pais, nos seus tios e tias e nas outras pessoas que vocês conhecem para que surja nelas o amor, a ternura, o cuidado com todo mundo, também com a natureza; Se vocês, ao olharem para o presépio, descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente mal vestidas e se sofrerem no fundo do coração por esta situação e se puderem dividir o que vocês têm de sobra e desejarem já agora mudar este estado de coisas;

Se vocês, ao verem a vaquinha, o burrinho, as ovelhas, os cabritos, os cães, os camelos e o elefante no presépio e pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela divina Criança e que todos eles fazem parte da grande Casa de Deus;

Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda luminosa e recordarem que sempre há uma estrela como a de Belém sobre vocês, acompanho-os, iluminando-os, mostrando-lhes os melhores caminhos; Se vocês se lembrarem que os reis magos, vindos de terras distantes, eram, na verdade, sábios e que ainda hoje representam os cientistas e os mestres que conseguem ver nesta Criança o sentido secreto da vida e do universo;

Se vocês pensaram que esse Menino é simultaneamente homem e Deus e por ser homem é seu irmão e por ser Deus existe uma porção Deus em vocês e por causa disso, se encherem de alegria e de legítimo orgulho; Se pensarem tudo isso então fiquem sabendo que eu estou nascendo de novo e renovando o Natal entre vocês.

Estarei sempre perto, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, na Casa de Deus que é Pai e Mãe de infinita bondade, para morarmos sempre juntos e sermos eternamente felizes".

Belém, 25 de dezembro do ano 1.
Assinado: Menino Jesus

Hoje recebi flores!


Não é o meu aniversário ou nenhum outro dia especial; tivemos a nossa primeira discussão ontem à noite e ele me disse muitas coisas cruéis que me ofenderam de verdade.

Mas sei que está arrependido e não as disse a sério, porque ele me enviou flores hoje. não é o nosso aniversário ou nenhum outro dia especial.

Ontem ele atirou-me contra a parede e começou a asfixiar-me. Parecia um pesadelo, mas dos pesadelos acordamos e sabemos que não são reais. Hoje acordei cheia de dores e com golpes em todos lados.

Mas eu sei que ele está arrependido, porque me enviou flores hoje. E não é Dia dos Namorados ou nenhum outro dia especial.


Ontem à noite bateu-me e ameaçou matar-me. Nem a maquiagem ou as mangas compridas poderiam ocultar os cortes e golpes que me ocasionou desta vez. Não pude ir ao emprego hoje porque não queria que percebessem.

Mas eu sei que está arrependido porque ele me enviou flores hoje. E não era Dia das Mães ou nenhum outro dia especial.

Ontem à noite ele voltou a bater-me, mas desta vez foi muito pior. Se conseguir deixá-lo, o que é vou fazer? Como poderia eu sozinha manter os meus filhos? O que acontecerá se faltar o dinheiro? Tenho tanto medo dele! Mas dependo tanto dele que tenho medo de deixa-lo. Mas eu sei que está arrependido, porque ele me enviou flores hoje.

Hoje é um dia muito especial: É o dia do meu funeral. Ontem finalmente conseguiu matar-me. Bateu-me até eu morrer. Se ao menos eu tivesse tido a coragem e a força para o deixar... Se tivesse pedido ajuda profissional... Hoje não teria recebido flores!

Autor Desconhecido

Vozes religiosas advogam pela justiça climática em Durban

Por Adital Notícias da América Latina e do Caribe.

"Esse é o único lar que temos", disse o arcebispo Desmond Tutu referindo-se à importância crucial de nosso planeta e sua sobrevivência, durante um encontro inter-religioso no qual se exortou à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática a chegar a um acordo justo, ambicioso e vinculante, que permita enfrentar eficazmente a mudança climática.

A 17ª Conferência das Partes (COP17) da Convenção
Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (Cmnucc) começou no dia 28 de novembro de 2011, em Durban, África do Sul.

O encontro inter-religioso, celebrado no estádio de Kings Park, em 27 de novembro, foi o primeiro evento organizado em Durban pelas comunidades religiosas, que, há mais de um ano, preparam-se para a COP17.

"Temos fé!", proclamou o bispo Geoff Davies, diretor do Instituto Meioambiental das Comunidades Religiosas da África meridional, um dos principais organizadores do encontro. "A África é um continente de fé e representantes de diversas tradições religiosas nos reunimos aqui para fazer um chamado moral e espiritual a favor de uma mudança de paradigma. Pedimos que se instaure a justiça climática, já!", declarou Davies.

Durante o evento, o arcebispo Tutu também remeteu uma petição de apoio assinada por 200.000 pessoas, intitulada "Temos fé" à nova presidenta da COP17, Maite Nkoana-Mashabane, Ministra Sul-africana de Relações Internacionais e Cooperação, e também para Christiana Figueres, Secretária Executiva da Cmnucc.

Manifestando seu apoio ao documento, Mashabane disse: "Sua petição será levada a sério", enquanto que Figueres alentou ao movimento religioso a "não perder a fé, nem a esperança", sejam quais forem os resultados da COP17.

A petição, com ênfase na África, inspira-se na campanha "Justiça Climática Já", na qual as Igrejas têm participado durante vários anos.

No encontro inter-religioso, dirigentes muçulmanos, judeus, cristãos e hindus (do movimento Brahma Kumaris) expressaram a preocupação comum com respeito ao cuidado da criação em uma perspectiva religiosa. Da mesma forma, artistas africanos de renome, tais como Gcina Mhlope e Ladysmith Black Mambaso renderam homenagem à Prêmio Nobel da Paz, Wangari Maathai, recentemente falecida, e interpretaram várias canções.

Mary Robinson, ex presidenta da Irlanda e antiga Alta Comissariada das Nações Unidas para os Direitos Humanos, também se dirigiu ao público9, fazendo um chamado a favor de que as questões relativas a gênero, à agricultura, aos direitos humanos e à justiça climática ocupem lugar central nas negociações da COP17.

O Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas, Ver. Dr. Olav Fykse Tveit, também transmitiu suas saudações em nome das Igrejas, bem como uma mensagem contundente à Conferência de Durban, reclamando "Justiça Climática Já!"

RESTAURAÇÃO DO TEMPLO DA COMUNIDADE

AMADOS IRMÃOS, IRMÃS E SIMPATIZANTES DA IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL, DIOCESE DE CURITIBA, EM ESPECIAL DA PARÓQUIA DE SÃO LUCAS DE LONDRINA.

Venho, por meio desta, convidá-lo (a) a participar da campanha que estamos nos empenhando a fazer para restauração do Templo da Paróquia São Lucas,
conhecida como a Igreja dos Japoneses de Londrina.

Esse pedido é para a restauração da parte interna da Igreja, para a externa já conseguimos. Os trabalhos estão em andamento.

Orçamento: pintura e reparos do o interior da Igreja, sendo com material e mão de obra, pintura dos forros, ferragens
paredes, portas, envernizar parte atrás do altar, sacristias, conserto do forro deteriorado, consertar guarnição da porta de entrada do Templo e reparos de pedreiro.
Valor, R$ 4.300,00.
Se você se sentir animado (a) a nos ajudar, faça-o, para que essa antiga construção dos anos de 1940, seja restaurada, e a memória de nossos irmãos e irmãs Japoneses que, com muito esforço e dedicação, a construíram, seja preservada. De todo o coração, agradecemos!

Se você sentir vontade de contribuir poderá depositar na conta da Paróquia São Lucas,
Banco Bradesco Agencia : 2459 -7
Número: 0000276 – 3.

“ Vocês que servem na casa de Javé, nos átrios da casa do nosso Deus, louvem a Javé porque Ele é bom, e seu amor é para sempre"! (Sl, 134)


Londrina 10 de novembro de 2011.




Toyoko Ohara - Tesoureira e Reverenda Lucia Dal Pnot sirtoli - Pároca.

AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO UMEAB, SÃO LUCAS

Dia 03 de dezembro último, a UMEAB, Grupo de mulheres da Igreja, da Paróquia São Lucas reuniu-se para refletir sua caminhada em 2011 e planejar 2012. Com uma Refelxão sobre Maria Mãe do Filho de Deus, iniciamos nosso encontro, com essas perguntas: O que sabemos sobre Maria? Qual a importância de Maria para a Encarnação do filho de Deus? Qual a atitude de Maria ao assumir o compromisso de gerar o filho de Deus? Como Maria foi apresentada para a Humanidade? Com o texto de Lc 1;46-56, Refletimos o compromisso libertador que Maria assumiu ao se comprometer em gestar a salvação para a humanidade.
Nosso planejamento para 2012 foi bastante rico em compromisso e atividades. A UMEAB se reunirá uma vez por mês nos primeiro sábado de cada mês, assume o sadalício do Altar e todo cuidado do templo. Para fora da Igreja, compromisso com o social para 2012, a UMEAB assumirá o compromisso de uma vez por mês organizar encontros, palestras e foruns, para discusão, reflexão e buscar caminhos para ajudar,com os temas: Saúde da mulher; Família, o papel da mulher, do homem e dos filhos no espaço da casa; Jovem e o namoro; Começar de novo, questão da vida após separação; e Violência doméstica. Para isso, formou-se uma equipe dentro do grupo para organização desses eventos: Selma, Evangelina e Reda. Lucia. Assumimos também para 2012 um trabalho no Bairro Nova Esperança e intecâmbio e partilha com outros grupos de mulheres, UMEAB. Que o Espírito da Ruah Divina nos ilumine na execussão destas atividades que foram planejadas com tanto empenho pelo grupo.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Natal, um Natal outro - Pedro Casaldáliga
















Felicitação Natal 2011 e Ano Novo 2012 - Pedro Casaldáliga

Natal, um Natal outro:
para descobrir, acolher e anunciar o Deus-conosco,
hoje, aqui; segundo Mateus, capítulo 25.
Quem se entende com os pobres
pode-se entender com Deus.

Somente assim, feito criança,
feito Deus vindo a menos,
poderíamos te encontrar,
diariamente nosso,
entre Belém e a Páscoa, Jesus,
o de Nazaré.

Ano Novo, Tempo Novo, alternativo
na Política, na Economia, na Religião.
Contra os grandes projetos de morte,
o grande projeto da Vida.
Contra o consumismo depredador
entre as armas e agrotóxicos,
consumamos indignação com ternura e militância
Vivamos em Sumak Kawsay.

Terra e Paz para o Povo Palestino,
para o Povo Kaiowá Guarani,
para todos os povos indígenas e quilombolas,
para todas as migrações do mundo,
para o bilhão de gente humana condenada à fome.

Apesar de todas as crises,
se podemos balouçar
a Deus entre os braços de Maria e José,
não há motivo para ter medo.
Deus está ao alcance da nossa Esperança.